Manuela
Não sei como definir mais ou menos a minha vida. Mas a certeza que eu tenho é de que ela não poderia ser mais triste.
Eu moro com meu pai, ele é um alcoólatra e bandido, completamente abusivo, de todas as formas, mas não comigo. Ele só me bate a ponto de eu desmaiar, mas com as meninas que ele leva lá para casa são só gritos e mais gritos.
Eu já fiz de tudo para sair daqui, a cada surra que eu levava, minha energia recarregava e eu tentava fugir, eu conseguia mas por poucos dias, porque para nós o rio de janeiro parece grande, mas para bandidos como ele que tem olhos por todos os lados é bem pequeno e ele sempre me encontrava, sempre. Eu já passei e passo por muita coisa difícil com ele na minha vida, mas eu já não sinto nada, de tanto apanhar fisicamente aconteceu oque eu mais temia, eu me acostumar com essa dor. Não tendo para onde correr, onde pedir ajuda. Eu apenas apanho calada.
Ele me mantém em cárcere privado, só posso sair para trabalhar porque segundo ele eu quem tenho que pagar minhas contas e meus pertences,e se vou a algum lugar fora do trabalho eu tenho que ir com os capangas dele. Parece coisa de filme, as vezes nem eu acredito, mas essa é a minha realidade, e já foi até pior. Me dói tanto lembrar de tudo oque passei, como eu queria minha mãe ao meu lado, como eu queria que ela me protegesse desse monstro, mas eu não tenho ninguém. Eu não tenho parentes, não tenho amigos, não posso nem fazer amigos na verdade. Eu não vivo para mim e sim para ele. Carlos é o capeta na terra e a prova são todas as cicatrizes que tenho pelo corpo.
- Carlos, preciso falar com você - entro no escritório que tem na casa dele.
Não considero nada aqui meu, e nem o chamo mais de pai, parei quando ele me deu a primeira surra. E eu fiquei em coma por uma semana.
- Eu sou seu pai, não me chame pelo meu nome e sim de papai - lança um sorriso cínico e repugnante.
- Você nunca foi meu pai - cerra os olhos e vem em minha direção, e me da um tapa no rosto.
É sempre assim.
- Sua filha da puta, quem te alimenta sou eu, quem te da moradia sou eu também e quem te colocou na buceta da vagabunda da sua mãe, adivinha!? Foi eu também - acaricia meu rosto - isso se você realmente for minha - se afasta e se senta novamente.
- Você faz isso tudo porque quer, já disse que não quero morar aqui com você, você é um monstro e tudo oque quero é ter minha vida e viver em paz - já estou caindo em lágrimas, eu juro que não aguento mais.
- Ah jura? Pena que querer não é poder, aprendiz de vagabunda, fala logo oque quer e vaza daqui - me olha com desdém.
- Sábado tenho um almoço de negócios na casa do meu chefe, e eu preciso ir como secretária dele - gargalha.
- Traduzindo, você vai ser a comidinha do chefe - revira os olhos - pode ir, mas com os meus homens, e torça para eles não vê você se esfregando com ninguém - cerra os punhos.
- Tudo bem - apenas assinto, não tenho oque falar, ele sempre me ofende e eu sempre engulo em seco porque se eu for falar algo ele me bate, qualquer passo que eu der ele me bate, ele é psicopata, completamente doente. Eu tenho medo a cada segundo que estou nessa casa, eu preciso pedir ajuda a alguém, preciso de alguém, ou eu vou morrer e esse monstro vai fazer mais vítimas como faz todos os dias.
Vou me arrumar para ir ao almoço que o Diogo me convidou, eu não poderia falar que um homem havia me convidado para almoçar com sua família, ele jamais deixaria que eu fosse e não quero que ele me afaste do Diogo, a gente só troca olhares mas sinto algo tão forte vindo dele, meu estômago borbulha e meu coração acelera sempre que o vejo. E ele sempre carinhoso comigo, por mais que tenha a fama de ser o irmão mais cafajeste dentre os três, ele mexe comigo.
Nunca me apaixonei, nunca sequer beijei na boca, sempre tive a minha vida controlada, mas eu já sou uma mulher e não aguento mais viver assim.
Coloco um vestido de renda amarelo, e um tênis branco, deixo meus cabelos soltos, e inclusive é algo que o Carlos implica muito, por eu ser negra e ter os cabelos cacheados ele sempre me ofende e age com tanto preconceito, sendo que ele tem alguns traços iguais a o meu, mas é branco e tem os cabelos lisos. Puxei tudo da minha mãe, que só a vejo por foto.
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OBS: Em alguns capítulos vou me aprofundar mais na história da Manuela e no romance entre ela e o Diogo. Mas não irei ir muito além porque pretendo deixar esse romance para outra história.
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Vidas Opostas
RomanceMirela é uma mulher independente, que viveu sua vida inteira no orfanato, sendo obrigada a deixar o mesmo quando completasse seus 18 anos de vida. Logo se viu desesperada, mas tinha ajuda de suas mães de criação, as mulheres do orfanato que a ajudou...