17. Chegada ◇ Ele

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◇ CAPÍTULO DEZESSETE ◇

Chegada — Ele

EU ESTAVA AO LADO de Alana quando o seu amigo ligou.

Garota... Estou chegando na sua cidade. Vai me esperar na estação! — Estava no viva-voz, então pude ouvir a conversa. Esta, havia sido a quinta tentativa de ligação para Alana, mas ela não atendia pois o celular estava no fundo da bolsa e no modo avião. Apenas quando resolveu desativar, foi que conseguiu atender o amigo. — Onde você estava? Por Deus! Liguei tanto que já estava achando que a minha viagem seria perdida.

— Eu... ah... estava numa entrevista. Mas, você não iria vir...

Entrevista!? Vamos conversar sobre isso quando chegar! — ele sentenciou, e depois desligou a ligação antes que Alana pudesse falar algo.

Alana olhou para mim, e o que consegui responder foi:

— Ele iria vir essa semana?

— Okay... não vamos para casa agora. E, dependendo do tempo que ele passar aqui, está tudo suspenso até uma segunda ordem, que no caso, é minha. Espero que ele traga boas notícias...

— Como assim? Estava previsto ele vir para Coldwint?

— Estava sim. Ele havia mandado uma mensagem. — Já estávamos no centro da cidade, e com a chegada do amigo, Alana mudou a rota e se dirigiu a uma rua teoricamente mais movimentada e que levava em direção a entrada (ou saída) da cidade.

Naquele momento, era difícil saber exatamente o que Alana sentia. Enquanto olhava para ela, a névoa azul e melancólica que geralmente a rodeava estava pequena, sendo substituída por um tom mais quente. O azul havia tomado conta dela ainda quando estávamos na casa do meu padrasto tirando as fotos da minha mãe. Imaginei, naquele momento, que ela estivesse revivendo uma de suas feridas do passado e que com toda certeza envolviam o pai.

Quanto ao plano de enviar as fotos para a minha tia, fazia muito tempo que ela havia falado com a minha mãe, imaginei que talvez não desse certo. A briga entre as duas, fora causada pela insatisfação da minha tia com as decisões da minha mãe. Mesmo que ela a considerasse "livre para fazer suas próprias escolhas", sempre fez críticas à forma como meu pai a tratava e à sua falta de ação. Ela comemorou quando minha mãe finalmente se separou do meu pai, embora, na mesma intensidade, tivesse criticado quando a até então Sra. Lotus resolvera se tornar uma Norant.

Segundo minha tia, mais cedo ou mais tarde, ela iria se arrepender. Foi aí que Bruce resolveu agir, impondo restrições para minha mãe falar com a irmã dela, e ao mesmo tempo, dizendo que ela não queria a sua felicidade.

Minha mãe acreditou e ambas pararam de se falar após uma última briga.

— De qualquer forma. Eu vou tentar achar a sua tia — disse Alana. — Talvez até o Carl me ajude. Sei que ele tem uns "contatos" da cidade dele que descobrem e-mails e endereços em questão de segundos. Terei de enviar de forma anônima. Então vou utilizar um dos computadores da biblioteca municipal.

— Certo — disse eu, ainda imaginando como ela iria fazer isso, e ao mesmo tempo, em como a minha tia iria agir naquela situação. Imaginar possíveis problemas não me ajudaram a acreditar em como tudo iria se resolver. Tudo estava ainda nebuloso para mim, mas ao observar Alana e em como ela estava empenhada em fazer dar certo, isso começava a trazer um pequeno e frágil fio de esperança.

De qualquer forma, a imagem onde a minha mãe estaria vivendo no apartamento que eu havia comprado um pouco antes de tudo acontecer, era sem dúvidas alguma, acalentadora.

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