Como Um Só

47 21 81
                                    

Thomas chega em casa ainda afoito, não fala com ninguém na residência. Todos apenas o observam, ele entra em seu quarto e se fecha, aproxima-se da janela entreaberta. Segura sua própria boca e com as sobrancelhas franzidas, mantém o olhar fixo no horizonte. Até que toma um susto com alguém batendo na porta.

Vó Teresa entra de mansinho abrindo a porta devagar…

– Não vai jantar querido? Preparei uma canja…

– Eu já estou indo – Thomas responde ainda encarando a paisagem, pela janela.

– Está tudo bem com você? – Ela aproxima-se dele com um tom de preocupação.

– Ah sim… Só estou cansado… – Ela olha para ela com um leve sorriso disfarçando.

– Vou preparar o seu prato, tenho certeza que vai se sentir revigorado…Ela passa a mão em seu rosto, sorri e sai em direção a cozinha. Thomas a segue e junta-se a todos na mesa. Ronan e Pedro já estavam entretidos com seus pratos. Eles haviam ido jantar com Vó Teresa, como costumavam fazer corriqueiramente.

Nessa hora Clara também já está de volta em sua casa. Ela cumprimenta os seus pais como normalmente faz. Vai direto para o banho, liga o chuveiro e se joga debaixo dele. Enquanto passa a mão sobre seus cabelos inundados em água, ela fita a parede lembrando do que acontecera mais cedo. E sorri, como se tivesse acabado de receber um presente.

Algumas horas se passaram após aquele fim de tarde inesperado. Thomas agora está sentado à beira da porta, com o olhar fixo para as árvores, ele esboça um discreto sorriso sem perceber. Pedro senta em seu lado de forma sorrateira e lhe questiona:

– Encontrou a moça misteriosa de novo?

– O que? – Ele pergunta um pouco agitado.

Pedro apenas ri, como se tivesse pegado o amigo no pulo.

– O que você quer? – Thomas pergunta agoniado com o deboche.

– Quero saber o motivo desse sorrisinho, tenho certeza que não foi para as árvores…

– Que sorriso? Se acha o palhaço né? … Não estou com paciência para mais uma das suas hoje!

– Agora você acabou de confirmar! Pedro afirma apontando para ele – você só foge de uma resposta assim nervoso quando tem alguma coisa… As poucas vezes que te vi assim, foi quando aprontou algo.

– Quem costuma aprontar aqui é você!

Pedro ri mais uma vez e diz:

– Dessa vez quem está agindo de forma suspeita aqui é você!... Anda cara, abre o jogo…

– Não aguento mais você no meu ouvido, vou dormir – Ele entra na casa, enquanto Pedro só ri negando com a cabeça.

Thomas deita em sua cama e mantém os olhos fixos no teto, o sono não vinha, e aquilo parecia perturbá-lo.

Longe dali, Clara encontrava-se da mesma forma, deitada em sua cama encarando o teto.

As horas passavam e os dois se mantiveram da mesma forma, até que ambos caíram no sono.

Clara acorda com sua mãe a sacudindo…

– Clara! Já passou da hora de você acordar, nunca dormiu tanto!

– É que eu demorei um pouco a pegar no sono…

Antes que ela termine de falar, sua mãe a interrompe animada:

– Se ajeita vai… Deixaram uma surpresinha hoje cedo para você.

– Surpresinha? – Clara questiona coçando os olhos.

Quando terra e água se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora