Capítulo 20

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Sem cabeça para ir para a empresa volto para mansão, tomo um banho, visto uma roupa leve e tento ocupar minha mente com algum trabalho no escritório, mas nada consegue fazer eu esquecer. As notícias chegam a todo instante, amigos e colegas que não resistem e vão a óbito, outros que lutam, mas as sequelas serão irreversíveis. Ele estava tão rápido e atingiu tantas pessoas. Desisto de trabalhar e me sento no sofá que se tornou meu refúgio.

Não consigo acreditar que isso aconteceu por questões políticas, o que ele estava pensando? Que isso mudaria algo? Que matando um político ele seria facilmente substituído? Estamos tratando de vidas humanas não é tão simples assim. Esse mundo é uma desgraça, corrupção é de longe o menos dos problemas. Deixo o computador aberto no site do meu lado atenta a qualquer nova notícia, rezando para serem boas.

Eu conhecia aquelas pessoas, cresci cercada por elas, eram mesmo que indiretamente a minha família. É contraditório que apesar de não suportar a parte suja da política, ainda torça para os que querem fazer bem sejam bem sucedidos, mas até isso querem tirar.

Não sei quanto tempo eu fico ali encarando a tela do computador, lutando contra as lágrimas e revivendo o momento que não sai da minha cabeça.

Estamos na entrada do evento, sorrindo, felizes, tirando as fotos e respondendo as perguntas, Dylan e Brenda estão conosco, meus pais mais a cima, de repente um barulho alto chama nossa atenção, a buzina soa constante quando o carro se choca contra a fonte capotando e acertando as pessoas por onde passa. Um mar de sangue se forma em meus pés e procuro por Andrew, o desespero das pessoas é ensurdecedor e tento tapas os ouvidos querendo silencio, querendo sair dali, então o vejo, morto, massacrado pelo carro, Andrew com os olhos abertos mas já sem vida, apenas sangue saindo de seu corpo, muito sangue. Sinto meu corpo tremer, não, não, não! A buzina soa novamente, alta, constante e quando viro para olhar um carro se choca contra mim...

Me sento sobressaltada, ofegante e suada procurando me situar.

- Valerie...

Olho em volta vendo que estou no quarto e Andrew está na minha frente me olhando com preocupação.

Não penso, apenas me agarro a ele envolvendo seu pescoço com os braços sentindo meu corpo tremer.

- Eu sonhei...sonhei...

- Shh, tudo bem – ele afaga minhas costas devolvendo o abraço com a mesma força que o aperto – Está tudo bem.

Ainda comigo agarrada em seu pescoço ele se ajeita me colando em seu colo, meu peito contra o seu encaixando-nos melhor no abraço.

- Nós estamos bem – ele sussurra enquanto sinto as lágrimas descerem devagar – Não vai acontecer nada, já passou amor.

Balanço a cabeça confirmando, escondendo meu rosto em seu pescoço sentindo seu cheiro e o apertando um pouco mais, deixando-o preso contra mim, aqui, seguro. Aos poucos meu coração se acalma e os tremores passam, mas não o solto, não consigo e Andrew é paciente.

Quando me afasto seguro seu rosto em minhas mãos, encarando seu olhar preocupado e meu coração aperta com a imagem dele no chão, sem vida...

Eu o amo, com todas as minhas forças.

Beijo seus lábios e fecho os olhos, sentindo-o. Ele corresponde com a mesma intensidade correspondendo a minha necessidade.

- Valerie...- chama por mim, tocando meu rosto sem entender.

- Só me abraça, por favor.

Ele o faz, nos deitamos comigo agarrada a ele, nossas pernas entrelaçadas e seus braços me segurando como se estivesse numa concha, quente e confortável. Ele segura minha mão, beija e a coloca sobre seu coração e sinto as batidas fortes e constantes, é assim que consigo dormir de novo, sem mais nada atrapalhar meu sono.

A Esposa Perfeita |LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora