Capítulo 9- Por quê?

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       Esperar por alguém era o melhor teste de paciência que existia. Graças a Deus que ele tinha muita, pensou William, dentro do carro, em frente à academia Koros, no centro da cidade. Já fazia meia hora que Fábio pedira para esperá-lo enquanto fazia sua inscrição.

      Ao som de Resgate, William apreciava o clima sereno de final de tarde daquela sexta-feira, na cidade. As pessoas entrando e saindo de lojas, as crianças logo à frente na pracinha brincando, vários carros parados no encostamento ou se movimentando na rua, e motos os ultrapassando com tamanha habilidade.

      Uma menina magra loira vinha na calçada em sua direção. Conhecia aquele andar. Arregalou os olhos com a intenção de enxergar melhor e assim confirmar suas deduções. Sim. Com certeza, só podia ser ela. Aquele andar de modelo não era para qualquer uma. Emilly Hamãm caminhava em sua direção. Abaixou o vidro do carro e desligou o ar condicionado.

- Oi Milly. – a saudou quando ela chegou perto o suficiente.

      Emilly tomou um susto com a voz grave dele.

- Oi Will. – disse olhando para ele, depois para a academia – O que faz aqui?

     Como ela pode agir tão naturalmente depois do beijo de sábado? William se perguntou, decidido a fazer o mesmo.

- Trouxe o Binho. Ele veio fazer a sua inscrição.

- Ah! – disse ela mordendo o lábio inferior. William adorava aquele gesto. Mostrava que estava nervosa – Tenho que ir. – a sua voz saiu mais suave do que o normal.

- Espera. – pediu, quase soltando do carro – Para onde está indo?

- Pra casa!

- Eu...

- Will... Will... – Fábio corria descendo as escadas que dava para a academia. Parou de frente para eles – Oi Emilly. – a saudou observando a cena diante de seus olhos, por um momento.

- O que foi, Binho? – William percebeu seus pensamentos maldosos.

- Parece que o negócio aqui vai demorar.

- Como assim?

- Parece que todo mundo decidiu vir fazer a inscrição hoje, no último dia, está lotado lá dentro.

- E ai?

- Você pode ir embora! – dispensou-o Fábio.

- Tem certeza?

- Ah não ser que queira ficar aqui, por mais de uma hora esperando!

- Com certeza que não. – disse William sem pensar duas vezes – E como vai voltar?

- Tenho dinheiro aqui para o táxi. Não precisa se preocupar. – Fábio se virou começando a andar – Tchau Emilly.

- Tchau.

- Qualquer coisa eu ligo a cobrar para você vir me buscar. – disse sorrindo subindo as escadas.

      William e Emilly sorriram.

- Ele é uma graça. – observou Emilly.

- Com certeza. – concordou William – E então, aceita uma carona?

      Emilly o encarou por um momento, duvidosa.

- Não sei se é uma boa ideia.

- Prometo que não vou fazer nada que você não queira. – brincou ele – Vamos Milly. É só uma carona. – concluiu abrindo a porta de passageiro para ela.

      Emilly ainda demorou um pouco antes de entrar no carro. Ficaram calados. William percebeu que ela estava nervosa por causa da respiração rápida. Ele então ligou o som. E para seu azar estava em FM e não em CD; como ele tinha deixado assim, a música da Ivete surgiu tomando conta do ambiente. Emilly olhou bem rápido para ele, desconcertada.

O Símbolo - Uma Nova Vida- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora