Capítulo 21- Aidê, a "cara"

180 40 287
                                    

      Tomei uma atitude naquela manhã: tentar achar a menina do banheiro a qualquer custo, com ou sem a ajudar do Fábio. A primeira coisa que fiz foi voltar ao lugar do encontro. Assim como um assassino sempre volta ao lugar do crime. Parei perto do banheiro subterrâneo do salão de festa. Muitas meninas entravam e saiam do banheiro. Permaneci escondido ali atrás de uma coluna, pensativo. O que faria? Pensei que, assim como eu, a menina poderia em algum momento voltar ao banheiro. Mas e se ela já tivesse voltado? Afinal, tinham-se passado dezenove dias. De onde eu estava, dava para ver todas as garotas que entravam e saiam. Foram tantas, e muitas com atitudes suspeitas, que foi difícil ter uma suspeita principal. Teve uma, por exemplo, que passou vinte minutos parada, olhando de um lado para o outro, impaciente; parecia esta esperando por alguém. Outra que entrou e saiu várias vezes do banheiro, chega perdi as conta. Teve outra que entrou e só saiu depois de meia hora. Uma que assim como eu, ficou sentada na escada que levava para o salão subterrâneo, por mais de meia hora. E outra que de instante em instante ia beber água no bebedouro do corredor do banheiro. Perdi todas as aulas daquela manhã. Perto do almoço, quando o tumulto do banheiro diminuiu,decidi fazer uma loucura. Entraria lá, para observá-lo e ver se encontrava qualquer coisa suspeita.

      Sai do meu esconderijo. Olhei de um lado para o outro. Não havia ninguém. Pela minha vigília, também não era para ter ninguém no banheiro. Andei em direção a ele, com as mãos dentro dos bolsos, lentamente, como se não quisesse nada ou tivesse andando pelo caminho errado. Num instante, me vi de frente para a porta do banheiro. Aquilo era uma loucura, eu sabia. Mas precisava fazer. Era tudo ou nada. Coloquei o meu pé na porta de entrada e num minuto eu estava lá dentro.

       Como todo banheiro feminino, aquele não era diferente. Perfumado e arrumado. Olhei-me no espelho. Não havia ninguém. Graças a Deus. Andei de um lado para o outro, vasculhando um mínimo detalhe possível. Resolvi entrar no Box que tinha usado naquela noite. Fui até ele, morrendo de medo de ser pegue. Quando abri a porta, o meu coração parou. Uma menina acabava de fechar o zíper da calça jeans.

- Ai. – gritou ela também se assustando.

        Observei-a sem ação. Os meus cálculos estavam errados.

- Desculpa... Eu... Eu...

- TARADO. – gritou ela.

- O que foi? – outra menina apareceu saindo do Box ao lado. – O que você está fazendo aqui?

- Desculpas. – pedi, totalmente sem graça – Acho que entrei no banheiro errado.

- TARADO! – gritaram elas, ao mesmo tempo em que me atacavam com suas bolsas.

- Ai, Ai. Calma. – tentei me desviar dos ataques – Isso dói.

- E é para doer mesmo seu tarado... – gritavam elas.

- Eu já pedi desculpas.

- Você acha que acreditamos nessas desculpas esfarrapadas? – a menina gorda perguntou.

- Mas é verdade!

- Você com essa cara de nerd... – continuaram a me agredir – Só pode ser um desses doidos tarados da internet.

- Eu não sou tarado.

- Saia já daqui. – agora elas me empurravam – Antes que chamemos os guardas.

       Elas me empurraram com tanta força que cai no chão, ao sair do banheiro.

- Suas doidas. – falei tentando me levantar.

- O que você disse? – a morena gorda perguntou.

- Nada não. – decidi não ser sincero. Fiquei com medo.

O Símbolo - Uma Nova Vida- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora