Capítulo 15

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*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****

A semana havia começado numa lerdeza, com pouco movimento, aulas densas e com um clima até agradável, mas conforme a semana foi correndo, os trabalhos surgiram em larga escala, novos alunos se inscreveram, telefonemas após telefonemas e não consegui coincidir a minha agenda com a de Jefferson, pois agora ele leciona de segunda, quarta e sexta.

Hoje é a quinta do vinho e para ser sincera não esperava muito dessa noite, estou exausta. Mas combinado é combinado.

Fui para a casa no horário normal, me acalmei um pouco deixando o rádio tocando numa estação aleatória que por forças do destino tocou músicas do meu agrado, passei no supermercado mais próximo e decidi comprar alguns alimentos para Mol e para mim. E, aproveitei para comprar vinho, três garrafas, assim já deixo de reserva, evitar que Flávia mencione que sou mão fechada.

Sem mais delongas, fui direto para casa, na esperança de chegar, tomar meu banho, comer algo para poder usufruir do bom vinho e dormir feito criança.

Com as sacolas na mão senti um pouco de dificuldade em apertar o botão do elevador, mas com força as levantei e cumpri o objetivo. Nem me dei o vexame de olhar o espelho, provavelmente estaria desarrumada e com uma aparência nada agradável.

9º andar. Porta aberta.

Com a cabeça baixa e colocando a mão dentro da bolsa, na esperança de encontrar a chave que havia esquecido de procurar, dou de frente com ele na minha porta, vestido de preto, sério, ereto e com um buquê de rosas vermelhas na mão.

- O que está fazendo aqui, Ulisses? - Pergunto assustada de vê-lo depois de muito tempo, ainda mais no hall do meu apartamento.

- Te ver. Estou com saudades. - Ele sorri.

- Como entrou aqui? Não importa, não quero saber, quero que saia agora! - Fico revoltada com a insolência.

- Por que me trata dessa forma? Eu te trouxe essas rosas lindas. - Ele foi se aproximando. - Quero te fazer a mulher mais feliz nesse mundo...

- Não aproxima Ulisses! - Gritei histérica. - Vai embora daqui, me esquece, vai viver a sua vida, me deixa em paz.

- Não consigo viver sem você, não sabe como foi difícil viver esses meses no Maranhão, queria estar ao seu lado. Te amar...

- Me amar? Você é louco! - Deixei as sacolas encostadas na parede, fui até a elevador novamente e apertei o botão de volta, precisava que ele fosse embora. - Onde já se viu, alguém amar e fazer o que você fez.

- Fiz por você, aceite essas flores. - Ele dá mais um passo.

- Vou chamar a polícia! - Afirmei irritada. O elevador chegou e o segurei. - Já veio até aqui, fez seu show, agora eu peço que você entre nesse elevador e nunca mais volte. E, por favor, não seja vândalo mais uma vez como você fez com a minha escola.

- O que eu fiz? - Ele parece estar confuso. Atua muito bem.

- Não seja cínico, sei que foi você que bagunçou a escola toda, não vi a necessidade disso tudo, se me ama não devia me prejudicar! - Falo com exaltação nas palavras.

- Eu te amo muito, minha princesa. E, juro que não fui eu.

- Não acredito em você, agora sai do meu apartamento. Sai de onde eu moro, não vou deixar você ser louco de novo. Dessa vez eu não vou hesitar em chamar a polícia! - Ameacei.

Seus joelhos foram diretamente no chão, o buquê colocado de lado, as palmas da mão se juntaram em forma de súplica, os olhos lacrimejaram e as lamentações começaram.

- Me perdoa, eu te imploro! Não sei o que fazer para te reconquistar, eu te amo mais que tudo nessa vida. Eu juro pela sua mãe.

Deixei a porta do elevador fechar, mas não fiquei feliz com o comentário, me aproximei como pensei em nunca fazer, peguei pelo colarinho da sua camisa, puxei para perto dos meus olhos e disse pausadamente.

- Nunca mais fala o nome da minha mãe em vão. Você não é digno da memória dela, agora pega esse buquê... - Retirei do chão e joguei no seu rosto. - Leva para sua casa, joga fora ou o que quiser, mas tira ele daqui. - Levantei-me o puxando para fazer o mesmo, apertei o botão do elevador para chamá-lo pela segunda vez e senti o seu braço tocar impetuosamente a minha pele e forçar um beijo molhado, tentando introduzir a sua língua nojenta.

Com a astúcia e raiva que adquiri, deixei a minha fraqueza de lado e o empurrei com toda força, fazendo aquele homem de 1,80, moreno, cabelos curto e pardo sentir a coragem de uma mulher indefesa. Mas, o que não esperava era que o seu corpo fosse com tanta fúria no chão e a sua cabeça diretamente no vaso do hall. Inconsciente.

Elevador parou no meu andar. O único jeito de ajudar seria pedindo para um homem vir até o hall. Desci todos os andares com o corpo todo trêmulo, respiração ofegante, cabelo despenteado e o coração palpitando.

Não importei com a altura do grito que dei quando cheguei até a portaria, espero que ele se assuste com a histeria e tenha a obrigação de me acompanhar.

Quando já estava dentro do elevador, pedindo para eu me acalmar e falar vagarosamente o que tinha acontecido eu indaguei.

- O senhor autorizou a entrada de alguém no meu nome?

- Só o do seu irmão.

- Não posso acreditar. - Eu não sabia se ficava decepcionada com a ingenuidade do porteiro ou com tamanha audácia de Ulisses. - Isso foi o que ele inventou para o senhor. E, o senhor caiu como um patinho.

- Mas... - Ele pareceu não entender nada, seus olhos tristes querem pedir desculpas, mas a minha exaltação o impede. - Mas...

- Não tem, mas. A partir de hoje eu não quero que ninguém suba, pode ser o Papa. O apartamento é meu e esse edifício tem que manter em segurança a nossa moradia. Agora, você vai me ajudar com isso.

A porta do elevador se abriu e não sei quem mais ficou espantado. Se é eu em ver que o corpo não se encontrava mais no chão ou a perplexidade no olhar do porteiro ao ver que no chão tem algumas sacolas que eu mesmo posso levar para dentro de casa sozinha.

- Ele estava aqui. - Apontei para o chão ao lado do vaso.

- Senhora, me desculpa por ter feito a senhora passar por isso. Não sei o que aconteceu, mas não acontecerá novamente. Vou voltar para o meu posto, antes que eu perca o meu emprego...

Ele adentrou no elevador, as portas fecharam e não disse mais nenhuma palavra, só com receio de onde Ulisses possa estar, o quanto ele pode estar com raiva pelo que fiz.

Retirei as sacolas do chão, entrei no apartamento olhando para o hall, receosa de que ele possa estar escondido. Tranquei rapidamente e respirei aliviada e ao mesmo tempo tristonha com o episódio. Talvez seja a exaustão com sobressalto.

Na mesma noite, na que eu mais precisei, Flávia não apareceu, só me enviou uma mensagem informando que houve um imprevisto e que eu devia isso a ela. Pensei em chamar Jefferson para ficar junto comigo, mas ainda haveria possibilidade de o maldito estar de escolta na frente do edifício e acabar vendo o meu novo namorado. Minha única alternativa foi trancar a porta, as janelas, ligar o ar condicionado, tomar meu banho e desfrutar do vinho e de uma boa música. Sozinha.

*****🥀 MENTE e Iras 🖤*****

Olá Mentes🖤, não esquecem de deixar um like👍🏻 e comentários para podermos interagir, domingo estamos juntos com mais capítulos inéditos. 

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