Capítulo 32 - Entre batalhas

927 52 8
                                    

Poncho descruzou os braços e caminhou na nossa direção. Pra minha surpresa, ao invés de se sentar, me levantou sentou na cadeira e então me puxou pro seu colo. Só por causa de Damian, evitei arregalar os olhos porque era exatamente isso que eu queria fazer.

- Então isso é sério mesmo? — Damian abriu um sorriso malicioso e Poncho apertou minha cintura com mais força.

- É. — Poncho respondeu curto e grosso e então seus lábios cobriram os meus que não esperava por isso.  Apesar de surpresa, me peguei correspondendo como se fosse algo natural. Talvez porque realmente fosse natural, ou então fosse porque eu queria muito isso.

- Sério mesmo... Niña? — O danado provocou e senti Alfonso bufar atrás de mim.

- Aham. — Foi a única coisa que eu consegui dizer ainda paralisada.

- Bem, se é assim... acho que vou ter que arranjar outra parceira pra corrida dessa noite.

- Com certeza! — Poncho respondeu por mim. Damian sorriu sem se intimidar.

- Bem... será que a Mai topa? — Abriu um pote de rosquinhas e encheu a mão.

- Isso por favor, peça a ela.  — Ele sorriu, mas não estava querendo ser nem um pouco agradável. - Vou adorar ver Christian querer matar você.

- Outro com a síndrome de "sou o dono dela". — Retrucou dando de ombros e Poncho perdeu o sorriso. — Bem, adoraria ficar aqui de fofoquinha, mas assim como a mamãe ganso, preciso ganhar o pão de hoje e ainda achar uma parceira pra corrida a noite. Até logo crianças, não façam nada que eu não faria. — E saiu comendo biscoitos.

A porta bateu e meus olhos estavam em qualquer canto, menos em Poncho. Eu me sentia um tanto... sem jeito e ao que indicava, ele também.

- Hum então... — Alfonso me passou pra cadeira ao lado.

- Desculpe. — Falamos ao mesmo tempo e isso serviu para amenizar o clima. Acabamos por sorrir um para o outro.

- Niña, sou eu que devo desculpas. — Ele disse coçando a cabeça como se buscasse as palavras certas. — Sabe, eu não poderia deixar que ele te levasse numa corrida dessas, é loucura.

- Tudo bem Poncho, eu entendo. — Dei um sorriso tentando passar que estava tudo realmente bem, mas acho que o efeito foi contrário.

- É só que... olha se algo te acontecesse eu mataria ele. Damian não é o anjo que aparenta. Ele não está nem ai pra nada, nem pra ninguém. E se você se machucasse... eu não sei o que seria de mim.

Sabe aquela sensação de conforto? De se sentir especial? Foi exatamente isso que eu senti e meu coração se encheu de alegria. Eu tinha muito motivos para amá-lo e me sentir cuidada assim, protegida era só um deles.

E só por isso eu não estava me sentindo decepcionada. Não vou negar que se ele tivesse falado em ciúmes teria ficado radiante, porque isso iria dizer muito mais. Porém estava bem assim, só o cuidado dele, já me valia.

DespretensiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora