Capítulo 16.

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                    Vanessa

— O que você está me dizendo? — Perguntou Shirley depois que lhe contei sobre minha gravidez e meu divórcio.
— O meu casamento acabou e agora eu preciso muito de um emprego e pensei que... — fiz uma pausa, mesmo sendo uma ótima pessoa e uma amiga incrível, eu ainda duvidava que ela fosse me contratar novamente. Eu estava grávida e apesar de meu ventre ainda não demonstrar que havia uma criança lá dentro, era só uma questão de semanas para minha barriga crescer e todos saberem.
— E você pensou que poderia ter de volta seu emprego aqui na loja. — Concluiu Shirley levantando-se e vindo em minha direção.
— Sim. Eu preciso muito desse trabalho, mas sei que na minha atual situação, talvez você não possa me ajudar. — Respondi, mas a maior parte da minha necessidade em voltar à trabalhar, era ter algo que ocupasse o meu dia. Não queria passar o meu tempo pensando coisas que só me machucavam, antes os estudos me ocupavam, mas dois dias antes, tranquei a matrícula do cursinho e no momento, em meio a tudo pelo que estava passando, a idéia de fazer uma faculdade fora adiada indefinidamente.
— Eu não posso garantir que conseguirei, pois tenho que informar a situação à dona da loja, mas prometo que farei tudo o que puder para que ela aceite recontratar você.
— Oh Shirley! — levantei e fui abraçá-la — Muito obrigada!
— Não me agradeça ainda, hoje mesmo falarei com a dona Ilda. — Ilda era a proprietária da loja. Uma senhora muito simpática com quem conversei algumas vezes — Ligo para você assim que ela me der uma resposta. — Prometeu Shirley.
 
— Princesa! — Gritou Doug quando eu estava saindo da loja, como ele estava ocupado atendendo clientes quando cheguei, conversei apenas com as meninas.
— Oi Doug! — Falei recebendo seu abraço.
— Quando Raissa disse que você estava aqui eu não acreditei! Como assim você vem à loja e nem me procura?! — Ele me olhou fingindo-se ofendido.
— Você estava ocupado.
— Mas agora estou livre! Venha, temos que conversar! - Ele segurou minha mão e me puxou para os fundos da loja.

— Nossa! — Foi tudo o que ele disse depois que lhe contei tudo.
— Agora tenho que ir...
— Espere Vanessa! - Pediu quando eu ia sair.
— O que foi Doug? — Eu estava cansada de falar sobre toda aquela situação, mas entendia que ainda seria preciso fazê-lo muitas vezes.
— Vem cá! — me aproximei e ele me abraçou. Um abraço repleto de carinho. Deitei minha cabeça em seu ombro, enquanto ele afagava-me as costas — Eu estou aqui! — afastando-se um pouco, ele segurou minhas mãos — Para o que você precisar, desde alguém para te ouvir, até uma babá para esse serzinho que cresce aí dentro. — Prometeu olhando para minha barriga e eu não pude conter um sorriso.
— Babá?!
— Sim. Sou uma excelente babá. — Disse ele rindo alto.
— Eu te amo Doug! — Falei sem conter o choro.
— Eu te amo ainda mais! Você é a irmãzinha que não pude ter. — Ele também estava chorando.

   À noite, Shirley me ligou com uma ótima notícia, a proprietária da loja se sensibilizou com minha situação e  aceitou me recontratar.

 
  Um mês e meio depois...

 
  Éram dez horas da noite. Já estava deitada para dormir, mas o sono, algo que ultimamente estava sobrando, não aparecia e desistindo de tentar dormir, levantei, afastei a cortina da janela e admirei o céu estrelado. Nesse momento, senti um leve movimento dentro da minha barriga, toquei-a e meu filho, pois uma semana antes eu havia feito uma ultrassonografia e descobri que esperava um menino, mexeu-se novamente e sorri.
   Meu filho estava se mexendo dentro de mim, era algo estranho e ao mesmo tempo, maravilhoso. Claro que ele já deveria ter se mexido antes, mas àquela era a primeira vez que eu o sentia.
   Estava no final do quarto mês gestacional, os enjoos haviam parado, meus seios pareciam maiores e bem mais sensíveis, eu tinha muito sono, exceto em algumas noites que os pensamentos não me permitiam dormir, e minha barriga começava à tomar uma forma arredondada.
— E agora já posso te sentir! — Falei com meu bebê que provavelmente não entendia ou melhor nem podia me ouvir, mas não me importava com isso, na verdade, desde que soube que o esperava, eu conversava muito com ele, falava de como o amava, de como sonhava com o momento em que o teria em meus braços.
   Mas tinham algumas coisas que eu não falava, mas que passavam pela minha cabeça o tempo todo. Por exemplo, o medo que eu sentia de que meu filho fosse parecido com o meu agressor, as palavras que algumas semanas antes Miguel jogara na minha cara não saíam da minha mente. Havia também o receio de não saber cuidar dele. Um bebê! Deus, como eu, que no momento mal conseguia cuidar de mim mesma, cuidaria de um bebê?

Um amor maior que o teuOnde histórias criam vida. Descubra agora