02| Brasil

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Jeon JungKook P.O.V

Tenho que admitir, o Park estava certo, a proposta que a empresa ofereceu é irrecusável. Se eu não assinar esse contrato com eles me arrependerei para sempre, não que minha empresa dependa disso.

Me levanto do assento e caminho para fora da cafeteria, levando um belo susto ao ver o céu completamente escuro. É de noite, demorei tanto assim? Suspiro e caminho até meu carro, coloco os papéis no porta luvas e piso no acelerador.

Chego em casa, coloco as chaves, o celular, a carteira e os papéis sobre uma mesa e depois me desfaço no blazer e o junto com a blusa social, logo indo até a área de serviço e colocando ambas as peças no cesto de roupa suja. Em seguida, me direciono para o banheiro, onde tomo um banho rápido, o famoso banho de gato, e depois vou para a cozinha, vestindo apenas uma calça moletom. Belisco algo e depois tomo um comprimido para dormir, essa noite não me darei o gosto de enfiar a cara em papeladas e não dormir direito, amanhã será um longo dia e eu terei de estar descansado.

[...]

A noite foi longa, mesmo com o remédio mal consegui dormir, tomei mais um no meio da noite e ainda sim não serviu, algo me incomoda e não me deixa dormir, mesmo que eu evite, não consigo afastar. Aqui tem estado tão vazio. Então me enterrei nos malditos contratos e fiquei até, bem, não lembro. Acordei encima dos papéis, quando me levantei uns grudava em meu rosto.

Agora, estou em um merecido banho, sem pressas, quero apenas relaxar. Como não tenho feito nos últimos cinco meses.

Saio do cômodo e vou até o closet, de lá retiro uma calça e sapato social preto, uma blusa social branca e um blazer, também preto. Borrifo um pouco do perfume e vou para a sala, pego a pasta com os contratos, a chave do carro e vou.

[...]

Ao chegar na empresa não falo com ninguém, vou diretamente até o meu escritório e enfio minha cara em contratos, pois se vou mesmo para o Brasil tenho que me livrar pelo menos da metade.

Ergo minha mão até o telefone fixo e quando o alcanço levo até o ouvido, e automaticamente ele liga para meu secretário, que atende de imediato.

— Park, mande prepararem meu jato. Embarcarei para o Brasil ainda hoje. — Não espero que responder, desligo o telefone, coloco meus óculos e me concentro no turbilhão de contratos posto em minha mesa, por mim.

[...]

Com a cabeça latejando, olhos ardendo e os músculos completamente doloridos, finalizo a leitura do último contrato e o jogo na mesa, anotando o que acho dele em seguida.

— Finalmente. — Tiro o óculos, estalo os dedos e me levanto, sentindo todo o peso do meu corpo querendo me jogar na cadeira novamente. Dou a volta na mesa e vou até a outra, posta no outro lado da sala, e me sirvo de uísque. Volto até minha mesa, tiro o celular fixo do suporte e aperto um botão em seguida. — Park, venha até minha sala. — Dou a volta na mesa e repouso meu corpo cansado na cadeira novamente. A porta da sala é aberta e revela um Park eficaz. Sem que eu pedisse, ele se senta em uma das duas cadeiras postado em frente da minha e me olha, esperando eu lhe dizer algo ou lhe dar uma ordem. Balanço a cabeça lentamente, coloco o copo sobre a mesa e pego a pequena pilha de contrato que já assinei. — Revise esses contratos e faça um relatório. Eles já estão assinados, então depois de fazer o relatório guarde-os em minha gaveta. E essa pilha maior é de contratos medíocres, que não elevarão a nossa empresa, então pode jogá-los no lixo, ou triturar, sei lá, apenas livre-se deles. E esse contrato é da Corporação Kim, a proposta é boa mas a quantidade de dinheiro oferecida não dará para fazer o que ele oferece, mande-o aumentar o valor e eu repensarei. — Digo tudo seguidamente, lentamente, para que ele entendesse e não errasse nada. Ele parece ter entendido tudo, pois apenas assentia e não questionava ou expressava dúvidas. Contratei o melhor secretário, me certifiquei disso.

Ele se levanta da cadeira e pega a pilha maior, de contratos e propostas rejeitadas, e sai, mas logo volta e pega a pilha menor, de contratos e propostas aceitas e ainda coloca a proposta da Corporação Kim por cima, ele se curva minimamente e sai, mas estaca na porta em seguida, junto com um estalar.

— Havia me esquecido. — Ele murmura e vira-se para mim. — Senhor Jeon, seu jato sairá as 20:00, e já são quase sete e meia. — Assenti. — Não irá para casa?

— Eu sou precavida Park, tudo o que preciso já está aqui comigo. — Ele dá uma analisada na sala e fixa o olhar na pequena mala ao lado da porta. Ele ameaça abrir a boca, mas falo antes. — Não pretendo ficar no Brasil mais que três dias. — Ele assente e sai. Finalizo a minha dose de uísque e me levanto, pego meu óculos na primera gaveta do lado esquerdo da mesa, o coloco e saio. — Traga minha mala Park. — Digo assim que saio e o vejo suspirar pesado e revirar os olhos. Entro no elevador e antes que a porta de fechasse o vejo pedindo para segurar, e bem, ignorei. Ele que desça pelas escadas.

Saio do saguão e entro em meu carro, esperando pacientemente Park Jimin aparecer com minha mala. Sorrio e saco o celular, havia me esquecido de reservar um hotel. Ouço a porta do edifício ser aberta e quando olho vejo meu secretário completamente suado indo em direção ao porta-malas. Aperto o botão e em poucos minutos ouço o estrondo da mala sendo fechada e Jimin surgindo na janela do banco do carona.

— Eu sei o que está fazendo. — Ele diz ofegante passando o dorso da mão na testa.

— Não sei do que está falando. — Finalizo o processo de estádia no hotel e o olho.

— Quando irá me perdoar? — Ele apoia as mãos na janela.

— Quando fazê-lo sofrer o suficiente. — Digo sério, assustando-me com meu próprio tom de voz. — Agora me dê licença, não posso me atrasar. — Aperto o botão que fecha sua janela e Jimin se afasta, com um sorriso nada gentil no rosto. Suspiro e piso no acelerador e vou, a viagem será longa. 

Entre Seus LençóisOnde histórias criam vida. Descubra agora