Raio De Sol

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Thomas passou a ajudar Vó Teresa, como uma espécie de enfermeiro fiel. Esqueceu-se do mundo e esse agora era o seu único projeto.

Ronan filho de Vó Teresa não estava nada satisfeito com o rapaz. Thomas havia abandonado o trabalho e simplesmente sumiu sem dar satisfação. Se antes ele já arrumava desculpas para criticá-lo, agora tinha uma brecha ainda maior.

– Cadê aquele irresponsável? – Ronan entra na casa procurando por Thomas.

Pedro vendo que seu pai vai andando em direção aos fundos, tenta barrá-lo.

– Calma pai, não há necessidade para tanto... Thomas venha cá, por favor! – Pedro grita para que Thomas entre na casa e assim seu pai não tenha que ir lá e acabe vendo o que escondia.

– Estou aqui! – Thomas grita já entrando pela porta dos fundos.

– O que aconteceu com o carregamento? Fiquei aguardando você. Agora atrasou tudo! Não apareceu ontem, nem hoje. Virou farra ou o que? – Ronan eleva sua voz enquanto questiona-o.

– Tudo bem, eu não tive tempo para falar. Eu tinha que ter lhe comunicado que eu havia saído, tive um problema – Thomas tenta explicar, mas ele estava furioso.

– Mas o que você tem na cabeça?... É um avoado inútil!... Isso é que dá querer ajudar, a gente dá a mão e ele quer arrancar o braço inteiro!

– O senhor fala como se estivesse me fazendo um favor. Sempre dei duro, nada para mim foi de graça!... E quer saber?... Eu estou fora!... Não vou mais pisar naquela porcaria de carpintaria, o senhor não vai mais ter que se preocupar comigo lá TITIO! – Thomas explode já não suportando ouví-lo.

Ronan arregala os olhos e não diz mais nada, apenas observa enquanto Thomas sai nervoso.
Por mais que o insultasse, Thomas nunca havia medido forças com ele, e com certeza nunca havia o chamado assim. Ele entendeu do que se tratava.

Apesar de ter sido criado junto com Pedro, como parte da família, a relação entre Thomas e Ronan nunca foi de parentesco algum. Ainda que inconscientemente, Ronan sempre o culpou pela morte de sua irmã mais nova. Ele odiava o Reino da Água, e mesmo tendo nascido do Reino da Terra, o sangue deles ainda corria nas veias de Thomas.

Pedro assistindo a cena vai atrás do amigo.

– Thomas! Thomas!... Espera aí cara!... O que foi aquilo? Você está mesmo fora? Vai largar a carpintaria?

– Já larguei Pedro! – Thomas reponde ainda caminhando.

– O que deu em você?... Porque está agindo assim?... Eu nunca te vi falando desse jeito com meu pai – Pedro tenta acompanha-lo.

– Eu já estou de saco cheio, é isso! – Thomas lhe dá uma resposta curta, como quem não quisesse papo, mas Pedro continua:

– E tudo isso por causa de uma mulher?... Eu retiro o que disse quando falei que precisava arranjar alguém! Você nem parece mais você, está transtornado... E a gente ainda nem terminou aquela conversa. Até quando pretende escondê-la aqui? Ainda acha que pode manter essa história? Se eu não tivesse te chamado naquela hora, eu nem sei o que seria!

– Ela ainda está muito mal, não tem condições nenhuma de sair daqui... E isso não tem haver com ela, a questão é muito maior do que pensa – Thomas para repentinamente, seu semblante parecia um pouco mais ameno, porém preocupado e pensativo.

– E o que poderia ser maior do que isso? Um meteoro vai cair sobre nossas cabeças? – Pedro brinca para desarmar de vez o amigo, mas isso não dá muito certo:

– Acha que estou brincando?

– OK! Fala logo o que de tão sério aconteceu, a ponto de sobrepor esse incidente – Pedro pergunta já curioso.

Quando terra e água se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora