Capítulo 1

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                     PARTE 1

          

              
11 de maio de 2009.

            

                     Vanessa
          
                 
   Abri os olhos e me assustei ao ver a claridade no meu quarto, levantei rapidamente, peguei as roupas que deixei sobre uma cadeira na noite anterior, e corri para o banheiro.
— Bom dia filha!
— Bom dia mãe! — Respondi ao passar por ela no corredor.
— Calma Vanessa, ainda são seis horas!
— Hoje é o meu primeiro dia mãe, preciso chegar cedo! — Entrei no banheiro e tirei a roupa me preparando para a baixa temperatura da água que, àquela hora da manhã, provavelmente estava muito fria.

   De banho tomado, arrumei-me cuidadosamente, pois queria causar uma boa impressão na minha chefe e principalmente nos clientes da loja na qual iria começar a trabalhar.
   Depois de pronta, fui para a cozinha onde a minha mãe já preparara um delicioso café da manhã.
— Que horas você precisa estar na loja filha? — Mamãe perguntou enquanto cortava, para nós duas, algumas fatias de um saboroso bolo de laranja, que ainda estava quente.
— Oito em ponto! — Respondi antes de levar à boca um pedaço do bolo e senti-lo derreter em minha língua. — Hum! Está maravilhoso mãe!
— Obrigada filha! — Mamãe sorriu satisfeita.
— E o papai?
— Saiu bem cedo. — Percebi preocupação no seu olhar.
— O que foi mãe?
— Nada. — Respondeu baixando o olhar.
— Por favor mãe, — peguei em suas mãos — eu não sou mais uma criança, por mais que a senhora e o papai insistam em me ver assim. O que está lhe preocupando? — Perguntei.
— O seu pai... — fez uma pausa e ví seus olhos umedecerem-se — parece que a empresa está falida...
— O quê?!
— Só ontem informaram os empregados sobre os problemas que a empresa já enfrentava há meses.
— Por isso os atrasos nos pagamentos ultimamente? — Perguntei.
— Sim e o pior é que talvez eles não tenham como pagar toda a quantia à que os empregados têm direito.
— Que coisa horrível! O papai deve estar... — não concluí. Meu pai trabalhava naquela empresa há vinte e dois anos.
— O que nós faremos? — Perguntou minha mãe — O que eu ganho com os meus artesanatos é pouco e por mais que você também esteja trabalhando, vamos passar algumas dificuldades.
— Calma mãe! — levantei, fui até ela e lhe beijei no rosto —Vai ficar tudo bem.
— Oh filha! Veja só, — mamãe segurou minhas mãos e sorriu — você não é mais aquela garotinha à quem eu consolava, agora é você quem me consola.
— Oh mamãe! — Abraçei-a novamente.

   Saí de casa às seis e quarenta, torcendo para chegar à loja antes dás oito. Peguei o ônibus que, àquela hora da manhã, estava lotado, desci no ponto mais próximo da loja às sete e trinta e oito e cheguei antes da gerente, que chegou dez minutos depois.
— Bom dia! — Me cumprimentou Shirley, a gerente.
— Bom dia! — Respondi sorrindo.
— Chegou cedo, que bom! — Ela abriu a porta lateral, entrou e eu a segui.
  Lá dentro, tudo estava escuro, andei devagar, tomando cuidado para não tropeçar nos manequins.
— Os outros logo chegarão, mas como seremos só nós duas por enquanto, vamos abrir a loja.

   Em silêncio, ajudei-a com as portas corrediças e quando estávamos organizando alguns manequins, que ficavam na entrada, chegaram duas moças e um rapaz.
— Bom dia! — Os três nos cumprimentaram ao mesmo tempo e eu e Shirley respondemos.
— Essa é Vanessa, a nova colega de vocês. Vanessa, esses são Bruna — uma garota morena, que tinha a mesma altura que eu, sorriu para mim, — Raissa, — que era mais alta que eu, loira, de olhos verdes e — Douglas, — um rapaz também loiro, alto e que me dirigiu um olhar que esbanjava simpatia.
— Seja bem vinda querida! — disse Douglas vindo em minha direção e me abraçando forte.
— Obrigada! — Respondi animada com a recepção deles.
— Bom, agora os seus colegas vão te explicar tudo sobre a loja — disse Shirley — mais uma vez, seja bem vinda!
— Obrigada.
— Garota você está com sorte! —  falou Douglas passando o braço pelos meus ombros.
— Por quê?
— Porque eu vou te explicar tudo para ser a segunda melhor vendedora desta loja. — ele sorriu — O primeiro, claro que sou eu! - ele deu uma gargalhada e fez um gesto com a mão, indicando toda a loja.
— Doug assim você vai assustar a garota. — Disse Raissa sorrindo.
— Doug? — Perguntei.
— É assim que os meus amigos me chamam e como eu já gostei de você, pode me chamar assim também, tá Van. — Eu ri e ele me imitou.
— Que bom que gostou do seu novo apelido. Agora, — ele me puxou em meio aos manequins e várias araras repletas de roupas. — vamos aprender com o melhor. — Enquanto nos afastavamos eu pude ouvir as garotas rindo.

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