Em meio aos murmúrios da grande plateia, Thomas permanece de pé, fitando todos a sua volta. Clara corre até ele e o abraça.
Naquele momento, Thomas encontrava-se muito machucado, rosto, mãos, braços, tudo repleto de hematomas e escoriações. A luta com Bryan durou tempo o bastante para deixar suas marcas. Os machucados e a exaustão eram nítidos, mas ele estava se sentindo tão livre de todo peso que carregava, que parecia não sentir. Ele apenas sorria para Clara, com uma expressão de dever cumprido.
Após alguns minutos, foi notado algo de errado. O nome do vendedor não havia sido proclamado como costumava acontecer. Ao invés disso, os grandes mestres do conselho, agora se aproximavam da arena. Thomas e Clara os encaram apreensivos, até que o mais velho deles resolve assume a palavra:
– Por várias gerações fomos governados por grandes líderes, nobres guerreiros que lutaram, entregando suas vidas para assumir o poder. Mas nunca fomos submetidos a um terrestre. Aceitar isso, é como um insulto à memória de cada um deles!
– Mas eu também tenho sangue nobre! Eu venci e perante a lei, o trono é meu por direito! – Thomas contesta-o.
– Você é apenas uma mancha entre nós, nem deveria existir! – outro daqueles homens, agora se pronúncia.
Clara, ouvindo as objeções, questiona:
– Mas então o que vocês estão pretendendo fazer?
Todos os membros do conselho se encaram seriamente. Um deles vira-se para os outros e cochicha:
– Não podemos ter outro rei morto em um prazo tão curto de tempo, isso pode gerar retaliações...
– Sim, e isso nos enfraquecerá, dando brecha para o inimigo nos atacar – outro também pondera.
– Exílio! Essa é a resposta!
Agora todos parecem concordar. Aquela era a situação ideal para um golpe para assumir o poder. O conselho era composto por homens ambiciosos, que sempre quiseram o comando de tudo. Com um rei em exílio, o controle estava em suas mãos.
Joshua era o mais velho dos integrantes do conselho, e o mais autoritário deles. Era um senhor alto, com seus cabelos grisalhos combinando com seus olhos azuis. O seu físico era até conservado para sua idade, a qual ele fazia questão de não transparecer. Todos os outros pareciam respeitar sua opinião e acata-las. Ele toma a frente de tudo sempre, e dessa vez não foi diferente.
– Nós já nos decidimos! – ele afirma em alta voz – Vocês serão exilados... E se nossos olhos voltarem a se encontrar, vocês receberam a sentença máxima! E enquanto um novo rei não for instituído, o conselho assumirá o seu papel.
– O que?... Não podem fazer isso!... Eu conquistei o trono, vocês não podem passar por cima disso! – Thomas esbraveja revoltado, dando alguns passos para mais próximo deles. Clara o contém segurando-o pelo braço.
– Antes posso me despedir de uma pessoa? – ela fala serenamente, enquanto Thomas a olha intrigado, sem entender a sua postura. Joshua assente com a cabeça, permitindo que assim faça.
Clara se aproxima de um senhor que estava assistindo a tudo, como todos naquele lugar. Ela o abraça e cochicha algo em seu ouvido discretamente, em seguida retorna até Thomas.
– Agora podemos ir!
Os guardas se aproximam para acompanha-los.
– Mas o que está fazendo, Clara? – Thomas a questiona.
– Não é mais hora de lutar, Thomas!... Apenas siga o fluxo! – Ela segue caminhando ao lado dele, com os guardas segurando em seus braços.
Eles são acompanhados até a beira do rio, então são abandonados lá.
– Você enlouqueceu?... Nunca pensei que fosse aceitar isso assim!... Me explica o que está tramando?... Que cena foi aquela?
– Calma, Thomas! Aquele senhor que abracei era o marido de Janice, eu o conheci quando ele levava alguns mantimentos para o palácio. Janice sempre me ajudou a cuidar de Stella, não acho que a despediram. Se tem alguém que pode ter acesso a nossa filha, esse alguém é ela! Só precisamos esperar aqui! – Clara explica olhando para o rio.
Eles passam longas horas ali parados, Clara já estava apreensiva e Thomas impaciente resmungando.
– Eles devem ter tramado tudo desde o início! Esperavam que eu o matasse para assumirem o poder... São um bando de carniceiros aproveitadores!
Clara, que antes caminhava na margem do rio, dirige-se a ele:
– Você entende que não podemos enfrenta-los agora, não é?... Temos outras prioridades, Thomas!
– Eu sei! Vocês duas são a minha prioridade agora. Eu não estaria aqui se não fosse por isso! – ele fala olhando-a nos olhos, até que um barulho na água é ouvido.
Alguém sai de dentro do rio, usando aquele traje pesado e antigo, que mais parecia uma roupa de astronauta. E quando para e abre o traje, era Janice, com uma criança enrolada em seu corpo.
– Janice!... Então você recebeu a minha mensagem – Clara corre ao encontro dela.
– Sim, o Luke me contou! – ela responde lhe entregando a criança.
– Meu amor! É a mamãe, eu estou com você agora! – Clara abraça a pequena Stella, com um sorriso no rosto, sem se conter em vê-la de novo.
Thomas se aproxima em silêncio, com os olhos focados em Stella.
– Aqui, Thomas! – Clara entrega a menina para ele.
Thomas segura a pequena meio sem jeito, ele a olha sem saber o que fazer, ao segura-la pela primeira vez. Ele ergue a menina, depois volta o seu olhar para Clara e diz, com um enorme sorriso no rosto:
– É a minha filha! Minha filha!
Clara retribui o sorriso, assentindo com a cabeça, e em seguida abraça-os.
Janice assiste a felicidade dos dois, feito uma boba emocionada.
– Vê-los assim, valeu todo o caminho! – ela fala.
Clara olha para ela e a abraça.
– Eu não sei como poderia lhe agradecer...
– Não tem o que agradecer, eu faria tudo de novo. Talvez mais rápido se soubesse como utilizar isso – Janice aponta para o traje – ou se soubesse como chegar aqui – ela sorri lembrando do trajeto. Clara ri tentando imaginar.
– Foi tão difícil assim?
– Eu nunca fui tão longe... Mas quando Luke me, contou que estava viva, que esperava por mim, não pensei duas vezes – Ela coloca a mão no rosto de Clara – Ah minha menina, eu pensei que Bryan havia lhe feito mal... Quando o vi chegar naquele estado, eu saí, levando Stella comigo. Mas eu sabia que ele poderia ir buscar a menina a qualquer momento! Não imagina a aflição que passei!
– E a senhora não imagina o bem que me fez cuidando dela – Clara olha para Stella nos braços de Thomas e em seguida, reporta-se novamente a Janice – a senhora foi como uma mãe para mim, desde o começo.
– E você é minha filhinha do coração! Agora entendo as suas lágrimas lá, aquele não era o seu lugar. Você já encontrou o seu caminho! – Janice faz um sinal com a cabeça, como quem apontasse para Thomas e Stella – eu quero que vá e seja feliz! – ela ajeita novamente o traje, despede-se e retorna para o rio, deixando-os ali, sabendo que aquele momento era deles.
E aos pouquinhos vamos nos aproximando, cada vez mais, do final da PRIMEIRA FASE da história. Para marcar esse momento, eu separei um vídeo remake da história até agora. Não deixem de conferir!
Um beijin, e até o próximo capítulo! 😘
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Quando terra e água se encontram
Historical FictionEm um futuro alternativo, após longos anos de guerras e destruição, surgiram dois grandes reinos. O Reino da Água e o Reino da Terra, era tudo o que restou da humanidade. Reinos completamente rivais, com ideologias opostas e ao mesmo tempo com sede...