Estou deslumbrado.
A recepção acontece em um jardim descoberto nos fundos de uma mansão em um dos bairros mais nobres de São Paulo. Privilégio é um nome que define bem a lista seleta de convidados. Eu não deveria estar aqui, no entanto, estou...
O lugar tem uma grande piscina com água cristalina e luzes no fundo, diversos sofás e poltronas brancas e cor de creme encontram-se espalhados em torno dela. Palmeiras-imperiais enormes estão enfeitadas com luzinhas pequenas. Em um canto distante, no gramado, foi armada uma grande cobertura com teto pontiagudo e um solitário sofá redondo com pufes em volta.
Os convidados estão sorrindo e, segurando taças de espumantes e outras bebidas coloridas, conversam entre si com seus trajes elegantes e impecáveis. Garçons transitam pelo local carregando bandejas com bebidas e aperitivos.
A música que toca é agradável e não sei de onde vem.
Não devo mentir: não conheço ninguém que está aqui e, agora que cheguei, sinto-me completamente deslocado.
Uma mão toca meu ombro. Olho para o lado e deparo-me com o rosto do homem que me trouxe aqui. Ele sorri com ternura, seus cabelos grisalhos o fazem charmoso e sexy.
George é um advogado e já está na casa dos setenta, mas dá um baile em muitos rapazes mais novos dos quais já saíram comigo algum dia. Além de experiência, ele tem ao seu favor o fato de ser muito bem-sucedido e generoso.
— Aproveite a festa — sussurra em meu ouvido com um tom suave. — Para todos os efeitos, somos apenas bons amigos e nos conhecemos através de amigos em comum.
Pisca para mim.
Como vou me esquecer disso se ele veio entoado essa ladainha quase o caminho inteiro? Se a intenção dele é sermos discretos, já entendi, seremos discretos.
Mantenho o sorriso fixo em meu rosto enquanto anuo com a cabeça uma única e singela vez. A verdade é que George é um homem muito reservado e não sei quase nada a seu respeito, embora sejamos bem mais que amigos há um ano, quando o conheci em um site de relacionamentos e passei a frequentar a cama do hotel em que ele se hospeda sempre que vem à São Paulo por encargos do trabalho.
Poderia me ofender por repetir isso vezes o suficiente para virar um mantra ridículo em minha cabeça, porém a verdade é que isso nem me afeta. Apesar de já ter me levado a diversos restaurantes bons, é a primeira vez que me traz em uma recepção como essa e sempre deixou claro que jamais teremos nada além disso, contudo não posso esconder que gostaria de ser realmente o seu namorado.
Somos apenas parceiros por temporadas. É como ele classifica o que temos. Tudo bem para mim, pelo menos é o que digo, desde que isso continue favorecendo a nós dois.
— Venha. — Ele passa por mim e o sigo até um homem que deve ter aproximadamente a mesma idade que a sua, porém tem cabelos negros, que devem ser pintados para sustentar a juventude. Eles dão as mãos e se abraçam brevemente antes que George se vire para mim. — Esse é o Alexandre... Um amigo.
O homem me dá um sorriso de simpatia. Ao seu lado, a jovem mulher loira de vestido prateado me olha como se eu não devesse estar aqui.
— Enrico de Castro. — Estende a mão e retribuo o gesto.
— Muito prazer — digo cordialmente. — E meus parabéns.
— Obrigado!
— É uma festa maravilhosa — comento sem jeito. Ainda não sei como lidar com essas pessoas.
— Fico grato. Não é todo dia que completamos sessenta e oito anos de vida, não é mesmo? — Me lança uma piscadela simpática, embora eu saiba que essa não deve ser sua idade real. — Fique à vontade, os amigos de George são meus amigos também. Agora, se me dão licença, preciso resolver algumas questões importantes.
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NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO) [+18]
RomanceDesde o momento em que conhece Apolo, Alexandre começa a se desconstruir completamente. Com tudo o que ele precisa (sendo lindo, gostoso, safado, rico e muito generoso), o rapaz é arrebatado por esse homem, que entra em sua vida para mudar todo o se...