Mente e Iras

Capítulo 18

*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****

Não sei se foi a minha visão ou o modo como às vezes eu deixo escapar alguns semblantes às escondidas, sem deixar a chance de eu decifrar sobre a consciência do assunto, mas falar sobre Ulisses a deixou um pouco nervosa, talvez seja só uma má impressão, até porque ela pode estar com desvio de atenção, uma hora estamos falando sobre o meu trabalho e ela pode querer voltar a imaginar como foi difícil voltar ao dia em que recebeu a notícia da morte da sua mãe. São assuntos totalmente diversificados e podem ser misturados causando esse desconforto.

Nesta mesma noite, sem nos tocar - os lábios - e pelo seu olhar, havia algo que ela queria me dizer, então dessa vez coagi.

- Quer me dizer algo?

Pausa.

- Tem. Queria te pedir que dormisse aqui comigo essa noite. - Por essa eu não esperava. - Hoje não estou podendo ficar sozinha.

- Mas, eu não tomei banho, estou sem um par de roupa, sem escova de dentes...

- Isso não é problema, venha comigo.

Com os seus braços magros, a mão macia e um sorriso afortunado ela segurou e puxou o meu braço. Dentro do banheiro ela abriu o armário embutido e de dentro dele ela mostrou suas cinco escovas novas, embaladas.

- Eu troco de escova todo mês, então mantenho um estoque. No armário abaixo da pia... - Ela abaixa e tira uma toalha. - ...está a toalha, o xampu no nicho, junto com o sabonete. A sua barba espera até amanhã. E a roupa, eu já trago. Vai tomando banho.

Ela realmente aprecia minha companhia, vi que sua expressão alterou desde o momento em que pensou na hipótese de eu realmente ter aceito a proposta.

Pedi que ela levasse a roupa até o banheiro para que eu pudesse me vestir, e a sua resposta foi.

- Está aqui no quarto.

Enrolei a toalha no quadril e com os pés descalços em frente no corredor e mais uma vez ela me surpreendeu, ao estar deitada na cama, somente com roupas íntimas – vermelhas – um olhar sedutor, mordendo o lábio e com o dedo pedindo para que eu chegasse mais perto. Senti os meus hormônios se agitarem, o calor substituir a frigidez do banho e a excitação tomar a forma do meu corpo.

Desenrolei a toalha e despido desfrutei mais uma vez das curvas do seu corpo quente, lábios, seu cheiro natural e do mais sedento desejo carnal. Uma mistura de ira e tesão.

Quando são três da manhã com os meus lábios secos, o calor e o suor me fizeram grudar no lençol. Somente de cueca e descalço notei que Tamara dormia feito anjo e com a respiração serena nem suspeitou que havia me levantado.

Com a geladeira aberta, retirei a garrafa d'água, despejei no copo e quando eles estavam prontos para vir em direção a minha boca, fui interrompido por um ruído de vibração e o olhar foi diretamente para escrivaninha do lado do abajur, nele estava o celular de Tamara, com o visor acesso. Senti uma certa curiosidade em examinar, desde o dia das chamadas perdidas eu percebi algo de errado. Por um lado penso, é errado, como se eu tivesse traindo a confiança dela, mas, por outro, não vejo o porquê não dar uma espiada.

Olhei para todos os cantos, fiquei em silêncio por alguns segundos, na certeza que tudo estava em seus devidos lugares. Entre passos fui caminhando na direção do celular com o visor ligado e a luz noturna que entra pela porta que dá acesso a sacada. Mas, quando achei que tudo estava indo bem, senti pisar em algo peludo e o susto não foi só o meu, Mol choramingou assim que pisoteei seu rabo. Inclinei a cabeça para a frente, fechei os olhos e o silêncio tomou conta novamente. Fiquei imobilizado, até que constatei que do quarto não houvesse nenhum ruído de Tamara.

O celular vibrou pela décima vez e, nesse instante eu alcancei o aparelho, antes que a tela apagasse. No visor havia mais de 20 mensagens e todas elas com o mesmo intuito; declarações de amor.

- Não sei viver sem você!-

- Não vou desistir.-

- Você é minha e de mais ninguém.-

- Eu te amo, me responde...-

- Vou lutar por você. Você é minha.-

- Dorme com os anjos minha princesa.-

Percebi que as mensagens não acabariam e todos vinham do mesmo destinatário; quando desisti de ler todas elas e voltasse para o quarto o celular vibrou novamente.

- Não consigo dormir pensando nas burradas que fiz para você. Me perdoa!-

Na manhã seguinte ouvi passos vindo em minha direção, com os olhos preguiçosos vi o reflexo de Tamara, sorrindo e com uma bandeja mesa de cama recheada de frios, pão, suco e fruta.

- Café da manhã para o meu Jeff.

Não sei se agradecia pelo inesperado banquete na cama, se questionava sobre o Jeff – apelido carinhoso – que foi dito pela primeira vez ou se beijava os seus lábios. Mas provavelmente ela teve muito trabalho em fazer tudo sem me acordar e devia agradecer o esforço.

- Você é incrível!

- Eu sei. - Ela disse deitando-se ao meu lado.

- Está melhor de ontem?

- Sim, só estava um pouco carente. - Ela me olhou sorrindo com os lábios cerrado e levantando uma das sobrancelhas.

- Quero te propor um domingo diferente. - Dei uma mordiscada na maçã e coloquei um pedaço de biscoito em sua boca. - Algo juntos.

- Lá vem você com suas ideias mirabolantes.

- Coloca uma roupa e vamos aproveitar o nosso dia.

Ideias mirabolantes, mas quando pedi quecolocasse uma roupa ela automaticamente se levantou e foi vestir-se. Ela gostade ser paparicada e realmente de uma boa surpresa. Talvez o seu ex-namoradopersistente não tenha lutado o suficiente e não tenha descoberto o lado carenteque ela precise expulsar com alguém ao seu lado. 

*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****