◇ CAPÍTULO TREZE ◇
Disfarce - Ela
NOVEMBRO PASSOU TÃO RÁPIDO quanto eu gostaria que passasse, e dezembro chegou com uma leveza quase inacreditável, mesmo que essa leveza não se mantivesse em casa.
Era o mês natalino, e embora esta data não fosse tão bem aproveitada na casa da Srta. Cetti, a minha mãe, havia um misto entre deprimente e divertido ao ver Coldwint se preparar para o aniversário mais famoso do mundo (era algo realmente divertido, tenho que admitir). Enquanto a cidade se enfeitava de luzes e árvores de natal, eu e minha mãe tentávamos nos esquivar dentro de casa; evitando diálogos muito prolongados e até estarmos ao mesmo tempo no mesmo cômodo. Isto era algo que não se podia denotar a partir de quando falávamos (conseguíamos fingir bem até para nós mesmas). Mesmo que algo estivesse estranhamente pesando o clima, nós fazíamos isso parecer até um tanto leve.
Como sempre, uma farsa. Uma farsa que se repetia feriado após feriado, desde...
- Como era o natal na casa da sua mãe? - perguntei para Vance na manhã do segundo dia de dezembro, enquanto fazia uma retrospectiva mental sobre as minhas próprias festas de fim de ano. Ele havia retornado na noite anterior, durante o meu sono. Disse que ficou com raiva após a minha recusa em denunciar seu padrasto, mas que depois, ao refletir sobre tudo, acabou concordando comigo. Infelizmente (felizmente para mim) ele não conseguia encontrar a minha casa, então ficou esperando minha mãe aparecer em algum momento e segui-la.
"Tive que voltar até a minha antiga casa enquanto acompanhava sua mãe. Bruce não está indo mais para a empresa. Prefere ficar em casa." Foi o que falou depois que me acordou. Eu o xinguei o chamando de esquisito, e voltei a dormir.
- Eram deprimentes - disse ele, olhando para mim e recostado na janela.
Naquele momento em específico, eu estava arrumando pela primeira vez desde que havia voltado, a minha cama junto com o resto do quarto, até porque, o cheiro do suor e vômito de uma das noites passadas onde eu acabei bebendo demais, e, bem, vomitando em um dos lençóis ainda estava impregnado. Além disso, mesmo minha mãe tendo arrumado meu quarto há poucos dias atrás, minha extrema "organização" havia deixado tudo quase no estágio inicial. Em resumo, estava começando a me sentir imunda, em um ambiente igualmente imundo. Logo isso passaria.
- Que legal... - disse de forma sarcástica e ele riu um pouco. - Só isso? Não tem mais um adjetivo negativo para complementar? - Peguei a roupa de cama suja, e joguei em um pequeno cesto no canto do quarto, próximo a mesinha do abajur.
-Não. Bem, era na verdade um teatro. Eu fingia estar feliz, enquanto o Bruce fingia estar confortável e a minha mãe... - Ele parou no momento com os olhos fixos no chão, como se pudesse ver a cena acontecer naquele instante. - Ela fingia que tinha a família perfeita. No fundo, ela sempre quis isso. Momentos perfeitos com a família perfeita. O conceito de perfeição dela foi deteriorado com o tempo.
- Perfeição, o perfeito... isso não existe. Invenção humana para ter um certo padrão inatingível para tudo - eu falei e ele sorriu, maneando com a cabeça.
- Faz sentido - respondeu. - E os seus natais? Como são?
- A pergunta deveria estar no passado mesmo. Minha mãe não comemora - disse de forma simples, e ele se empertigou para saber mais. Logo, me arrependi de ter iniciado a conversa.
- Não entendi...
- Ela não gosta da data. Lembra coisas tristes, acho. Temos nossa ceia e um pinheiro, mas é algo rápido e depois, bem, só isso.
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O Apagar das Luzes [DISPONÍVEL NA AMAZON]
RomanceAlana é uma garota que enfrenta problemas com álcool e com o passado que a persegue. Desde nova, deixou que sua vida se tornasse cinza e sem perspectiva alguma. Residindo em Londres, ela consegue ser demitida do seu décimo emprego, e se vê "obrigada...