Capítulo 30

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Me sento, cruzo as pernas, pego sua mão e a afago com as minhas com ternura.

— Se você quer que eu fique, como acaba de dizer, porque há pouco disse que posso ir embora se quiser?

— Porque acho que o primeiro passo para se importar com alguém é deixa-la livre para ir, se isso significa que a pessoa será feliz. Não importa a minha dor, mas sim a felicidade do outro.

— Foi por isso que nunca se opôs quando os outros quiseram partir? — ele assente.

— E foi por isso que nunca, por mais que tenha sentido falta deles em algum momento, fui atrás. Se teve uma coisa que meu pai me ensinou com sua ausência é que a distância serve para cicatrizar feridas e supera-las sem covardia. Só o tempo nos ensina se é amor de verdade ou não; quando, mesmo à distância, a saudade só aumenta ao invés de se fechar sem deixar marcas, então é amor. Se passar, era apenas mais um capítulo da sua vida que, como tudo, não será nada além de uma mera lembrança gravada na nossa existência passageira. — esboço um sorriso. — Isso soa patético, não é?

Sorri, parecendo envergonhado, baixa o rosto e encara nossas mãos unidas.

— Não, não é nenhum pouco patético. — garanto. — Homens barbados também podem expressar seus sentimentos em voz alta sem se sentirem fragilizados ou inferiores, Apolo.

— Gosto do conforto que você me transmite desde o primeiro momento que me faz querer falar sobre tudo com você.

— Mas no começo você relutou para abrir esse coração pra mim. — me lembro de quando ele, finalmente, conseguiu dizer o que sentia pelo outro e de como aquilo poderia ter sido o suficiente para não estarmos aqui agora.

— Eu relutei por não querer me sentir um homem patético revelando meus sentimentos. — apesar de qualquer coisa, seus olhos persistem em encarar nossas mãos unidas. — Ficar com você acho que foi a melhor escolha que fiz na minha vida, nos últimos tempos. Depois que me separei do Vitor tudo começou a andar para trás e você veio pra mudar isso.

— Você diz que não é romântico, mas diz umas coisas bonitas quando quer. — nós dois sorrimos disso como duas crianças diante de um brinquedo novo.

— Preciso comprar um celular novo, quer vir comigo?

— Não, vou aproveitar para arrumar a bagunça que você deixou aqui.

— Não precisa fazer isso!

— E você acha que esses papeis e os cacos do aparelho vão se recolher sozinhos?

— Então te ajudo! — decidido, ele se põe de pé e me puxa pela mão.

Minha cabeça ainda está doendo, mas me sinto bem mais tranquilo agora. Apesar de não ter sido nada demais, ter falado sobre a visita de Brenda no nosso quarto foi como se tivesse me livrado de um peso de mil quilos das costas.

Apolo leva minha palma até seus lábios e repousa um beijo tranquilo e suave. Sua barba já está maior e gosto dela desse jeito.

— Não se preocupe com Leona, ela não vai nos importunar mais. — garante quando volta a me encarar. Ergue a mão e acaricia minha bochecha, como se inspecionasse se a palma da mão dela deixou marcas profundas. — Não vou permitir que ela te bata de novo.

— Não quero que brigue com ela. Apesar de qualquer coisa, eu realmente gostava e queria a amizade dela.

— Mais uma coisa que causei a você... Talvez se não tivesse tão intransigente essa confusão não teria sido tão grande e... — coloco um dedo em seus lábios para cala-lo e aproveito para correr a mão para seu queixo e depois pelo seu maxilar, sentindo a barba.

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora