Capítulo 26

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No final do jantar já não acho que a ideia de Apolo seja tão boa assim. Me senti tentado no início e fico feliz por não ter dito sim de uma vez, pois agora que o calor da proposta passou, vejo a situação desfavorável que essa brincadeira idiota me colocaria.

Os motivos são claros: não sinto atração por mulheres e Apolo não é versátil. Quais as probabilidades de terminar sendo esquecido no meio dessa putaria?

Todas as vezes que ele me propôs coisas assim jamais recusei, todavia nunca tinha saído "perdendo" nessa história já que a coisa sempre envolvia outro cara ao qual pudesse me dar prazer também. Talvez apenas a minha dignidade tenha sido fraturada ao aceitar me meter nessa depravação toda quando nunca sequer tinha transado com dois homens ao mesmo tempo e agora já dei até para uma renca.

Se nunca tivesse conhecido esse homem, as chances disso ter acontecido eram nulas e não sou louco de dizer que não gostei, porque seria uma mentira deslavada.

Penso essas coisas durante o jantar e mal consigo me concentrar na bela refeição que Antônia nos preparou. Apolo não comenta nada, todavia sei que percebeu a minha introversão.

Após a refeição, sou apresentado à Bruno. Ele é marido de Antônia e padrasto de Brenda. Um homem simpático bem mais novo que a esposa e é responsável pela manutenção de tudo por aqui.

Apolo me leva para conhecer os cômodos superiores da casa enquanto as empregadas fazem seu trabalho lá embaixo.

Há pelo menos cinco quartos, entre eles a suíte que me faz imagina-lo com sua esposa em noites tórridas de amor na grande cama com cabeceira alta de madeira. A suíte é três vezes maior que qualquer outro quarto da casa e tem direito a banheira hidromassagem e uma varanda com uma vista panorâmica de tirar o fôlego.

A brisa suave toca meu rosto quando me apoio sobre o parapeito para admirar a vista da varanda. A noite está linda e a lua ilumina tudo, refletindo-se sobre o mar escuro.

Logo ali embaixo consigo ver uma grande área externa com direito a uma piscina com luzes no fundo e um gramado bem aparado com palmeiras para criar sombra nos dias quentes demais, acentos e espreguiçadeiras espalhadas por todos os lados.

A iluminação serve para mostrar o caminho que leva pelo terreno que vai ficando íngreme e leva direto a um píer que dá acesso ao mar bem lá embaixo.

Apolo se aproxima de mim, suas mãos tocam meus ombros com suavidade. Ele repousa um beijo em meu pescoço e escorrega as palmas pelos meus braços até coloca-las sobre as minhas. Permito que seus dedos se encaixem entre os meus. Seu corpo toca sobre minhas costas com a temperatura de uma lavareda, prestes a me queimar.

Sua barba por fazer arranha minha pele quando aproxima os lábios de meu ouvido. Gosto da sensação que isso me provoca.

— O que achou?

— Esse lugar é incrível!

— Sabe que não é sobre isso que me refiro, não é? — ele sorri. — Você não comentou nada durante o jantar. Isso me mata.

Já sei exatamente a que ele se refere.

Me lembro de algo que Marcelo me disse: Ele só te vê como um brinquedinho que se mantem calado por estar contente recebendo uma mesadinha, que pra ele não deve ser nada. Conheço homens como esse, Alex; eles só te usam e trocam quando sente que o prazer já não está mais valendo a pena, mas no final sempre vão voltar para a família de comercial de margarina.

Agora isso faz um sentido absurdo. Apolo jamais me assumiria porque comerciais de margarina nunca são retratados por casais homoafetivos e que momento mais impróprio para se pensar essas coisas.

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora