Esperança

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Passado-se algum tempo, os resultados do projeto de Thomas parecem ser promissores, só precisava comprovar os dados para então ser levado ao comitê e julgado. Era a sua chance de ter tudo o que planejou.

Sentava-se na pedra junto a ele e imaginava tudo o que estava em jogo. Sempre foi deixado de lado, as pessoas o olhavam torto como se estivesse pagando por algo. Como um criminoso recém saído da prisão, sem sequer ter entrado em uma. O fato de não ter uma família, um nome, parecia pesar muito sobre suas costas. Mas seu gênio impetuoso nunca lhe permitiu abaixar a cabeça.

Para Clara a vida também parecia seguir seu curso normal. Ela começou o dia já mergulhando e conseguiu catalogar algumas espécies, e já estava voltando com os resultados, quando um colega de trabalho foi ao seu encontro e lhe disse:

- Clara, ainda bem que te encontrei. Tenho um servicinho daqueles para você.

- Fala Allan!... O que é? - ela pergunta curiosa.

- Encontramos o que parece ser umas cavernas imersas que podem ter verdadeiras diversidades colonizando elas... - Allan explica empolgado.

- E onde está o problema?... Sim, porque vocês só me chamam assim quando tem coisa... - Clara logo desconfia, e ele confirma:

- Elas são de muito difícil acesso e parece instável.

- E vocês estão com medinho? - Clara brinca - Eu encaro!... Só precisa me mostrar onde fica...

Ele a levou até o local. Parecia receoso, sabia o quanto poderia ser inconsequente. Ela era sempre a pessoa que queria ir além do que os outros iriam, era como se não temesse a morte, ou como se acreditasse que ela não a alcançaria. E de fato sempre parecia não alcançar, mas até quando? Trabalhar com ela significava correr riscos, se preocupar. Mas era divertido como ela encarava as situações mais perigosas, como se fossem apenas mais uma piada. Quando a situação ficava difícil, eles a chamavam. Sua fama corria entre os mergulhadores.

- Aqui parece ser a entrada - Ele apontava para um buraco escuro e rochoso em uma área profunda do grande rio.

- Parece estreito - ela analisa o espaço - vou tentar passar!

- Só toma cuidado!... Se você perceber que não dá, você volta e eu fecho o ponto como local inapropriado para ser catalogado - Allan a observa preocupado.

- Pode deixar comigo! - Ela dá um sinal de legal e continua a analisar a entrada. Allan toca em seu braço, tentando lhe chamar a atenção.

- É sério, se não der não insista... O ponto é de minha responsabilidade, você não precisa fazer. Só te chamei porque parecia ser a sua cara, e não quis me precipitar em encerrar sem antes falar com você.

- Relaxa! Veremos o que temos aqui! - Ela entra, se esgueirando pela parede rochosa e extremamente apertada. Sumindo na escuridão daquele buraco.

Aquilo era sufocante, e cheio de buracos traiçoeiros que poderiam dar em outras câmaras. Mas era fascinante, quanto mais difícil era o caminho, mais ela entrava.

Até que encontrou uma enorme câmara que dava em uma gruta. Era tão linda que parecia esculpida... Os detalhes das pedras, a água... Parecia um lugar mágico!

Era o encontro entre os dois reinos, metade submersa e metade terra firme, sua saída dava em uma região da floresta.

Explorar aquele lugar já enchia sua cabeça de idéias... Mas tinha que ser um canto só seu, não poderia permitir ser explorado pelos outros mergulhadores...

Com muito cuidado, ela retorna pelo mesmo caminho, com os pontos já marcados por ela.

Do outro lado, seu colega já estava apreensivo. Ela havia sumido à um bom tempo naquele buraco...

Quando terra e água se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora