Capítulo 27

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Não importa o tempo que eu mantenho meus olhos fechados ou o esforço que faço para ignorar, eu não consigo dormir. Encaro o teto, me perguntando se a fadiga e o estresse vem da gravidez, porque sinceramente o enjoo é o suficiente!

Afasto o lençol bruscamente e calço as sandálias enquanto visto o robe pronta para sair do quarto no mesmo instante que Dylan sai do de hospedes.

- Não sabia que estávamos tão perto – tento descontrair mas ele quase não sorrir – Sem sono?

- Estranhando o quarto. Você também?

Dou de ombros.

- Seu sobrinho quer comer – reviro os olhos e ganho um sorriso um pouco maior – Me acompanha?

Seguimos pelo corredor e noto quando o olhar dele fixa na porta de seu quarto com Brenda, deve ser muito pior para ele.

Ligo as luzes da cozinha e ataco a geladeira, literalmente.

- Vamos pequeno, o que você quer comer hoje? Nenhuma manifestação? – passo os olhos por todas as besteiras que tem na geladeira e pareço reagir as panelas com a comida do jantar – Não – bato o martelo mas quanto mais eu olho...- São três horas da manhã, seja compreensivo!

Escuto a risada de Dylan na mesma hora que suspiro derrotada e tiro as panelas.

- Quando você disse que estava com fome eu pensei que ia beliscar uma fruta, alguma besteira – ele me provoca.

- Eu também – resmungo e começo a me servir – Mas essa coisa é imprevisível!

Enfio o prato no micro-ondas e depois que ligo me vem a mente se isso é saudável. Eu estou enlouquecendo com tantos detalhes!

- Preciso urgentemente ir no médico.

Me viro e o encontro com o semblante sério.

- Você não quer essa criança – quase posso sentir a pena em sua voz.

- Isso faz de mim uma pessoa ruim não faz? – decido ser sincera, Dylan é agora o mais próximo que vou ter disso - Eu sei, é apenas um serzinho que não tem culpa dos nossos erros, mas não, se pudesse escolher, não teria deixado acontecer. Bagunçou todo o planejamento da minha vida.

- Você não o quer por isso, ou por causa de Andrew?

- Nos dois casos Andrew é o protagonista.

- Então se pudesse voltar, não teria aceito a proposta – é mais uma afirmação que uma pergunta.

O micro-ondas avisa que o prato está pronto e eu o pego me sentando no banco ao lado dele e atacando a comida enquanto penso a respeito.

Poderia jogar tudo para o ar e abandonar o barco, não sou idiota, os termos por trás do casamento não possuem nenhum valor legal, foi mera cerimonia para que os dois meios estivessem de acordo e não pudessem mais tarde dizer que não estavam cientes, eu estava ciente e provavelmente louca ao achar que isso daria certo. O documento registrado que de fato vale alguma coisa, é o registro de casamento e esse não tem dificuldade nenhuma para ser anulado. Mas quando lembro os motivos que me fizeram aceitar esse acordo político, os benefícios, a facilidade...as vezes me sinto tão suja quanto qualquer outro político tendo a ilusória desculpa de que faço o errado para poder realizar o certo quando no fim só optamos pelo meio mais fácil para ambos.

- Hoje? Não. Mas se esperassem uma ou duas semanas, sim, aceitaria porque envolve algo muito maior que apenas poder e sentimentos. E se olhar por esse lado, sou tão trouxa quanto você.

- O amor faz isso com a gente - sorrir ternamente.

- Deveria ser um conto de fadas como todos pregam – enfio uma colher generosa de comida e fecho os olhos com o sabor, Edna é a melhor cozinheira da faça da terra.

A Esposa Perfeita |LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora