Capítulo 10

1.8K 204 32
                                    

Não são nem 10 horas da manhã quando deixamos o apartamento. Apolo não está falando muito e não sei se há algo para se falar, contudo não me contenho e pergunto:

— O que foi aquilo ontem à noite? — Ele me encara com as sobrancelhas franzidas, sem entender.

— Ao que se refere?

— Depois do sexo com o Pablo você simplesmente ficou frio e distante, nem sequer se aproximou de mim na hora de dormir.

— O que teremos não é um romance, Alexandre. Não confunda as coisas — esclarece de uma vez. — Não vamos sair por aí de mãos dadas para ir ao cinema ver comédias românticas, não vamos tirar fotos juntos ou dormir de conchinha. Se é sobre isso que está falando, peço que não espere essas coisas, pois se decepcionará.

Joga como um balde de água fria cheia de pedras grandes de gelo.

Não digo nada, encaro as ruas passando lá fora.

— Não fique desapontado comigo, simplesmente não sou um homem romântico em circunstâncias normais, não é agora que serei — joga lentamente. Apesar do tom doce e gentil, continuo a sentir como um balde de água fria. — Isso muda algo pra você?

— Por que não fica só com qualquer um sem ter que se vincular comigo para isso?

— Eu gosto de ter um baby e escolhi você — diz simplesmente como quem pega algo da prateleira no supermercado. — Quero alguém que me espere para aproveitarmos momentos prazerosos. Não estou mentindo pra você.

— Eu não disse estar.

— Mas o fato de não dormir de conchinha te incomoda, por quê?

— Eu não sei... Só gosto de dormir assim — respondo. — Faz parecer mais...

— Romântico — completa em tom duro.

Aceno. Essa é a verdade e ele não diz nada de imediato.

O carro para em um sinal vermelho e só quando voltamos é que ele diz:

— Os prazeres que me refiro não se limitam apenas ao desejo carnal, Alexandre. — Há uma reprimenda em sua voz. — Então não farei isso com você só pelo sexo.

— Então por mais o quê?

— Como já disse: encontrar sexo é fácil. Além disso, gosto de gastar meu dinheiro com rapazes mais jovens, realizando seus sonhos e presenteando-os com coisas boas e caras — explica. — Encare isso como uma bela troca benéfica para ambos. Seja meu, como combinamos, e garantirei que você seja um rapaz realizado de muitas maneiras possíveis.

— Isso desde que eu siga às regras.

— Exatamente — concorda com um sorrisinho. Para ele isso parece tão simples e patético.

Ele chega no meu endereço e estaciona em frente ao prédio. Tiro o cinto e me viro para sair, contudo ele se inclina e me segura pelo braço. Volto a encará-lo.

— Tente ficar comigo nos meus termos. Garanto que pode aprender a fazer isso, depois da noite gostosa que tivemos ontem. — Seu sorriso é encantador. — Não precisamos insistir em envolver sentimentalismos para cima de nossos colos. Basta que confie em mim e se desprenda dos padrões impostos pela sociedade. Envolvimento não são apenas amorosos.

— Eu não estou desistindo de nada, só quis entender para não ultrapassar outro dos seus limites.

— Te vejo na sexta, então? — Hesita.

— Exatamente como combinamos.

— Perfeito. — Minha resposta claramente o tranquiliza e isso me faz sorrir. Parece engraçado, mas agora que já experimentei daquilo com o GP até parece menos absurdo a prática e estou mais suscetível a embarcar nessa.

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora