Águas Raivosas

30 15 49
                                    

Aquela menina inquieta e aventureira agora vive jogada em uma cama com um olhar vago. Clara sentia-se sem forças para agir. Presa dentro de seu próprio corpo, ela analisa a situação como uma espectadora olhando de cima.

Atacá-los para se defender estava te trazendo problemas ainda piores, precisava mudar sua estratégia. Dar a eles o que eles querem, e assim decidiu.

"Serei a pessoa mais educada e cheia de etiqueta que alguém já viu!... Para tudo que disserem será, sim senhor!"... Pensava.

Restava apenas uma semana até o dia do torneio que decidirá o novo rei de seu reino, as coisas não poderiam permanecer como estavam.

Clara passou a usar todas as regras de que fora ensinada uma vida inteira, essas eram as suas armas naquele momento. Até passou a inventar algumas coisas de sua infância para ter o que dizer ao Dr. Bernard, que parecia estar cada vez mais convencido de seu progresso.

Marta entristecia-se ainda mais em ver sua filha tão apagada.

– Charlie eu não aguento mais vê-la nesse estado... Se não tomar uma atitude, eu mesma tomarei!

– Se acalma!... Também está sendo muito difícil para mim… Mas eu percebo que ela está muito melhor, pedirei para que o Dr. suspenda essa medicação. Ela não precisa disso, só precisava refletir sobre suas ações… – ele concorda, enquanto observavam Clara, parados na porta do quarto.

– Não acredito que ainda permiti isso… Sinto como se tivesse cometido um crime contra minha própria filha, você vai resolver isso já, ouviu? – Marta o íntima e logo da as costa deixando-o só.

Ouvindo sua esposa, ele rapidamente procura o Dr., que o escuta e parece concordar com a sua evolução. Então ao menos, Clara se liberta da medicação. No entanto aquela senhora ainda permanecia na casa, como prudência, para que Clara não saísse da linha até o seu casamento.

O grande dia da Ascensão enfim chegou. O coração de Clara estava ainda mais aflito, o resultado definiria sua vida inteira.

Ela dirigiu-se a seu pai:

– O Bryan me convidou como sua convidada de honra, até deu-me um vestido. Será que eu poderia ir?

– Quer ir a um evento do Bryan? – ele questiona, enquanto lia uns papéis em sua mesa.

– Sim!... É muito importante, por favor? – Clara fala sentando-se na cadeira a sua frente no escritório.
Ele solta os papéis na mesa e a responde:

– Claro que você vai!... É o momento dele, você não poderia deixar de prestigiá-lo.

Clara não tinha interesse algum em apoiá-lo, mas o resultado dessa disputa impactaria demais em sua vida para deixar de assistir.

Ela pôs o belo vestido que Bryan lhe dera, e na companhia de Olga, lá estava ela logo a frente da arena de disputa.

As batalhas iniciaram, os nobres guerreiros mais fracos eram abatidos logo de início. Pouco a pouco Bryan avançava, e a cada vitória ele encarava a arquibancada onde Clara estava, fazendo-a estremecer. Seu coração implorava que aquilo não fosse verdade, mas por mais que ela torcesse contra, ele só avançava.

Aquilo perdurou-se por horas, até que chegou a última batalha. Restaram apenas dois competidores, Bryan e Mark.

Mark não era um nobre guerreiro comum. Ele era grande e forte como um urso. Muitos temiam só a sua presença, ele massacrava qualquer um que atravessasse o seu caminho. Aquele era com certeza o maior obstáculo de Bryan. Ele tentava de todas as maneiras derrubá-lo, mas Mark parecia sempre caçoar de seus esforços. Era como um leão brincando com a sua presa antes de comê-la.

Quando terra e água se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora