[26] a maré vermelha chegou

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Jungkook guardou o celular no bolso. Ele queria poder repetir a ação com as recentes informações que recebera, desejava guardá-las para lidar com elas somente mais tarde, mas sabia que era impossível. Realmente não estava preparado para escutar que sua mãe matara seu pai.

"O pai obrigou ela a fugir junto... mamãe estava transtornada com as notícias, ela era traída por ele..."

Inspirou fundo e expirou o ar em seus pulmões. Apertando os dedos fortemente contra a palma da mão, tentando de alguma forma, dispersar a tensão que o dominava.

"Ela amarrou o pai enquanto ele dormia e queimou a mansão inteira... ele morreu queimado, Jungkook. Agonizando em dor."

Recordava-se perfeitamente das palavras de Namjoon em meio aos soluços desesperados.

"A empresa da família se foi com o pai... eu empobreci."

Seu pai estava enterrado a sete palmos do chão, sua mãe presa por queimá-lo vivo e seu irmão, estava sendo investigado enquanto carregava uma empresa falida nas costas. Uma névoa de destruição passara pela família, levando tudo em poucos dias, mas por que Jungkook não fora afetado?

Talvez a névoa não destruísse e sim, se assemelhasse a uma borracha, apagando qualquer máscara desenhada para ocultar a verdadeira face dos Kim's.

As mentiras possuíam um prazo de validade e esse prazo, chegou feroz para os seus parentes.

Jungkook não poderia dizer que estava contente, mas também, não se sentia abatido. A realidade por trás dos sentimentos do moreno, era indiferença. Ele se sentia impassível em relação à situação de seus parentes. Afinal, eles mesmos se levaram àquilo, estavam vivenciando as consequências de suas escolhas cruéis

Fitou com pesar o seu automóvel, sabendo que Jimin estava lá dentro e teria que contar para ele.

Jungkook queria poupar o garoto das notícias, mas se privasse ele de receber informações, estaria fazendo igual Namjoon e o moreno se crucificava apenas em pensar agir como seu irmão. Jimin merecia saber, pois estava envolvido também e não seria Jungkook que decidiria pelo loirinho.

Respirou fundo novamente e criou coragem para caminhar decidido até o carro. Abriu a porta do veículo preto e adentrou, tendo os olhos curiosos de Jimin presos em si no mesmo instante.

— Tudo bem, Jungkook? — ele perguntou e de alguma forma, sua voz suave acalmou o alfa.

— Ji, preciso conversar com você — disse devagar e mantendo o tom baixo para não assustar o loirinho. Mesmo assim, o ômega arregalou os olhos e ajeitou a postura, surpreso. — Não se assuste, tudo bem? Estou aqui com você. — Uma das suas grandes mãos, foi de encontro com a pequena de Jimin, tentando passar conforto pelo toque delicado.

— Falando dessa maneira você me preocupa, diga de uma vez, Jungkook.

Ele analisou a expressão alarmada do ômega e pigarreou, se sentindo incentivado pelo olhar dele.

— Minha mãe queimou o meu pai, junto com a mansão Kim e agora ela está encarcerada e ele morto.

Os lábios de Jimin se abriram levemente e seu olhar se direcionou para baixo. Nenhuma palavra saiu pela boca dele, o silêncio durou minutos e Jungkook não quis se intrometer nos pensamentos do ômega, por isso aguardou.

Era difícil ler as emoções que preencheram o loiro, mas talvez fosse alívio...

— Sinto muito — falou enfim. Fitando Jungkook nos olhos.

— Não sinta. — Ele sabia que Jimin não sentia, contudo, era gentil demais para dizer o contrário. — Eles não merecem, causaram muita dor em você... causaram dor em muitas pessoas, inclusive em mim. Eles colheram o desfecho trágico que tiveram.

The Black | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora