Mirela
Chegou a hora e estamos todos se preparando. Não paro de tremer mas pela minha filha eu faço qualquer coisa, até matar se for preciso.
- Você já está protegida, você vai ter tempo pra conversar com ela quando ela estiver atrás das grades, então por favor não de confiança para oque ela falar - Mauro me diz e assinto.
Minha vontade é de fazer justiça com minhas próprias mãos, mas infelizmente ainda sinto muito pela minha antiga amiga ter se tornado esse monstro, ou sempre ter sido um monstro.
- Vamos, só a minha equipe e o Maurício mas mesmo assim você irá ficar ao meu lado e se sair você já sabe - olha pra Maurício em desafio e o mesmo sorri cínico.
Eu estou saindo de casa sozinha, não podemos ir todos juntos, eles vão sair depois. Estou muito apreensiva, não pode dar errado, o dinheiro está todo aqui.
Tem homens do Mauro por todo lado a paisana, isso me transmiti alívio porque sei que se tentarem algo, eles iram me proteger.
Vejo o parque em que ela falou, já são dez para as onze. Me aproximo e sento no balanço. Escuto passos atrás de mim, e nem ouso em me virar.
- Cuidado para não arrebentar o balanço com seu peso, amiga - sua voz não mudou nada, a não ser pela maldade que ela agora exala.
Me viro pra Raphaela e ela está completamente diferente da mulher que conheci, mesmo que fosse uma mulher de atitude, ela tinha uma inocência no olhar, mas agora, só vejo maldade.
- Para de ficar me encarando, joga a bolsa, eu quero acabar logo com isso - estende suas mãos e da um passo para frente e eu recuo.
- Não sem antes eu ver a Malu e ter a certeza de que você vai me entregar ela - me distancio um pouco, não quero dar nenhum passo em falso.
- Ok - ela pega seu celular e fala com alguém - ela está vindo - da de ombros e cruza os braços.
- Mamãe - escuto sua voz, e olho em sua direção querendo correr para ela mas sei que não posso, ela está tão fraca, tão suja.
- Filha, mamãe vai te pegar, calma tá bom? - ela chora desesperadamente e eu me aproximo para jogar a bolsa, mas paro quando escuto um disparo.
Não consigo me mover, tudo acontece muito rápido.
Caio de joelhos no chão mas antes de apagar eu vejo Raphaela pegando a bolsa com dinheiro da minha mão.
- Você pensou que fosse esperta, mas nunca pense que vai conseguir me passar a perna, até nunca mais - sai do meu campo de visão.
Eu tento gritar mas não tenho mais forças, e não faço a mínima ideia de onde o tiro me acertou, só sinto dor, mas o tiro não deveria me acertar, estou com a merda do colete, não consigo entender oque aconteceu, e porque ele não me protegeu.
- Mamãe- Malu se joga em cima de mim me abraçando, e apago, mas antes escuto muitos disparos de tiros.
MAURÍCIO.
Tudo foi tão rápido, eles planejaram atirar na Mirela, mas não sei como a porra do tiro pegou se ela está com colete. Estou desesperado e sem saber oque fazer. Tudo deu errado.
Os desgraçados conseguiram fugir. Mas não sem antes serem atingidos por vários disparos.
Pelo menos devolveram a minha menina, e agora eu faço questão de ir até o inferno atrás dessa mulher e desse canalha.
- Quero vocês fechando todas as entradas e saídas da cidade, seja aeroportos, rodoviárias, TUDO - Mauro grita para seus homens que vão de um lado a outro e eu só sei correr para a Mirela que está caída em meio a praça.
- Papai, salva ela - diz desesperada e eu a abraço, mas ela desmaia em meu colo, está muito fraca e não deve ter comido nada.
- Cadê a ambulância porra - grito, e escuto a ambulância chegando - Pronto meus amores, eles vão levar vocês e tudo vai ficar bem, não desista de nós Mirela por favor não me deixa - a abraço e beijo seus lábios secos.
- Vem, deixa levarem ela, vamos para o hospital, eu te levo - me levanta pelo braço, mas não quero sair do lado delas.
- Eu vou com elas - me desvencilhou de sua mão, mas é em vão, Mauro me alcança e eu já não tenho mais forças para tentar lutar.
- Vamos logo, vai dar tudo certo - assinto deixando as lágrimas caírem e ele me carrega até seu carro.
Se acontecer algo com minhas mulheres eu não sei oque eu faço, eu as amo tanto. Mais tanto que faria de tudo para estar no lugar delas.
Mauro avisou a todos oque aconteceu, e não temos notícias dos filhas da puta, eles conseguiram fugir, mas não por muito tempo.
Nós chegamos no hospital e as duas estão sendo medicadas. A enfermeira disse que a Mirela levou um tiro na costela, e a Malu está em soro pois está muito fraca, a Mirela vai entrar em cirurgia e provavelmente irá demorar horas. Eu não sei oque fazer, eu só consigo chorar. Que porra de homem eu sou, tenho que dar forças para elas, mas eu só sei chorar, eu sou um fraco.
Nossos amigos entram na sala correndo e é aí que eu não aguento e choro mais ainda quando minha irmã vem me abraçar.
Mauro fala oque a enfermeira disse e as meninas já não seguram suas lágrimas, parece um enterro. Mirela é tão querida, ela precisa sair dessa, ela não pode me deixar, ela não pode nos deixar.
- Ei, ela é forte, ela vai sair dessa - Marcelo me abraça e eu assinto.
- As duas vão sair dessa, eu tenho certeza - bia diz mais para ela do que para mim.
- Vou ligar para mamãe e papai - Diogo sai em direção a recepção.
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Vidas Opostas
RomanceMirela é uma mulher independente, que viveu sua vida inteira no orfanato, sendo obrigada a deixar o mesmo quando completasse seus 18 anos de vida. Logo se viu desesperada, mas tinha ajuda de suas mães de criação, as mulheres do orfanato que a ajudou...