20. Ligação ◇ Ela

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◇ CAPÍTULO VINTE ◇

Ligação — Ela

A RESPOSTA QUE EU queria, não veio. Durante todo o resto da manhã, eu esperei qualquer coisa vinda de Lisa Abott, mas a mulher simplesmente não me respondeu. Sinceramente, eu só conseguia imaginar no quão difícil seria para ela acreditar em um e-mail anônimo com fotos que supostamente seriam da irmã que há anos não falava com ela.

De qualquer forma, eu estaria pronta e esperaria o tempo que fosse necessário para que ela respondesse. Ao menos, eu não estaria em casa e isso evitaria milhares de comentários que talvez a minha mãe tivesse a respeito de Carl, como por exemplo, o porquê da sua inesperada chegada, ou se eu já teria namorado ele ou coisa do tipo.

Mas pensar em Carl, me lembrava também das suas perguntas, me pressionando a decidir sobre uma possível volta à Londres. Entretanto, Londres só me teria de volta (talvez a cidade não estivesse tão ansiosa em me ter de volta), caso eu reunisse coragem o suficiente para ligar para Alicia e me desculpasse por todas as merdas que eu sabia ter dito.

Vance tinha falado que Carl havia me deixado bem à vontade nesses três dias, isso, mesmo que não admitisse em alto e bom som, eu poderia dizer sem dúvida alguma para mim mesma. Vance, a entidade, também havia gostado dele, e o motivo era porque Carl sabia me deixar irritada e sem reação em alguns momentos. E ele, a entidade, havia falado que eu gostava da presença humana. Ele mesmo apenas nos observava de longe, enquanto eu interagia com meu amigo.

Naquele momento, ainda estávamos na biblioteca, e o garoto de óculos quadrados e uniforme azul claro de funcionário público olhava estranho para mim, talvez fosse porque eu havia passado o dia no ambiente e não tinha lido nada.

Eu havia deduzido isso, claro.

Em dado momento, quando não tinha mais nada a pesquisar. Vance estava caminhando aleatoriamente pelas prateleiras de livros antigos, e eu permaneci aguardando o e-mail, até decidir iniciar uma busca a respeito de Coldwint e sua história (havia um pequeno cartaz de uma palestra sobre a história de Coldwint em um quadro de avisos no saguão de entrada, eu havia sido influenciada). Sem dúvidas alguma, ficar fazendo nada seria mais interessante, até que eu pulei a parte do vilarejo que cresceu, por achar algo mais atual e interessante em meio as páginas e mais páginas de reportagens que haviam ali disponíveis. O que havia me chamado atenção, na verdade, era que o padrasto de Vance havia aparecido outras vezes no noticiário da cidade.

Ele é rico. Obviamente sempre aparece.

Mas antes, percebi se tratar de um grupo de trabalhadores que haviam iniciado um processo trabalhista contra ele, desci mais a fundo e a reportagem, que fazia alguns anos... não falava como o processo havia terminado, ou se havia de fato terminado. Nenhum detalhe.

Abri uma nova janela, e coloquei o nome de um deles no buscador. A foto de um acidente envolvendo uma van apareceu e estampava os primeiros resultados.

Era um site de uma cidade vizinha. Li a reportagem rapidamente, aparentemente a perícia havia detectado falha do motorista da van. O motorista do caminhão que havia batido contra esta van, e nem mesmo o próprio veículo foram identificados.

Vance chegou e pelas minhas costas, com a voz até um tanto falha, ele perguntou o que era na foto. Pensei que talvez ele achasse que fosse o seu próprio acidente, até porque as fotos eram parecidas.

— Um acidente que ocorreu há alguns anos — respondi.

— Eu conheço este homem. Ele era funcionário da CW. Minha mãe sempre falava que ele queria atrapalhar os negócios de Bruce, enquanto eu dizia que ele só não o suportava. Eu... eu não sabia que ele havia... morrido.

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