Capítulo 33

1.3K 149 81
                                    

— O quê? — indago. — Como assim?

Apolo está visivelmente abalado. Seu rosto está pálido e se apoia no batente da porta. Corro para ajudá-lo a se firmar.

— Estou bem, não se preocupe. — garante. — Só fiquei... um pouco chocado.

— Eu sei, Apolo, vamos entrar.

A chave ficou na fechadura, então abro a porta e entramos juntos. Deixo minha mochila cair perto da porta e o levo até o sofá, corro até a cozinha, pego água e coloco açúcar.

Apolo me encara como se sentisse vergonha por ter ficado assim com a notícia. Entrego-lhe o copo com água e ele toma tudo em um único gole, se inclina e deixa o copo sobre a mesinha de centro.

Me sento ao seu lado, ele segura minhas mãos e ficamos calados por algum tempo. Minha cabeça gira algumas vezes.

— Preciso leva-lo para a faculdade. — ele fica de pé.

— Não precisa fazer isso, Apolo. Eu vou ficar aqui com você.

— Não quero que reprove por minha culpa. — garante.

— A não ser que não queira a minha presença. — fico de pé também.

Ele me encara, franze os lábios, passa a mão em minha bochecha e me puxa para seus braços.

— Não seja bobo, é claro que quero a sua presença.... sempre! — passo as mãos em torno da sua cintura. Seu cheiro me agrada. — Só fiquei impactado com a notícia.

— Ele descobriu o que aconteceu?

— Não me deu em detalhes, mas ao que parece foi um suicídio.

Não digo nada, porém depois do encontro que tive com o rapaz, ele não me pareceu o tipo de pessoa que se suicidaria, contudo não me preocupo com isso.

Me afasto do peito de Apolo e o encaro.

— Você quer comer alguma coisa?

— Na verdade, estou cheio de fome. Só preciso de um banho.

Ele me dá um beijo e vai para o quarto. Fico olhando-o. Essa noticia o pegou de guarda baixa, mas acabo sentindo um comichão.

Vou para a cozinha e esquento uma lasanha de beringela que a diarista preparou em sua última vinda.

Quando volta, com os cabelos molhados, usando uma calça moletom cinza e camisa branca. Ele está lindo, embora visivelmente triste.

É impressionante que mesmo com tudo o que aconteceu com esse sujeito, Apolo ainda sente pela morte dele. Não quero parecer insensível nem nada, mas não senti remorso por saber que isso aconteceu ao Vitor.

Coloco nosso jantar na mesa quando ele se senta, pego dois pratos e os talheres e vou servi-lo.

Comemos em completo silêncio. Não sei o que posso falar para amenizar o que ele deve estar sentindo. Querendo ou não, por mais que Vitor tenha sido um filho da puta de primeira, Apolo e ele dividiram muitos momentos juntos. Isso não dá pra negar.

— Alexandre, eu... — começa, sua voz grossa corta meu devaneio como uma katana. O encaro. — Ando pensando muito em nós dois.

— O que quer dizer?

Ele solta o garfo, escorrega a mão sobre a mesa e pega a minha. Seus olhos são sérios.

— Faz pouco tempo que estamos juntos e muita coisa mudou desde a primeira vez que nos vimos. — ele fala lentamente, como se eu pudesse perder alguma coisa se disser de outro jeito. — Meu advogado me procurou para mostrar a nova via do nosso contrato e decidi que não quero mais fazer isso.

NAS MÃOS DO PRAZER (COMPLETO)   [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora