Chance que eu perdi

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Liam

Acordo mais uma vez com o peso em meu coração. Peso ruim. Peso de algo errado. Peso querendo alívio. O peso que ela deixou em mim quando decidiu que era hora de partir. Há meses eu não consigo lidar com esse sufoco, e tudo que peço é uma válvula de escape.

Eu jamais tiraria a razão dela em ter me deixado, na verdade eu até entendo. Também não insistiria em uma pessoa que não demonstra que quer o mesmo que eu. Ela desde o início deixou claro suas intenções. Queria se envolver comigo, de verdade. Já eu estava em um momento que não conseguia me decidir. Queria ela, mas também não queria. Só enfim vim perceber o que meu coração pedia, quando ela decidiu ir embora.

Débora foi quase como uma melhor amiga para mim durante quatro meses. A gente tinha uma espécie de ligação forte, não conseguíamos ficar muito tempo longe um do outro, e isso chegou a me assustar. Não éramos amigos como todo mundo, afinal agiamos as vezes como casal. Ela dormia comigo. Saíamos para os lugares de mãos dadas. Nos beijavamos em público e na frente dos amigos. Mas também não tínhamos nada decidido. Ela me ouvia e eu a ouvia. Ela me fazia ri, e eu a fazia ri. Éramos cúmplices.

Mas as coisas foram mudando conforme o tempo. Débora passou a se importar menos comigo. Era como se o seu interesse estivesse cada dia mais diminuindo, até enfim pararmos de vez de nos falar e nos ver. Não que eu não tenha tentado reverter a situação. Eu tentei. Diversas vezes. Mas era em vão, ela simplesmente não era mais a mesma Débora, a minha Débora.

Me culpo por não ter definido nossa relação, talvez tudo que ela quisesse fosse segurança, e eu não soube dar. A culpo por não me dizer nada e simplesmente me deixar. Culpo o destino por ter colocado alguém tão incrível em minha vida e depois me tirar.

Saio da cama, me arrumo e saio para correr como todas as manhãs. Tento não lembrar de Débora a cada passo que dou, mas é difícil. As músicas que tocam em meus fones de ouvido parecem ser sobre ela, e quando John Mayer soa, eu tenho quase a certeza de que o destino está querendo me ver chorar. Ele era nosso artista favorito em comum.

Tento me concentrar em outras coisas como meus afazeres do dia, assim como sempre faço quando quero a tirar da cabeça, mas é como se hoje nada funcionasse. A dor em meu peito só cresce, e o sufoco aumenta. O que é isso? Eu sei que a ausência de alguém importante pode nos fazer sofrer, mas isso está demais. É como se eu estivesse mesmo precisando de Débora. É como se cada célula do meu corpo implorasse por ela. E quando dou por mim estou correndo em direção a sua casa.

Eu preciso ao menos a olhar. Ter certeza de que está bem. Que seu cheiro continua o mesmo. Ou que seu beijo continua sendo o melhor que já provei.

Assim que paro em frente a casa, minhas mãos soam. Não sei se é porquê corri cinco quarteirões, ou se é de nervosismo. Respiro fundo olhando para a madeira escura da porta. Meu coração bate tão forte que meus ouvidos vibram. Minha boca está seca, e minhas pernas bambas. É desesperador como meu corpo sente antes mesmo de ver Débora. Quando crio finalmente a coragem em tocar a campainha, parece que tudo se torna mais real. Eu realmente estou parado na porta da casa da Débora, e em poucos segundos ela vai está na minha frente. Céus!

Quando escuto a maçaneta sendo girada, eu fecho os olhos e suspiro. Escuto a porta sendo aberta, logo depois uma onda de silêncio.

Lentamente abro meus olhos e depois de tanto tempo meus ombros relaxam. Minha respiração se torna regular. E aquele peso que senti hoje mais cedo diminui significativamente. Débora me encara surpresa. Ela está radiante. O mesmo cabelo curto. A mesma pele pálida. A mesma boca rosada e em linha reta.

- Está tudo bem? - Ela pergunta e meu coração se derrete. Que saudades dessa voz.

- Agora sim - murmuro com um sorriso fraco.

Imagines Liam PayneOnde histórias criam vida. Descubra agora