outrora pensei e disse

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Hoje nada foi expulso do meu âmago, nada foi exposto e nem estraçalhado,
simplesmente comecei a sentir os versos saírem novamente
mas, como poderia definir?
os julgaria simples?
Como poderia ousar impor meu vocabulário numa norma culta?
Como poderia me encaixar em tamanha neutralidade?
Bem, tudo é efêmero, eles dizem.
A vida são margaridas turquesas iluminadas pelo sol das 15:47.
Mas, se por um equívoco arrancá-las por mero egoísmo, veria sua morte a curto prazo, assim como tudo aquilo que ultrapassa seu tempo. Entretanto, diria que por mais melancólica que a morte possa ser, por mais rude, mórbida ou cruel, ela se sustenta na realidade, como aquilo que se faz carnal.
Poderia tagarelar pro horas sobre a morte, e como ela não me aflige ou incomoda, sendo dissimulada como sou, poderia dizer que é apenas um ciclo, e ela quem dá sentido a vida, e que se não houvesse um fim, a mesquinharia ultrapassaria limites inimagináveis, a ânsia de poder faria o mundo eclodir e sinto dizer, mas não teria sorrisos tão sinceros em nobres crianças.
Louvo por ainda existir esperança.
Caio por ainda estar sob matança.
Leio pra não pertencer.
Observo pelo fulgaz prazer no ser.
Gozo por me ter.
Sorrio, a vida é querer.
Procuro junto ao meu corpo insaciável por respostas que só o meu completo daria, grito aos surdos pois nem o mais justo entenderia, por que se me ouvissem, até o mais santo pecaria.
Cabe a mim saber preencher, saber triunfar, saber querer.
Sinto-me distante por natureza, por ser parte desta verdade e por deixar tanta saudade. Trouxe comigo além de seus pedaços, a minha liberdade, ansiosa liberdade, que comicamente me priva, por me obrigar a não pertencer.
Continuo a escrever, pois é o que faço quando me sinto cheia, de certa forma, engasgada, e preciso descobrir o que está acontecendo.
Isso não é um poema, são palavras secas, sem rumo e com um dilema
Quanto você tem que dominar pra se sentir plena?
Onde estás a beleza que pensou encontrar aí em cima?
Ah, vamos falar sobre o egocentrismo.
Que porra de mundo foi esse que nasceram onde vivem 24h entre 4 paredes espelhadas?
Desculpa a informalidade, mas estes não merecem minha tão sagrada fala, modéstia parte.
Todavia, prefiro acreditar no equilíbrio, mas a utopia ainda me mata. Imagine então um alocentrismo, não continua sendo patético?
A vida de outrem em sua totalidade mais importante que a sua.. não soa lindo, mas patético?
Quero dizer...até para existir dependemos de infinitos meios e a causa final não é sempre a mesma?
Nascer, crescer, ter, manter, criar, esperar, morrer.
Eu vejo buracos negros entre as vírgulas e aí de quem queria tirar de mim o sangue nos olhos que fervem quando me dizem que não posso fazer algo. Meu bem, eu não to aqui pra seguir roteiros.

Outrora, se caio em declínio, sou capaz de ver a luz; Se em mim jaz um fascínio serei quem o conduz, como terceiro autor pois quem criou foi, de fato, a arte da lucidez.
Se em mim há virtude, caio em contradição.
Se em mim se fez ternura, me faço imensidão e se em ti está a mais formosa cura, me embebedo do teu coração.
Irei sugar teu mais singelo sentimento pra me sentir mais são.
Se tão fria me faço, tão quente me derreto, mais forte me contraio e tão lúcida me perco.
Virou poesia o que era pra ser meu receio. Mas é o que em demasia faço, transformo tristeza num irônico plágio e verbalizo meu fracasso.
Faço piada e pouco caso enquanto carrego o fardo de sentir demais.

outrora penseiOnde histórias criam vida. Descubra agora