Capítulo 23

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Apolo se levanta e caminha até o suporte onde tem o aparelho de som. Mexe ali por algum tempo até que a música começa com força e completamente inesquecível.

Logo, Rihanna começa a lamentar seu Love On The Brain e no momento seguinte o homem coloca as mãos nos bolsos da calça e vai se postar, outra vez, diante da porta que leva para a varanda. Não diz nada. Fica encarando a paisagem e sinto como se houvesse muito a ser dito entre nós, embora não faça ideia do quê.

Só me vem à cabeça a pergunta de Marcelo: terei a chance de elevar as minhas expectativas sobre você ou prefere ser tratado como um tapa buracos e amante?

Se por um lado ele diz que sou um tapa buracos para o Apolo, penso no real motivo por trás de seu repentino interesse por mim. Uma pessoa que esbarra em outra em uma orgia e não vê o rosto dos seus fins sexuais não deve sair por aí declarando interesse por todo mundo.

É complicado, foi sua resposta e isso é um tanto quanto incógnito. Não sei se devo me apegar ao que esse homem diz e por mais que as intenções de Apolo sejam claras comigo desde o início, estamos nos aprofundando. Nesses últimos dias descobri mais sobre ele do que pensei que me contaria algum dia.

— Não vou há lugar algum! — garanto por fim e demoro tanto para dizer que minha resposta até perde o sentido.

Apolo assente sem se virar. Será que devo aproveitar o momento de franqueza para contar que quebrei uma das cláusulas do contrato ao beijar o Marcelo?

Concluo que não contarei nada! Me deito e encaro o teto enquanto a música rola, dizendo o que nenhum de nós quer dizer.

Quando a música termina, Apolo se vira e me encara justamente quando Love is Pain começa a tocar.

— Desculpe, hoje estou deprimido, não sou uma boa companhia! — tira a mão do bolso e a passa no rosto. — Estou cansado e minha cabeça está enorme e pesada. Me lembre de nunca mais beber daquele jeito!

— Claro! — ele sorri.

— Além do mais, não quero parecer um carente incurável!

— Não se preocupe, foi justamente isso que pareceu! — garanto achando graça. — Não precisa se desculpar, Apolo. Todo nós temos dias ruins e não esperei que com você fosse diferente.

Ficamos em silêncio com a música correndo entre nós.

Fergie começa a gritar o refrão e me pergunto se Apolo está assim exatamente apenas pelo fim do seu casamento ou se o motivo tem mais a ver com o fato de não ter feito o que Dalila fez primeiro.

— Vou embora! — me sento de repente.

— Como assim?

Apolo caminha em direção ao closet e vou atrás dele.

— Preciso ficar um pouco sozinho e, como já disse, não sou uma boa companhia pra você hoje! — seu tom é de alto censura.

— Tem certeza que ficar sozinho é uma boa escolha nesse momento?

— Não tenho certeza de nada! Mas, em todo caso, não vou ficar te prendendo aqui quando pode aproveitar o seu dia com alguma coisa mais animadora.

Vejo enquanto ele se troca lentamente. Gostaria de ter argumentos para fazê-lo ficar.

— Não precisa ir! — é tudo o que digo.

— Não se preocupe, eu vou ficar bem. — ele vai ao banheiro, volto para o quarto e espero por ele na cama. A música parece bem mais dramática agora do que nos minutos anteriores.

Apolo retorna com o celular na mão, para há certa distância.

— Você não vai procura-lo, vai? — me certifico.

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora