Capítulo 14

1.3K 159 96
                                    

Já passam das 03h00 da manhã e não preguei os olhos sequer um minuto. Estou cansado, mas os pensamentos que rondam minha mente me impendem de cair de vez em um sono profundo e agradável. Ao contrário de Apolo, que dorme tranquilamente no outro lado da cama. Não preciso ligar o abajur para enxerga-lo claramente.

Os pensamentos que enchem minha cabeça são justamente sobre ele.

Depois que chegamos, ele não falou comigo. Se trancou no quarto por algum tempo, enquanto eu preparava alguma coisa para comer. Não fiquei bisbilhotando, porém soube que estava falando ao telefone e quando saiu de lá foi para dizer que estava indo dormir. Fiquei sozinho por horas vendo TV na sala, pensando nisso e sem chegar a nenhuma explicação para sua súbita mudança de humor.

Foi estranho vê-lo assim, pois desde a primeira vez que nos vimos, o Apolo que conheci era outro. Um homem bem sorridente que conversava comigo.

Cansado de ficar na cama, me levanto e saio do quarto com os pés no chão. A porta do cômodo está aberta e assim a deixo ao passar.

Vou até a cozinha, pego um copo no armário e o encho com água da geladeira.

O contrato assinado está esquecido sobre a mesa, junto com os presentes que Apolo me deu. Caminho até lá, deixo o copo, pego o contrato e o leio novamente como se fosse a primeira vez que o fizesse.

A cada clausula faço uma pausa para tomar um gole d'agua. O silêncio no apartamento faz com que me lembre das noites em que passava ouvindo as transas do meu primo.

Acabo deixando tudo na mesa e saio para a varanda. Sou recebido por um vento frio da madrugada, que me faz lembrar que estou apenas de cueca.

Apoio-me no parapeito e encaro as luzes da cidade a perderem-se de vista. A vida aqui é outra. Sinto o cheiro da nobreza no ar e para onde olho me deparo com prédios luxuosos e lindos.

Sinto as mãos dele em minha cintura de repente e isso me faz dar um pulinho. O corpo de Apolo toca o meu, quente como só ele, esmagando-me contra a sacada. Sinto-o todinho.

Seu queixo encosta em meu ombro e seus lábios me beijam atrás da orelha.

— O que está fazendo aqui fora? — quer saber. Sua voz está levemente rouca e arrastada.

Seu membro roça em meu traseiro.

— Só estou pensando.

— Algum problema?

Não respondo. Ele se afasta um pouco e me vira para encarar-me. Suas sobrancelhas se franzem e acabo fugindo da sua inquisição. Ele deve saber, tanto quanto eu.

— Alexandre, qual é o problema? — insiste.

— Você. — assumo, voltando a encara-lo. Percebo que minha confissão o pega de guarda baixa. — O jeito como você estava hoje me deixou confuso. Por um instante, estava irradiante pelo feito de termos nos unidos ao seu contrato e depois, de repente mal estava falando comigo.

Não complemento dizendo que isso aconteceu após o seu telefonema. Somos inteligentes o suficiente para captarmos isso.

Encaro seu peitoral, contudo ele ergue a mão e me obriga a encara-lo novamente. Seu toque é quente e contido.

Seus cabelos estão bagunçados e há uma seriedade em seu olhar, a mesma de mais cedo.

— Lamento por isso. Recebei o telefonema de uma pessoa que me afetou profundamente. — o jeito como usa a palavra "pessoa" só me faz entender que não quer falar sobre isso agora, talvez nem depois. Balanço a cabeça em uma concordância lenta. — Isso nem deveria ter me causado o efeito que causou. Porra, eu broxei! Tem noção do efeito que isso tem sobre mim? Só me fez sentir um homem fraco, e detesto me sentir um homem fraco!

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora