Capítulo 9

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*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****

Desde o beijo no terraço do edifício Itália não sinto outra sensação ao não ser de entusiasmo. Tenho vontade de trabalhar mais que o necessário, não vejo a hora passar, não me abalo com ofensas no trânsito, não ligo se está chovendo e estragou o meu penteado. Vivo cantarolando, seja no trabalho ou em casa.

Depois de uma manhã totalmente produtiva, com muitas aulas de canto e supervisões de outras salas eu fiquei na obrigação de escolher um local calmo, com acesso a natureza e com comida boa para que Flávia e eu possamos desfrutar uma tarde mais agradável e só assim colocar o assunto em dia.

Nos sentamos em uma mesa toda de madeira envernizada, com o fundo do estabelecimento que dê acesso a um rio de correnteza calma, colocamos as bolsas na cadeira solitária e de imediato recebemos a entrada, torrada com molho de alho e cheiro verde. A garçonete sorridente recebeu nossa requisição de uma água e aguardamos com o pedido de rodízio: comida japonesa.

Antes que eu tivesse a oportunidade de começar a conversa com algo menos impactante, Flávia se opôs à ideia e tive que me render a iniciar com nada mais, nada menos intrigante e hilário.

- Juro por Deus menina, nunca vi esse brilho no seu olhar. - Ela ria abismada. - Me fala, o que esse boy tem que você está desse jeito?

- Não vim aqui para ficar ouvindo essas baboseiras. - Fiquei séria de imediato.

- Nem faz cara feia para mim. Primeiro porque é fome e segundo, você é minha amiga e eu vou te importunar até me dizer o que aconteceu para você ficar parecendo um sabiá.

Não me segurei e ri.

- Nos beijamos. - Respondi sem graça.

- Sabia. Mas me conta... como foi? - Ela realmente demonstra estar interessada, pois o seu tronco veio mais para frente.

- Foi até inesquecível, eu levei ele no meu refúgio e pedi para ouvir uma música comigo no fone...

- Bem a sua cara.

- Deixa eu terminar, coma uma torradinha. - Dou uma torrada na intenção de terminar de falar. Ela ri entusiasmada. - Então, a música nos conectou mais do que deveria, eu realmente estava com intenção de beijá-lo, mas não sabia que seria daquela maneira. Ele tem o melhor beijo de todos...

- E foi isso? Que mais?

- Nada demais, eu fiz um pouco de charme, não que seja totalmente charme, mas não me entreguei assim. Disse que não estava preparada para algo sério, não nessas palavras, mas ele pareceu estar eufórico e indignado com a minha resposta ao que aconteceu. Por fim, decidimos que deixaríamos rolar conforme toca a música.

- É, até te entendo. Fico feliz que tenha encontrado alguém assim em sua vida.

- E outra, preciso te contar algo. Sei que não é o momento, mas tudo aquilo, de convidar ele para o refúgio, nos beijarmos e tal, foi que eu precisava contar que consegui uma entrevista para ele na A.U e...

- Do seu pai?

- Sim, e por mais triste que seja, aquele dia que consegui a entrevista o Antônio me humilhou, primeiro atendeu o telefone, achando que eu poderia estar precisando urgentemente de algo, porque você sabe, ele adora quando eu corro atrás dele. Então, eu menti e decidi mostrar a mulher comportada e preocupada, eu perguntei se ele estava bem e se precisava de algo. Fiz a psicologia reversa nele. De alguma forma comparou o meu comportamento como um cliente ingrato, com uma sutileza nas palavras que me deixou um pouco jururu.

- Não sei porque você ainda conversa com ele.

- Não fui porque eu quis, precisava ajudar o Jefferson, ele realmente estava precisando. Então tem momentos que precisamos passar por cima do orgulho, ser fortes e objetiva.

- Nossa, em menos de dois meses você já ajudou duas vezes esse Jefferson... - Ri numa altura desagradável para o local, mas não deixaria aquela alegria ficar entocada dentro de mim.

- Que ciúmes! - Flávia riu e deixamos que aquela alegria contagiante permanecer entre nós no decorrer daquela semana até que os telefonemas com chamadas restritas começaram, quando atendidas somente uma respiração ofegante era ouvida do outro lado. Ulisses. 

*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****

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