◇ CAPÍTULO SETE ◇
Prelúdio - Ele
EU TINHA DEZ ANOS, provavelmente.
- Vance... eu preciso que você entenda... eu e o seu pai não vamos morar mais juntos. Nós decidimos nos... separar.
Minha mãe estava sentada no sofá enquanto olhava para mim. Mais cedo ela falara que queria conversar comigo sobre algo muito importante em nossas vidas, e que mudaria tudo a partir daquele momento. Desde o início, suspeitei que fosse por causa da última briga com meu pai, ele estava furioso dentro de casa e derrubou muitos pratos e móveis. Ele também havia desaparecido depois de tudo, o que era estranho. De certa forma eu não entendia o que havia causado tudo aquilo, mas já havia se tornado normal o meu pai brigar com minha mãe sempre que ele achasse necessário.
- Sim, mamãe. Tudo bem - foi o que eu falei. E a abracei.
Da última discussão, consegui decorar uma única palavra.
Vadia.
Senti suas lágrimas molharem as minhas costas, e os seus soluços cada vez mais insistentes que se tornavam ternos. Eu poderia ser criança, mas sabia exatamente que tudo o que estava acontecendo era necessário para que a minha mãe fosse feliz, ela não era assim com o meu pai, e por mais que eu gostasse dele (mesmo com ele gritando daquele jeito com todo mundo e sem qualquer motivo), tinha certeza que ele não poderia ficar com a minha mãe. Minha mãe precisava ser feliz, e ele não era a pessoa certa para isso.
- Tudo vai melhorar... - falei em minha inocência de criança.
No mesmo momento a campainha tocou e minha mãe se levantou do nosso abraço e sorriu pra mim.
- Eu vou atender... - falei.
Corri até a porta da frente, e abri a mesma lentamente. O Sr. Norant, um cara magro e de cabelos levemente grandes e de olhos castanhos quase vermelhos, era amigo da minha mãe e estava do outro lado sorrindo pra mim. Ele também era amigo do meu pai, mas ultimamente não falava muito com ele, e sim, com minha mãe. Os três haviam estudado na mesma escola quando jovens.
- Sua mãe está? - ele perguntou. Em seu rosto eu o vi fazendo uma careta quando me viu, mas acho que poderia ser apenas impressão.
- Está sim.
Da cozinha minha mãe o ouviu e gritou seu nome.
BRUCE!
Ele sorriu novamente e passou por mim sem pedir licença, e seguiu até a cozinha. Lentamente fechei a porta da frente enquanto tentava ouvir o que os dois conversavam na cozinha. Ainda pude ouvir minha mãe agradecer a ele, enquanto o mesmo dizia que a partir daquele momento, tudo iria se resolver.
Aquele era o início de uma grande tormenta.
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O Apagar das Luzes [DISPONÍVEL NA AMAZON]
RomanceAlana é uma garota que enfrenta problemas com álcool e com o passado que a persegue. Desde nova, deixou que sua vida se tornasse cinza e sem perspectiva alguma. Residindo em Londres, ela consegue ser demitida do seu décimo emprego, e se vê "obrigada...