Conexão

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Como em um cabo de guerra, Clara e Thomas mantiveram a discussão...

– Já parou para pensar que você nem ao menos me conhece?... Eu sou alguém de um povo, no qual você nunca teve acesso... E agora você acha que sou o único, a quem você pode confiar te ensinar a lutar?... Se nem ao menos o meu nome você sabe, como pode achar que pode confiar tantos segredos a mim?

– Você foi o único que me escutou apenas... – Com um olhar vago, ela então parou e se sentou em uma pedra.

Thomas intrigado, abaixa em sua frente, olhando em seu rosto lhe questiona:

– E o que quer tanto que escutem?

Nesse momento, ela desvia o olhar e responde:

– Não é nada!... Se não pode me ensinar então esquece, ok?

– Eu ensino... Não sei bem porque estou fazendo isso, mas eu faço! – Ele cede com os olhos focados tentando decifrar suas atitudes.

E como num piscar de olhos o semblante dela muda...

– Não está blefando está?

– Alguma vez eu já blefei?

– Clara!

– O que?

– Esse é o meu nome... Agora você tem que me dizer o seu, é assim que se conhece as pessoas não é?!

Ele sorri meio desconcertado e diz:

– Thomas...

– Thomas, serei sua nova instrutora de natação e você meu instrutor de luta... Muito prazer! – Ela estica a mão para cumprimentá-lo, como se tivesse acabado de fechar um negócio.

Ele apenas aperta sua mão e acena com a cabeça.

Por alguns instantes aquele momento manteve-se um pouco tenso, como se só observassem um ao outro. Ela era como um enigma para ele, um vendaval que chegava de repente, mas parecia esconder algo mais.

Assumindo o controle da situação, ela quebra o silêncio e fala:

– Temos que organizar as coisas... Não temos muito tempo então, vamos instituir dias alternados para cada um. Amanhã começamos com a luta e depois natação, assim está bom pra você?

– É... Como quiser... – Ele assente com a cabeça com um tom de preocupação.

– Nos vemos amanhã aqui... Agora tenho que ir, eu já deveria estar em casa a uma hora atrás – Ela levanta depressa e caminha em direção a água, ouvindo apenas um esboço de resposta relutante.

– Ok!

Ela entra na água, e utilizava a passagem das cavernas... Ele só observa, e ainda fica alguns instantes parado no mesmo lugar, só encarando a água. Nunca havia tido a experiência de ter o seu corpo completamente submerso em água.

Aquilo tudo ainda soava assustador, ele sempre buscou andar na linha. Agora parece estar em um carro desgovernado.

...

Clara chega em casa, entrando como um jato. Sua mãe já lhe esperava aflita:

– Filha, onde você estava? Seu horário de expediente já acabou faz tempo. Eu e seu pai já estávamos preocupados.

– Desculpa mãe, eu perdi a noção do tempo... – Clara tenta responder agitada, afinal foi um longo dia.

Charles, seu pai, logo questiona:

– Mas o que você tanto faz? Está chegando cada dia mais tarde...

– Seu pai está certo filha, eu sei que é o que gosta, mas esse negócio de mergulhar é perigoso – Ela aproxima-se de Clara, fitando a moça dos pés a cabeça.

Quando terra e água se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora