Tranquei a porta.
Mas isso não me deixou mais tranquila ou me fez sentir bem ou minimamente vingada pelas atitudes dele me prejudicarem na empresa.
Durante a semana acordei outra vezes durante a noite e ele sempre estava aqui. Ele não dorme no quarto desde a primeira noite, saiu e só retornou na manhã do dia seguinte e pelos relatos das meninas que Elen me contou também, desde então tem escapado para o meu quarto, a cama dele fica intacta. Fiquei acordada uma vez, ele entra por volta das duas, senta na cama, faz carinho em meu rosto, cheira meus cabelos e as vezes me toca um pouco mais, nos braços, pescoço, costas, nada muito longo ou forte, mas de forma suave para não me acordar e ele sempre, sempre pede perdão. Sei disso porque eu passei a ficar acordada esperando por ele.
Mas hoje não.
Encaro o teto inquieta, tentando distrair minha mente. Ele pode muito bem dormir no quarto dele, se quisesse ele comigo teria continuado lá, ele não entende? Bufo com raiva de mim por estar preocupada com a reação dele quando descobrir que a porta está trancada.
Vai entender o recado?
O que exatamente eu quero passar a ele?
Ponho a mão no rosto indecisa.
Meu coração vai a mil quando escuto a maçaneta mexer e no mesmo instante me sento observando a porta. Duas e dez. Ele tenta outra vez, mais devagar agora e prendo a respiração, nada.
Meu coração parece um louco descontrolado. Isso não é nada demais Valerie, já deveria ter feito isso a muito tempo atrás.
Escuto um barulho estranho, algo arrastando. Ele não...ele não vai ficar na porta, vai?
Tudo fica em silêncio, mas a dúvida persiste. Me levanto e me aproximo devagar, tentando ver alguma sombra pela fresta debaixo da porta mas não vejo nada além do fraco feixe de luz do corredor, toco na porta e aproximo meu ouvido no mesmo instante que ele suspira.
- Boa noite meu amor.
Coloco a mão na boca contendo um arquejo e corro de volta para cama.
Isso é injusto, é golpe baixo, ele não pode brincar com meu psicológico assim.
Ele também diz isso, toda vez antes de levantar e ficar no sofá.
Tento ignorar e dormir, ele vai cansar e vai para o quarto. Ele não vai ficar ali, o que ele ganha com isso?
Mas eu não consigo, dá três horas da madrugada e eu continuo acordada, preocupada. Encaro a porta mais uma vez, em silêncio absoluto para tentar ouvir algo.
Nada.
Suspiro e torno a me levantar pronta para expulsá-lo da minha porta se estiver mesmo ali. Abro ela devagar, mas toda minha determinação vai embora quando o vejo sentado no chão com os braços sobre os joelhos e a cabeça inclinada entre eles. É quase como se ele tivesse aceitado a derrota de algo. De mim.
Me escoro no batente, sentindo minhas pernas bambas.
Ele ergue a cabeça e a escora na parede, o olhar fixado na parede do outro lado.
- O que está fazendo aqui? – me surpreendo quando com o quão firme minha voz sai.
Ele não responde de imediato, parece meio perdido, decepcionado.
- Pode voltar a dormir Valerie, não vou fazer nada.
Isso me incomoda.
- Só estava pensando.
- Em quê? – sou um pouco bruta.
Ele suspira.
- No nosso casamento – ele tem minha atenção – Na forma como eu invadi a sala e aquelas doidas quase arrancaram meu pescoço – ele dá um pequeno sorriso – Mas então lá estava você, uma noiva perfeita, por simplesmente ser você, eu me senti um grande sortudo em ter você em minha vida naquele momento. Você lembra o que eu falei? Disse que cuidaria de você, que apesar de nosso casamento estar acontecendo por todos os motivos menos o certo, isso não me impediria de cuidar de você como merecia. Eu prometi estar sempre ao seu lado, te ajudar, te respeitar e ser seu melhor amigo, mais acima de tudo eu prometi fazer de tudo para não decepcionar você.
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A Esposa Perfeita |LIVRO 2
RomanceCasados! Ainda era estranho para Valerie assimilar sua nova condição, mas que verdade fosse dita, o pior já havia passado, certo? Talvez nem tanto. Andrew Fischer conseguiu uma esposa perfeita e a liderança da corrida eleitoral, estava tudo ocorren...