Capítulo 28

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Acordo em um sobressalto depois de um sonho muito estranho envolvendo Apolo, eu, Marcelo e outros estranhos. Não sei o que isso pode significar, mas tudo passa quando percebo que estou no quarto com ele dormindo tranquilamente ao meu lado. Ainda é noite.

Levo pelo menos um segundo para perceber que há movimento no aposento e só noto isso quando a porta se fecha e ouço o som das pisadas de alguém correndo no corredor. Me levanto depressa e corro até a porta com a rapidez e silencio que consigo, para não acordar Apolo. Não há ninguém no corredor. Vou até as escadas e a vejo de pé lá embaixo, me encarando.

Meu coração desce para os pés com o modo horripilante com que Brenda me olha. Ela usa a mesma camisolinha branca do dia que veio se oferecer à Apolo.

— Eu não quis acorda-lo! — seu tom é de raiva. Seus braços estão cruzados sobre o peito.

A única luz que enche o ambiente vem da parede de vidro que mostra o céu lá fora.

— O que você estava fazendo?

— Só queria entender o que ele vê em você que o fez me dispensar. — franzo as sobrancelhas. — Ele me quer e mesmo assim me dispensa.

— O que quer dizer?

— Você fez ele virar veado.

Patético. Produzo um som de reprovação.

— Ninguém vira gay por influência de outras pessoas! — retruco com uma ponta de ironia. — Além do mais, Apolo não é gay!

— Então que bizarrice há entre vocês? Ele me dispensou porque disse que não quer magoa-lo e só vejo vocês próximos como um casal, até beijo vocês deram e não sentem vergonha disso... — é impressionante como ainda tem pessoas com mente limitada como essa descarada. Sua declaração poderia ser engraçada se não fosse vergonhosa e trágica. — Não sabe como esperei para que ele se separasse daquela... mulherzinha. Ele me prometeu isso, me fez acreditar que ficaríamos juntos. Fiquei toda empolgada quando fiquei sabendo que estaria aqui para o final de semana. Agora que se separou da mulher, achei que começaríamos algo e de repente, ele aparece aqui com você!

— Sinto muito se ele te fez promessas.

— Não precisa sentir, eu sei que não está sendo franco... — ela me olha de relance e consigo sentir mais indiferença nesse pequeno gesto do que realmente tem. — Agora entendo que ele jamais me queria de verdade e nunca passei de uma idiota que acreditou no patrão da mãe. Tudo o que consegui com isso foi um emprego na casa dele e uma bolsa de estudos como prêmio de consolação.

Apesar de não ir com a cara de Brenda, sinto um nó em minha garganta. Ela ergue a mão e limpa o rosto. Só assim percebo que está chorando em silêncio.

Não sei o que posso dizer para consola-la e nem sei se sou capaz disso. Se Apolo fez realmente o que ela disse então ele foi um filho da puta de primeira. E bem lá no fundo não duvido da capacidade dele ter realmente feito algo assim, mesmo que comigo sua franqueza fosse um ponto a ser considerado desde o primeiro momento que nos vimos.

Pra mim, Apolo é um homem frio, mas nunca me iludiu como fez com ela...

— Não precisa ficar me olhando com pena, guarde ela pra si mesmo! Sou a única culpada por ter acreditado nas promessas de um homem casado! Ele só queria tirar a minha virgindade e eu fui uma bobinha ao acreditar que isso faria dele todo meu. — murmura. — Volte para o seu ninho de amor e me deixe em paz!

Franzo os lábios, me viro e subo as escadas. Caminho de volta para o quarto com uma sensação péssima massacrando meu peito.

Tranco a porta quando chego ao quarto, me apoio sobre ela. Apolo continua a dormir tranquilamente. Vou ao banheiro, lavo o rosto e me encaro no espelho imaginando porque essa conversa, que mais pareceu um monologo, me afetou tanto. Talvez seja porque Brenda e eu caímos no papo de um homem casado, a diferença é que ganhei mais do que um emprego e uma bolsa de estudos.

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora