[17] prestes a voar

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Já passara duas horas desde que Jimin, se sentou em frente à grande janela coberta por extensas cortinas brancas. Ele observava atentamente o movimento do mundo afora, apenas aguardando ansiosamente a chegada dos serviços de entrega. Carteiros se deslocavam por ali frequentemente em diversos horários, era só ter paciência e esperar.

Sua cabeça estava apoiada em seus joelhos, a posição não era confortável, mas a grande quantidade de pensamentos que atravessavam pela mente do loiro, o anestesiavam de suas dores corporais.

O envelope cuidadosamente escrito e dobrado em sua mão sadia, precisava sair daquela casa o mais rápido possível, assim como o ômega.

Após ler a graciosa poesia que Jungkook copiara, do livro que tanto compartilharam conversas e apreciações, Jimin entendeu.

Ele queria fugir, e o loiro, também partilhava da mesma vontade.

A única pessoa que tinham a perder, era um ao outro. E se continuassem a suportar essa vida, eles se perderiam...

Jimin levantou abruptamente ao avistar a entregadora de cartas abrindo a caixa de correspondências. Como não poderia passar pela porta da frente, devido à câmera de Namjoon, o pequeno correu como pôde — devido ao seu estado— até as portas do fundo, abriu-a rapidamente logo continuando a corrida, percorrendo o jardim até se aproximar da mulher uniformizada.

— Boa tarde — cumprimentou ofegante, em virtude do esforço que utilizara.

— Boa tarde, senhor. — A beta simpática lhe reverenciou e Jimin fez o mesmo. Vendo que o dono da casa estava ali, ela tirou as cartas da caixinha e estendeu ao mesmo. — Posso ajudá-lo?

— Por favor — respondeu, recolhendo as correspondências e entregando a carta que escrevera nas mãos da mulher. — Preciso de um serviço de entrega.

— Claro — disse ela, folheando os papéis sobre a prancheta.

A beta lhe entregou a folha sobre o pedaço de madeira e uma caneta, Jimin completou os dados da entrega apressadamente já que não fugia de documentos básicos, assim que terminou pagou o valor necessário, devolvendo os objetos.

— É esse mesmo o endereço do destinatário? — perguntou confusa. Jimin apenas assentiu, logo se despedindo da entregadora atenciosa e a observando partir.

Assim que a avistou longe o suficiente, ele jogou as correspondências insignificantes na grama e percorreu o caminho até a casa, dessa vez com menos energia. Observou o horário no relógio de parede e se sentiu mais aliviado para executar seu plano de fuga sem precisar se afobar em tanta pressa.

Estava nervoso.

Lembrara de tantas vezes que Namjoon lhe ameaçava dizendo que se estivesse longe dele, Jimin morreria por ser um ômega, ingênuo e inepto sobre as situações que o rodavam. Recordara também, de todas as "punições" que fora obrigado a suportar no começo do matrimônio — por não obedecer ao alfa —, assim como, o seu corpo, onde Namjoon descontava todas as suas insensíveis emoções e surtos de ciúmes excessivos.

Com o tempo, Jimin sabia que toda a sua autonomia e liberdade, desapareceram, até se tornar o orgulho do "marido". Sem perceber com clareza, Namjoon o condicionou erroneamente com a dor. Jimin o obedecia, mas não porque desejava agir tão submisso e sim porque, se não fosse dócil, a gritante dor da violência lhe acometia.

Essa seria sua imperdível chance de se livrar disso.

O ômega subiu os degraus da escadaria, andando lentamente até o quarto que compartilhava com Namjoon. Resolveu não se aprofundar nas tantas memórias repulsivas que possuía desse cômodo, deixando-as fora do seu momento.

The Black | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora