Três horas depois e a única coisa que eu desejava era a minha cama, no entanto, mais distante impossível.
Mai estava bem graças a Deus. Foi apenas um susto e dos males o menor: uma perna engessada por seis semanas e ela estaria nova em folha.
Christopher estava com ela no hospital que ficaria em observação, a contragosto de Christian que foi obrigado a ir para a reitoria explicar o acidente, como responsável pela casa. Aliás, ai estava uma coisa estranha. Ele nunca se importava com Maite. Ao contrário, tudo o que fazia era desprezá-la, mas bastou o acidente e ele virou um leão para defendê-la.
Já Dulce estava ali comigo na delegacia como testemunhas da confusão, mas a presença dela não tornava as coisas mais fáceis. Eu ainda estava com raiva do que ela tinha feito, foi egoísta! Em momento algum tinha pensado em mim e nos meus sentimentos! Talvez isso pareça radical demais, eu sei era um defeito imenso, mas com exceção de Poncho, tenho que admitir que não perdoo com facilidade.
E por falar em Poncho... Eu estava preocupada. Já havia anoitecido e ele não dera sinal de vida o dia todo! Isso não era normal, sempre que ia demorar costumava avisar, mas hoje não. Podia ter ligado ao menos pra um dos meninos, mas parece que isso não aconteceu. Se bem que, com a história do atropelamento, nada estava normal.
Na verdade nem adiantava pensar nele. Isso só servia pra me deprimir e essa era a última coisa que eu precisava agora. Tinha que estar com a cabeça aqui na delegacia e não em um garoto que não queria me ver nem pintada de ouro pela frente.
- Acha que vai demorar? – Dulce perguntou quebrando o silencio de duas horas. Era inacreditável, amigas há três anos e no momento parecíamos duas desconhecidas sentadas lado a lado.
- Acho que não. – Respondi olhando para a porta fechada onde estava o motoqueiro maluco, o causador de toda essa confusão.
Alguns minutos se passaram e caímos de novo no mais absoluto silencio. Era algo incomodo, mas tanto eu quanto Dulce éramos orgulhosas demais para voltar atrás.
- Não precisa ser assim... – Contrariando as minhas expectativas, Dulce resolveu que seria ela a quebrar o gelo.
- O que? – Indaguei sem entender direito.
- Eu não menti... – Ela suspirou parecendo cansada e então me encarou. – Diego realmente estava na festa.
- O que? – Senti minha espinha gelar. Não, não podia ser. A última vez que nos vimos foi há quase dois anos e o final não tinha sido nada bonito. Poncho o expulsou com ameaças e ele prometeu nunca mais voltar, então o que fazia ali? Foi então que algo me ocorreu. – Você só pode estar louca ou mentindo! É isso! Está querendo salvar a sua pele e inventou isso!
- Não estou louca e muito menos mentindo, Annie... – Ela suspirou novamente e então continuou: - O cara com uma máscara cinza... aquele que esbarrou em você três vezes... se lembra?
Fechei os olhos por um instante tentando me lembrar com mais detalhes da noite do baile. Aos poucos as imagens vieram na minha cabeça e foi então que eu vi um rapaz... cabelos loiros, arrepiados, terno preto e máscara cinza. Como pude ter sido tão burra? Como não percebi? Na primeira vez, estava de costas e acabamos nos chocando, ele me segurou e sem dizer nada saiu... em seguida, quando Dulce me deixou sozinha, ele esbarrou de novo em mim e quase virou uma taça de champanhe no meu vestido e a terceira... espere ai, não teve outra vez!
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Despretensiosa
Romance"Não pretendo que você retribua o meu amor. Muito menos espero que me olhe de maneira diferente somente porque agora sabe o que eu sinto. Minha única pretensão é que você encontre o amor ainda que não seja comigo, pois quando se ama, não há nada mai...