Capítulo 11- A oração

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         O culto terminou quase perto das 21h da noite. Mas a minha vontade era de permanecer no mesmo lugar, a noite toda. O pastor pregara sobre mentira. Por mais que não quisesse, eu sabia que assim como eu, Mark, William e Laís estavam pensando sobre o assunto de Fábio. Podia não ser um grande problema como a fome da áfrica e as enchentes do sul do país, mas, para eu mentir, se tornava até maior do que isso. Afinal, além de mentir, eu teria também que mentir para uma autoridade. Com certeza os meninos não tinham ideia da grande confusão que iríamos nos meter.

- Vamos, Beto. – Mark me chamava no final da fileira de cadeiras.

        Levantei-me contra a minha própria vontade.

- Temos que falar com o pastor. – William nos lembrou, andando na nossa frente.

        A sala do pastor não era pequena. O espaço só cabia no máximo dez pessoas. Era pintada de branco. Tinha uma pequena mesa com uma poltrona para ele e do outro lado, três cadeiras para os visitantes. No canto esquerdo, um Gelágua. No lado direito, um armário. Com certeza com os documentos da igreja. E no fundo, uma porta que dava para o banheiro.

       Durante a semana, todos os dias de noite, nós quatro saímos pelas ruas de Monte da Saudade atrás de uma igreja que nos agradasse. Encontramos várias. Mas, em nenhuma, o nome da congregação nos agradou. Na quinta-feira, quando voltamos de uma dessas buscas, passamos pela Congregacional Betsaída e decidimos entrar para vê-la por dentro, pois por fora, ela chamava bastante atenção. Era enorme. Possuía um lindo jardim do lado direito e do esquerdo, estava o estacionamento.

       Estava tendo culto de jovens. Chegamos ao final da pregação. O irmão pregava sobre a santidade cristã. Então no final, ao olhar para os outros três, eu soube que estávamos em um mesmo pensamento: era aquela igreja.

- A paz irmãos?! – o pastor entrou nos saudando.

      Ele era bem magro. Devia pesar uns setenta quilos. Era negro e alto. Sua voz rouca e forte não negava que era de pregador.

- A paz. – respondemos juntos.

- Sou o pastor da igreja. Celso Farias. – disse, estendendo a mão.

- Herber Ferreira. – fui o primeiro a apertar a mão estendida.

       E a sequência seguiu:

- Mark Martins.

- William Mendes.

- Laís Hamãm.

- Fiquei sabendo que vocês são novos na cidade... – comentou, sentando na sua poltrona.

- Sim senhor – respondi.

- E que vieram estudar na Unifer.

- Sim senhor. – continuei respondendo.

- Quanto tempo vocês vão passar aqui?

- Quatro anos senhor! – William respondeu.

      Olhei para Mark e percebi sua fisionomia mudar. Sabia que ele estava detestando aquele interrogatório. Ele não gostava de conversas interrogativas. Principalmente sobre sua vida. Creio que se devia pelo fato dele próprio não saber muito sobre ela.

- E estão atrás de uma igreja para se congregar!

        Eu já sabia a resposta que Mark estava dando em seus pensamentos: o que acha que estamos fazendo aqui? Segurei-me para não rir e respondi.

- Isso pastor. Chegamos na semana passada e, desde então estamos procurando uma igreja para passamos esses anos nos congregando.

- Vocês são de qual igreja?

O Símbolo - Uma Nova Vida- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora