Capítulo 18 - Correndo atrás

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Evitei olhar pra trás com medo de que fosse uma alucinação. Não mesmo, Alfonso Herrera não corria atrás de ninguém, sempre era o certo. Ele nunca dava o braço a torcer, aliás, acho que ele preferia cortar o braço. 

- Niña, espera!

Se bem que, nos últimos tempos ele teve que se desculpar algumas vezes e...

Ainda assim preferi ignorar. Sabia que era infantilidade da minha parte, mas eu sempre preferi fugir a ter que enfrentar a situação correndo o risco de piorar as coisas.

- Eu já disse pra esperar. – Ele puxou o meu braço me obrigando a ficar de frente pra ele. – Poxa, o que custa me ouvir?

Poncho parecia realmente chateado. Por alguns instantes me senti constrangida, porque parecia que a malvada era eu por não querer escutá-lo. Mas ai me lembrei de que ele tinha feito o mesmo nos últimos dias e então a raiva voltou com força.

- Me solta! – Escapei com um safanão. – Escute bem Alfonso, não temos NADA, absolutamente NADA para conversar! Entendeu? – Voltei a caminhar, mas seria um engano pensar que ele se conformaria em parar por ai.

- Não pode fazer isso! Tem que me escutar! – Ele praticamente berrou vindo atrás de mim.

- Ah tenho? E por que eu tenho que escutar você? Por acaso é da realeza majestade? – Fiz uma reverência e se o olhar dele queimasse, então eu já teria virado pó. – Na verdade por que eu tenho que escutá-lo quando você não fez a mínima questão de me escutar?  Agora com licença, tenho compras a fazer.

Como uma rainha, passei por ele e entrei no mercado. Me sentia muito bem, se soubesse que seria assim teria respondido a ele muito antes! Não, eu não era má, só uma pessoa que descobriu que a autoestima vale muito.

- Você está fazendo exatamente o que criticou em mim, já reparou nisso? – Ele rangeu me seguindo.

- Uhum, e agora você sabe como é. – Respondi jogando três latas de Pringgles na cesta. De repente estava com vontade de atacar salgados, a vontade de comer doce sumira.

- Mulher teimosa! Não ouse usar contra mim minhas próprias palavras! – Retirou as embalagens de Pringgles e tomou a cesta das minhas mãos. Acho que Poncho era a única pessoa do universo que não gostava dessas batatas. – Não sabe o quanto isso tem de sódio?!

- Olha aqui seu maluco...

- TODO MUNDO PRO CHÃO!

Aconteceu tudo muito rápido. Um tiro pro alto, gritos e quando vi Poncho tinha me puxado para o chão e mantinha o corpo sobre o meu. Eu demorei um pouco pra entender o que tinha acontecido, até ouvir um homem dizer:

- TODO MUNDO QUIETO! ISSO É UM ASSALTO!

Nunca diga que não dá pra piorar, sempre há como e ali estava a prova. Não bastava ter brigado com Poncho e Mai ter sido atropela, ainda faltava ser refém em um mercado. O curioso é que eu não estava com medo. Fui invadida por uma súbita calma o que era bom já que Poncho havia começado a bater os dentes.

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