Capítulo 11 - Deixando rastros

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Ao contrário do dia anterior, o amanhecer não trouxe nada de bom, nenhuma esperança e a medida que o sol despontava no horizonte, minha angustia parecia crescer ainda mais. Isso tudo porque desde que os seguranças levaram Poncho e Christopher, não soube mais nada deles.

Será que haviam sido... presos? E se não voltassem mais? E se Poncho tivesse pensando que a culpa era da garota misteriosa? Nesse caso eu jamais poderia falar pra ele que eu era a tal garota!

Sacudi a cabeça querendo tirar esses pensamentos da cabeça. Tinha que ser um pouco mais positiva! É claro que não seriam presos, afinal segundo a desmiolada da Dulce Maria, eram ervas de chá, nada que os comprometeriam e sinceramente eu esperava que fosse assim ou eu mesma mataria aquela ruiva de meia pataca!

Meu estômago roncou avisando que era hora de abandonar a cama. Calcei minhas pantufas do Patolino tentando raciocinar que dia era hoje e o que tinha de fazer. Suspirei de alivio ao me lembrar que era sábado, sem provas pra estudar e sem trabalhos para fazer.

Desço as escadas e uns pés na ponta do sofá me chamam a atenção. Sorrio quando vejo que ele parece adormecido ainda vestindo o terno da festa, mas completamente desarrumado. A máscara havia sumido, assim como a gravata e os sapatos, que eu só enxergava um dos pares. O cabelo estava todo bagunçado e a mão para fora do sofá indicavam que ele já estava naquela posição algum tempo.

De repente aqueles lindos olhos se abriram e dei um pulo pra trás assustada por ter sido pega no flagra.

- Bom dia boneca, estava me olhando dormir? – Ele sorriu sentando no sofá.

- Eu... sim, quer dizer... não... bem, na verdade vi os pés pra fora do sofá e não sabia quem era. – Maldição! Por que tinha que ficar tão nervosa perto dele? Ainda mais quando ele me chamava assim. – Já comeu? – Perguntei me dirigindo pra cozinha. Precisava tirar os olhos dele ou acabaria fazendo besteira.

- A Mai deixou um prato de torradas na mesinha da sala antes de sair, mas confesso que já estou com fome de novo. – Ele se encostou na porta abrindo aquele lindo sorriso de tirar o fôlego.

- Ovos? – Meti a cara dentro da geladeira. Era sempre uma boa tática para esfriar os pensamentos e ao mesmo tempo me manter ocupada.

- Com certeza. – Ele se aproximou sentando à mesa.

Por alguns instantes me mantive entretida no preparo do café da manhã. Poncho costumava fazer piadas enquanto eu cozinhava e dessa vez, não foi diferente.

- Certo, já chega de fazer coisa. – Ele disse quando me preparava pra fazer um suco. – Vamos comer antes que esfrie. – Puxou a cadeira pra mim e com um sorriso, me sentei feliz com aquela cena tão comum, mas ao mesmo tempo, tão significativa pra mim.

- Obrigada gentil senhor. – Sorri e Poncho ergueu a sobrancelhas.

- Por nada minha bela dama. – Deu um beijo na minha mão. Coloquei a mão na testa e suspirei como as donzelas de antigamente faziam. Caímos na risada. – Não te vi no baile ontem.

DespretensiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora