Capítulo 25

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Mesmo depois de muito tempo ainda fico com as palavras de Ícaro na cabeça. Claro que havia muita razão e sensatez no que ele disse, talvez seja exatamente por isso que não me esqueço da sua declaração. Só que também não posso dizer que já desejei vender ou comprar o amor de outra pessoa como se tratando de uma peça estravagante em um desfile da Victoria Secrets.

Os dias se passam devagar, com muitos trabalhos e revisões na faculdade, treinos na academia e momento em que me pego abrindo a conversa apenas para ver se Apolo está online. Ele sequer me dá noticias e sei que não deveria me preocupar com isso, afinal ele é um homem com uma empresa inteira sob seu comando.

Procuro uma nutricionista para me ajudar com a questão alimentícia. O amor pode não ser vendido em nenhuma loja, mas ficar sarado quase se tem dinheiro é muito mais fácil. Abasteço os armários e a geladeira com comidas ideais para a minha necessidade e foco na minha boa forma enquanto ainda ignoro Marcelo.

Talvez eu devesse ouvir o que ele tem a me dizer e sei que estou agindo feito um pateta, mas não quero ficar me iludindo com alguém que me promete coisas. Apolo tinha razão quando disse que não encontrarei um príncipe encantado em uma orgia. Nem sei o que se passava na minha cabeça quando aceitei sair com aquele homem.

Marcelo não me perturba com inúmeras mensagens e também não fico me sentido abandonado por isso, mas em contrapartida minhas noites ficam longas e silenciosas. Ligo pra que Cassio venha passar alguns dias comigo e é legal tê-lo por perto, todavia quando ele vai embora na sexta-feira é como se eu tivesse fadado a ficar sozinho, como ele diz, no alto de uma torre.

São 17h40 quando o interfone toca e o porteiro anuncia um homem. Nem preciso descer para saber quem está lá embaixo, porém mesmo assim vou até lá para ver o que ele tem a me dizer.

Encontro Marcelo com terno e gravata, está lindo. Tira os óculos escuros ao me ver, suas feições estão sérias.

— O que aconteceu? — indaga de uma vez.

Se apoia em seu carro e coloca as mãos nos bolsos da calça. Seu terno é cinza.

— Como assim?

— Não se faça de desentendido! Por que está me ignorando como uma criança de dois anos? — sua pergunta é tão fria e direta quanto uma navalha.

Não fujo dos seus olhos severos.

— Eu não gostei de ter sido colocado pra fora daquele jeito! — digo de uma vez. Cruzo os braços sobre o peito.

Marcelo dá uma risadinha cheia de deboche.

— Custava ter me dito isso?

— Custava! — retruco. — Naquele dia percebi que há mais sobre você do que está realmente me dizendo. Não importa para qual direção nossas conversas vão, sempre terminamos com você me esculhambando por estar no relacionamento que estou.

Ele ergue a sobrancelha, o riso desaparecendo de seu rosto.

— O que acha que há sobre mim que não estou lhe dizendo?

— Isso é você quem tem que me dizer! — franzo as sobrancelhas.

— Tudo isso só porque te pedi para ir embora naquele dia? — o deboche está de volta e isso me irrita. Reviro os olhos. — Isso é patético!

— Bem, pra mim não é!

— Eu mandei uma mensagem explicando tudo. Poderia ter me respondido dizendo que não gostou.

— Eu precisava pensar.

— Você é tão imaturo! — isso me pega de guarda baixa. Não tenho mais o que dizer, me viro e caminho em direção ao portão de entrada. Coloco a mão sobre ele quando Marcelo anuncia: — Se você entrar, encerraremos por aqui!

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora