[18] por um instante

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Querido Jungkook,

Quando partiste, não fui capaz de enxergar a minha vida com o mínimo significado de valor. Eu me sentia incompleto e a parte que me completava, não estava comigo, quem tanto me amava, apoiava e me amparava... você, não estava aqui. Em grande parte, eu pensei que me abandonaste, tentei sobrepor toda a culpa em você, mas mesmo que tentasse, eu não era capaz, porque te amava e em um pequeno fragmento de consciência, eu conhecia-te o suficiente para saber que não me deixarias.

Meu matrimônio com seu irmão, não foi consentido, o mínimo que o conhecia, me repudiara. Eu não era capaz de aceitar sua aura violenta e dominante. Portanto, não tentei fugir ou me opor contra o casamento como normalmente faria. Na época, eu sentia que não possuía absolutamente nada a perder, estava frustrado e cansado, não me sentia capaz de designar e direcionar os próximos passos a dar.

Eu somente nadava sem destino, sem lugar algum para se manter e meu corpo não suportou. Ele ruiu exausto às profundezas das águas mais soturnas e mórbidas, não havia esperança, pensei que sucumbiria na penumbra, sem saber para que sentido nadar, mas equivoquei-me.

O raio de sol enfim me alcançou, ele penetrou nas diversas camadas umbrosas que coibiam meu caminho, absolutamente nada o levava a ceder. O feixe de luz me acompanhou, me deu força para permanecer nadando até chegar à superfície novamente.

E agora que desejo nadar sem medo, alguns obstáculos ainda anseiam em me afundar.

Eu penso em desviar... fugir e assim farei. Estou partindo ao seu encontro, a sua casa.

Se não estou recebendo e lendo está carta ao seu lado, eu afundei novamente, mas desta vez, para nadar até a superfície, precisarei diretamente da sua ajuda, Jungkook.

Sr. Kim ameaçou me negociar, tornar-me uma mercadoria para alfas, ele deseja me enviar para um bordel se eu lhe visse novamente, Jungkook. Tudo levando a intenção de me castigar. Estou receoso sobre fugir, portanto, não suporto mais viver assim.

Posso somente recorrer a você, por favor, não me deixe... não me abandone, Jungkook.

Ainda preservo esperança em mim, ela é mínima, mas está aqui...

Ajude-me!


Jungkook às vezes idealizava como agiria em situações desesperadoras, imaginava como se sentiria e se comportaria diante de algo desolador, que seria capaz de abalar a resiliência de qualquer sujeito.

E ele sempre se enxergava calmo, sabendo exatamente o que fazer.

Portanto, seu subconsciente sabia que seu comportamento idealizado, não condizia com a sua real reação.

Jungkook não queria aceitar o próprio desespero, ele lhe atacava impetuosamente. Seus dedos tremulavam, mal suportando o peso descomunal do papel que outrora era insignificante. O ar parecia cada vez mais denso e complicado de expirar.

O alfa que se considerava controlado em demasia, se encontrava descontrolado.

Fúria. Angustia. Desespero. Receio.

As emoções eram abundantes e vivas demais para serem sentidas em somente um instante...

— Jimin... — murmurou sôfrego, chamando pelo amado. Jungkook não poderia focar em outros parágrafos da carta a não ser aqueles em que Jimin implorava pelo seu socorro...

The Black | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora