[28] onde a escuridão não alcança.

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Um ano depois...

Naquele dia em particular, Jimin não queria chorar na frente de Jungkook, por isso, assim que o alfa iniciou seu homework, o ômega de fios loiros se refugiou na cama espaçosa do casal.

Fazia um ano que eles haviam se mudado para um apartamento maior no centro da cidade, já que nenhum dos dois se sentiu confortável no lar antigo, após o local ter servido de cenário para acontecimentos desagradáveis.

Jimin estava debaixo das cobertas há horas. O rosto de feições delicadas se encontrava sutilmente inchado, parcialmente encostado contra o travesseiro volumoso. Lágrimas escorriam dos olhos úmidos e soluços leves faziam parte do choro baixinho.

Suas emoções estavam muito intensas e Jimin não foi capaz de suportá-las sem que transbordassem, desta maneira, desatou a chorar. Ele não queria que Jungkook o flagrasse em uma recaída, mas fora exatamente o que aconteceu...

O ômega sob os edredons grossos, escutou a porta do quarto abrindo e se escondeu ainda mais nas cobertas.

— Terminei os projetos, agora estou totalmente livre, meu amor. Quero cozinhar espaguete para o jantar, você quer... Ji?

Jimin sentiu o colchão afundando atrás de si e logo mãos carinhosas acariciaram seus fios loiros. Ele suspirou baixinho, gostava das demonstrações de afeto sutis de Jungkook.

— Está tudo bem? Se sente mal, Ji? — A voz calma do alfa reverberou pelo quarto.

Se o ômega pronunciasse uma palavra sequer, sua voz fraca o entregaria, então ele apenas balançou a cabeça, assentindo para a segunda pergunta e Jungkook mesmo não sendo capaz de ver o rosto do loirinho, entendeu. Há muito tempo ele já aprendera a ler as reações de Jimin.

Logo o corpo grande do alfa adentrou debaixo das cobertas também, cuidadosamente colando seu peitoral contra as costas do ômega e circulando um de seus braços compridos pelo torso do menor. O toque íntimo entre eles fora bem desenvolvido e Jungkook sempre respeitava os limites de Jimin, atento no conforto dele.

Jungkook então fungou o cabelo do ômega, inspirando o cheiro natural que emanava dele.

— Quer conversar comigo, Ji?

Jimin não respondeu em palavras, seu pequeno corpo se virou até que seu rosto estivesse incluso no campo de visão de Jungkook. O alfa disfarçou qualquer emoção negativa que pudesse demonstrar em sua expressão ao fitar os olhos banhados de lágrimas do ômega, definitivamente não era uma imagem que Jungkook apreciava, doía em si, presenciar Jimin entristecido.

Logo ele se aproximou, esbanjando delicadeza e selou seus lábios nas bochechas molhadas do ômega, levando a mão grande para acariciar a face dele.

— Por que está chorando, Ji? — perguntou. Jimin contornou os braços finos pelo torso de Jungkook e encostou sua cabeça no peito dele.

— Conversei com Jisoo e Seungmin hoje — disse baixinho, escondendo o rosto no peitoral do alfa, que olhando para baixo, assistia perfeitamente todas as ações do ômega.

— Isso não é bom, amor? — Jungkook frisou a testa levemente, evidenciando dúvida.

— Sim é, eu não deveria estar triste porque eles me contaram o quão bem estão seguindo em frente. — Ele parou, suspirando. — Mas então, automaticamente eu os comparo comigo, odeio fazer isso, mas não consigo evitar... tenho tantas recaídas e... eu mal consigo tocar você de outras formas...

Jungkook sentiu um aperto incômodo dentro de si. Ele nunca vivenciara o que Jimin estava passando, mas conseguia compreender como era doloroso se sentir menor do que os outros ao redor. Por isso, pensou com cuidado em suas próximas palavras, ele aguardou mais alguns instantes para que o ômega tivesse liberdade em se expressar como desejasse e já que o loirinho não se pronunciou, foi a sua vez.

The Black | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora