Mirela
Abri meus olhos mas me arrependo no momento em que eles ardem e eu não consigo enxergar nada. Tento abrir de novo mas é em vão, parece que colocaram pimenta nos meus olhos. Tento coçar mas minhas mãos estão presas em alguma coisa, e não consigo me mexer direito.
- Calma, não se mexe, vou chamar o doutor - uma voz fina e amável diz, e que doutor? Aonde eu estou!?
Escuto a porta se abrindo e fechando.
- Olá Mirela, tudo bem? - assinto com os olhos ainda fechados - vou te ajudar com seus olhos e depois te explico oque aconteceu, afinal deve estar confusa.
E assim ele faz limpando meus olhos e me desprendendo de todos os aparelhos que estavam grudados em mim.
Ele me ajudou a lembrar tudo oque aconteceu, desde quando levei o tiro até agora, fiz uma cirurgia para remover a bala que me acertou na costela, e tive um inchaço no pulmão, e eles tiveram que me manter sedada por uma semana para que eu conseguisse me recuperar sem grandes traumas.
Uma semana em coma, na mesma hora quis levantar e ir ver como estava minha filha, mas ele não deixou e garantiu que ela estava bem, mas com muitas saudades. Logo pensei no Maurício, no quanto ele foi gentil comigo, e o quanto percebi que gosto dele e principalmente que eu quero ficar com ele. Não sei se é paixão, mas é bem parecido pelo pouco que entendo, nesses meses eu tentei esconder esse sentimento e mesmo assim nada foi suficiente, parece que só foi aumentando, a quem eu queria enganar!?
O doutor Samuel foi chamar o Maurício para me ver, disse que ele não saiu daqui nesses sete dias, só saiu para ver a Malu e voltava, foi aí que minhas esperanças dele ainda querer algo comigo acenderam.
- Oi meu amor - ouço sua voz e não consigo segurar minhas lágrimas, e o mesmo vem me abraçar - agora está tudo bem, você é tão forte Mirela - acaricia meu rosto.
- Obrigada por não ter desistido de mim - tenta falar algo mas ponho um dedo em seus lábios - eu fui uma idiota em te negar esse tempo todo, mas eu precisei passar por tudo isso pra saber que é você quem eu quero do meu lado, é sentir o seu abraço que eu preciso sempre nos momentos difíceis, e ver esse seu sorrio nos bons, esse sorriso que me faz ver o quão sortuda sou - minhas lágrimas descem e ele está com os olhos marejados.
- Depois daquele dia que me deu um fora eu estava disposto a te esquecer, mas eu nunca iria conseguir Mirela, você é a mulher que eu achava que seria impossível de encontrar - beija meus lábios e eu retribuo com todo amor que eu tenho.
Um beijo que encaixa perfeitamente, um beijo cheio de saudades, de amor e desejo. Eu o amo. Tenho essa certeza agora.
Escutamos um pigarrear e vimos o doutor nos olhando envergonhado.
- Desculpe atrapalhar, mas vamos fazer alguns exames e amanhã você terá alta - assinto e o mesmo sai do quarto.
- Eu sei que não é a hora para te contar mas, a Raphaela e o Ricardo conseguiram fugir, tentamos de tudo mas bem provável que não estejam mais no Brasil - abaixa a cabeça e eu cerro meus punhos.
- Se antes eu queria conversar, pode ter certeza que agora eu quero é encher essa vaca de porrada, ela vai me pagar por tudo, pode demorar, mas ela vai - dou de ombros e ele sorri.
- Nossa, mas cadê a Mirela boazinha que todos amam? - gargalha e dou um tapa em seu braço.
- Palhaço, ela tem oque ela oferece - assente.
- Ta certa, vou avisar a todos que está bem e já volto, se prepara porque daqui a pouco vão vir como se fosse um avalanche - gargalha e eu acompanho.
Estou morrendo de saudades dos meus amigos, antes era tão sozinha, só eu e Malu até que apareceu a Bia e Antônia, e depois que entrei na empresa conheci pessoas maravilhosas e tão companheiras, é tão bom se sentir amada.
- Amigaaaaaaaa - sorrio ao escutar o grito da Bia.
- Sua maluca, estamos em um hospital - Manuela a recrimina.
- Idai, estou feliz ué - da de ombros.
- idai que tem pessoas doentes aqui Beatriz - diz a empurrando e vindo me abraçar - que saudades meu bem, que bom que está bem - sorri.
- Abusada - empurra Manuela e me abraça - minha bebê que mamãe vai cuidar pra sempre, te amo tanto - sinto suas lágrimas nos meus ombros.
- Não precisa chorar, está tudo bem, inclusive quero agradecer a vocês pelo carinho, de verdade - sorrio e as duas me fuzilam com o olhar.
- Somos suas amigas, esse é nosso papel, não tem que ficar agradecendo nada - Manuela cruza os braços e bia concorda.
- É, parece doente - diz e tapa a boca se dando conta do meu estado.
- Nunca uma expressão pegou tão bem assim - gargalhamos.
Ficamos conversando mais um pouco e logo depois marcelo, mia, Mauro, e a minha princesa vieram me ver, mas só puderam ficar trinta minutos por grupo, mal matamos a saudade. Mas encerrei meu dia cheio de amor.
••••••••••••••••••
Finalmente hoje é meu dia de alta, mas ainda vou ter que voltar para fazer algumas fisio, por conta do tempo que fiquei sem andar.
Maurício está vindo me buscar e não vejo a hora de chegar em casa e estar com minha bebê.
- Esse não é o caminho da minha casa - estranho ao não reconhecer esse caminho.
- Mas é o da minha - da de ombros.
- Como assim é o da sua mauricio?, Eu preciso descansar um pouco, não posso ir pra sua casa agora - cruzo os braços e ele sorri.
- Mas você vai descansar quando chegar lá, agora é a sua casa também - arregalo meus olhos.
- Minha casa? - assente - tá ficando maluco só pode, não vou ficar na sua casa, eu vou para a minha, a Malu não pode ficar sozinha e deve estar me esperando - gargalha.
- Para de ser lerda Mirela, a Malu está morando comigo desde que você foi pro hospital, inclusive ela e aurora estão inseparáveis, e como você tem que ficar de repouso absoluto, nada mais justo do que eu levar as duas para morar comigo. - segura na minha mão.
- Não é justo não, eu posso ficar na minha casa e tem as meninas que podem me ajudar Mauricio, isso não é necessário - afasto sua mão e o olho nervosa.
- É necessário sim, pelo menos por um tempo tudo bem!? Aceite por favor, eu quero cuidar de vocês, e não tem nada de errado já que estamos juntos agora - sorri cheio de malícia.
- Por isso mesmo, as pessoas vão pensar que sou uma aproveitadora - cerra os olhos.
- Foda-se oque vão pensar Mirela, eu conheço você, meus pais e nossos amigos também, e nada mais importa - suspira- e já chegamos, seja bem vinda a sua nova casa meu amor - o olho incrédula.
- Meu Deus - olho em volta e vejo o quão grande é a casa dele, além de linda e elegante, bem diferente da casa dos seus pais, era tão elegante quanto mas ao mesmo tempo era bastante delicada. Mas ambas parecem casas daquelas revistas de ricos.
- Gostou ? - pergunta depois de perceber que estou olhando e quase babando a casa.
- É perfeita, você morava aqui sozinho? - assente.
- Sim, as vezes a aurora vinha pra cá, mas agora pedi para que ela ficasse todos os dias e minha mãe vai ver outra pessoa para trabalhar lá - diz e descemos do carro.

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RomansaMirela é uma mulher independente, que viveu sua vida inteira no orfanato, sendo obrigada a deixar o mesmo quando completasse seus 18 anos de vida. Logo se viu desesperada, mas tinha ajuda de suas mães de criação, as mulheres do orfanato que a ajudou...