Capítulo 14

39 15 114
                                    

*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****

Como combinado a empresa forneceu um celular novo – exclusivamente para o serviço – um carro abastecido, um mapa das obras em execução, as listas dos representantes, os documentos necessários e no porta-luvas o meu crachá e um cartão de alimentação com livre arbítrio para comer onde eu queira.

Depois do final de semana inesquecível, da minha segunda-feira cheia de exames médicos, planejamento e treinamento, passei a adquirir uma grande importância na A.U. e de certa forma essa é uma das metas altas mais cobiçadas por mim.

Minha primeira obra a se apresentar não é muito distante do centro, é exatamente a cinco quilômetros do meu destino. Com o cronograma do dia, deixei o carro do lado externo de uma obra comercial, coloquei o capacete de segurança branco, ajustei a camisa e respirei fundo.

Em frente à obra a placa explícita com o nome da empresa, do engenheiro e arquiteto pregada no tapume de madeira faz o muro frontal. É uma construção organizada, com entrada respeitando a sinalização, com placas de avisos e sem obstruções. Caminhei até o canteiro traseiro, onde todos estão reunidos com a segurança do trabalho, tendo o seu DDS pela manhã.

Sr. Ulisses já me aguarda ao lado da técnica, me viu de relance e veio em minha direção.

- Sr. Lima, deu tudo certo com o veículo, cronograma, mapa, cartão?

- Sim, tudo certo. - Respondi.

- Então, por favor. - Abriu espaço para eu tomar a frente. - Vou lhe apresentar aos nossos colaboradores.

A minha frente já defini – com a minha experiência – as pessoas de vários estados do Brasil. No setor de obras, não são elas que nos chamam e sim nós quem as perseguimos, onde quer estejam. Me apresentei primeiramente pelo nome, contei minhas experiências, obras e como iremos trabalhar. Não mostrei tanta autoridade, intelectualidade e muito menos sutileza.

Depois dos agradecimentos e pôr fim a apresentação do local, tive a liberdade de conhecer um pouco mais sobre Ulisses.

- Essa obra é a mais recente daqui da capital, temos outras, como você pode ver no cronograma. E praticamente o seu trabalho será o planejamento e vistoria das obras, nada que você não tenha visto.

Reparei que o Sr. Jefferson já deixou de existir e agora será tratado como - você- . Respeito e até gosto que não sejamos tão formais.

- Perfeito. Pode deixar comigo. Estarei sempre à frente. Final da tarde passo os documentos com os diários de obras.

- Isso mesmo. É casado, Jefferson? - Indaga sem olhar nos meus olhos.

- Não, mas estou conhecendo uma mulher incrível, tenho certeza que ela será para casar. - Percebo que falo com fidúcia.

- Isso é importante, o relacionamento afetivo, o companheirismo...

- Você é casado, tem filhos?

Tomei a liberdade de perguntar, sei que fui um pouco invasivo por ser meu superior, mas teria que deixar esses tabus de lado e trazer harmonia entre nossas conversas, só assim o trabalho vai ser feito com êxito.

- Eu? Não! Gostaria de estar. Amo uma mulher, mas ela não me corresponde. Ela é durona, sabe como são as mulheres determinadas. - Rimos de seu comentário. - A conheço desde a infância, nos envolvemos algumas vezes e fomos criando um vínculo, uma afinidade e nos apaixonamos. Mas, então vieram as questões de famílias, sua mãe, meu pai, eles não entendiam essa relação e queriam que nos separássemos. Para ela foi tão fácil, ela realmente queria largar e me rotular como ex. Sabe, Jefferson, vejo em você um cara charmoso, deve ser cobiçado pelas mulheres. - Estava gostando de ser o amigo, psicólogo, empregado pessoal do meu superior. - Não é acostumado com rejeição...

- Na verdade, não! - Afirmei o não e, em seguida queria ter inventado uma mentira pequena, como se eu sofresse de rejeição. Soou um pouco como narcisismo. - De vez em quando acontece... - Tentei inverter a situação.

- Provavelmente sim, nem todas as mulheres vão estar aos seus pés. - Não sei se recebo essa mensagem como um sincero conselho ou um comentário hostil. - Eu mesmo sofro com isso até hoje, ela me rejeita, como se eu fosse o maior cafajeste do mundo, olha pra mim... - Ele vira-se de frente para mim. - Você acha que eu tenho cara de mal caráter? Desonesto? Sem ambições e futuro pela frente? O que ela perderia em me ter?

- Realmente só ganharia, você pouco que vejo é de boa índole. - Sim, eu quis puxar o saco, é a nossa primeira conversa. Não quero mostrar inimizade, nem mesmo perder meu emprego. - Trabalhador, esforçado, ótimo homem e tem o seu charme.

- Exatamente, é o que penso. - Continuamos a caminhar pela obra, provavelmente o fato de me apresentar cada canto se dissipou, sendo substituído por conselhos amorosos. - E agora que estou tentando mostrar a ela que a amo, ela me esnoba, me ignora. O que acha que eu deva fazer? - Questiona ele, sem devaneios e interrupções.

- Mulheres gostam de ser paparicadas, ter o seu momento com amigas. Amam surpresas, ainda mais românticas, assim sem esperar, sem expectativas. - Defini Tamara. - Surpreenda ela, nem que seja com um buquê de rosas, uma caixa de bombom. Qualquer ato desse tipo irá fazer o coração dela amolecer.

- Jefferson, não é que você tenha razão. Vou pensar a respeito. Bom, vou deixar você aqui com a técnica, ela te apresenta mais o local e assim que possível nos falamos. Tenho uma reunião na central e já estou atrasado. - Estendeu a mão. - Muito obrigado, bom trabalho e tenha um bom dia.

Agradeci e vi ele partir. Balancei a cabeça, ri sem gargalhadas.

- Cada coisa que me aparece!

A noite chegou com um clima agradável, as aulas na faculdade já haviam iniciado e como contratado, fiz minhas quatro aulas noturnas e me dirigi para casa, com o intuito de pelo menos trocar mensagens instantâneas com Tamara, mas criei esperanças em vão. A noite toda não tive nenhuma resposta, cheguei a pensar que algo de ruim poderia ter acontecido, mas em breve lembrei o quanto a sua vida é atarefada.

Por ser verão, o sol escaldante, asfalto fervendo, obras na maior das correrias e o falatório da sala de aula fizeram eu me sentir um trapo, com uma dor de cabeça que parecia que ia explodir. Tomei um banho gelado. Jantei com Fred do meu lado vendo as notícias da noite e acabei adormecendo no sofá, com o controle derrubado no chão, televisão ligada e o celular na mesa de centro.

Quando às duas da manhã acordei com o celular vibrando, assustado reparei onde acabei adormecendo. Peguei o celular rapidamente e li a mensagem

- Estou com saudades, espero te ver em breve!-

Por um lado, fiquei feliz com a decisão dela deme mandar uma mensagem, ainda mais porque junto veio à palavra saudade, mas o que me deixa encafifado éporque tão tarde da noite, o que era tão importante que não respondeu antes. 

*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****

Mente e IrasOnde histórias criam vida. Descubra agora