Capítulo 18- A história de Eli

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O final do mês de março se aproximava bastante ensolarado e com vento. O clima de Monte da Saudade se diversificava, por ser uma cidade litorânea. Um dia fazia sol e outro chovia. Naquele domingo estava fazendo bastante calor. Mas, aquele dia estava longe de ser um dia normal como os outros. Acordei com bastante dor de cabeça. Dormira muito mal. Quer dizer, não tinha conseguido pregar os olhos, por saber o que o outro dia significaria para todos nós: os adotados. A primeira coisa que fiz foi fazer o café.

Enquanto o preparava, fiquei imaginando o que os outros pensavam naquele momento. Rebeca e Laís estavam se arrumando pensativas, para nos encontrar no café da manhã; Mark, assim como eu, não tinha conseguido dormir. Ele ficou rodando de um lado para o outro da cama; William conseguiu dormir, mas assim que o sol raiou, acordou e até então estava pensativo na cama; Fábio conseguiu dormir e ainda estava dormindo, porém, sonhava com a data comemorativa e Brenno, nem deitado na cama conseguiu ficar durante a noite. Ele tinha iniciado uma leitura no sábado à noite, que durou até as três da manhã; depois de cochilar um pouco em cima do livro, sentado na cadeira da mesa da cozinha, e assim que o sol nasceu ele saiu com a sua prancha de surf.

- Bom dia. – Rebeca e Laís saudaram ao chegarem à cozinha, me assustando.

- Ah são vocês! – me virei para olhá-las – Vocês me assustaram.

- Perdão, Beto... – pediu Laís delicadamente.

- Estava pensando em quê? Estava tão concentrado. – perguntou Rebeca já sabendo a resposta.

- Na realidade estava pensando em vocês!

- Em nós?! – Laís se surpreendeu – Por quê?

- Porque sabia que vocês iriam fazer exatamente isso: vir tomar o café da manhã aqui!

- Por isso é que você que está preparando o café? – brincou Rebeca.

- Pode se disser que sim! – disse sorrindo para elas.

Pude observá-las. Rebeca sorriu sem vontade e abaixou a cabeça. Laís fez o mesmo. Os ombros delas estavam encolhidos. Colocaram os cotovelos em cima do balcão e apoiaram o queixo em cima dos braços.

Um a um foi aparecendo na cozinha; o primeiro foi Mark trazendo sua inseparável prancha de surf. Depois foi William com os olhos inchados. Fábio ainda estava dormindo. Os meninos saudaram as meninas e percebi que assim como eu imaginava, estávamos todos em um mesmo pensamento.

Decidimos tomar o café no jardim dos fundos.

- Cadê o Ben? – Rebeca foi a primeira a sentir falta dele.

- Vi quando ele saiu cedo com a prancha de surf. – respondi.

- E-E-E ele ainda e-e-está praticando su-surf? – Laís parecia surpresa – Pensei que e-e-ele tinha deixado.

- O Ben não sabe o que quer da vida. – comentou Mark – Um dia ele é fazendeiro e no outro surfista.

- Ele é polivalente. – defendeu-o Rebeca.

- Percebe-se – disse, sorrindo.

Ficamos conversando sobre coisas banais. Nem um de nós queria tocar no assunto da data comemorativa. Fábio apareceu na varanda com a cara inchada, enrolado no lençol. Foi ao nosso encontro.

- Bom dia belo adormecido. – brincou Rebeca.

- Que horas são? – perguntou ele sentando no colo dela.

- Vai dar oito. – respondi.

- Ainda. – falou bocejando – E eu já estou de pé.

- Hoje é do-do-domingo. – lembrou-o Laís

O Símbolo - Uma Nova Vida- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora