Capítulo 2

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              Vanessa

   Meu segundo dia no trabalho foi mais atarefado que o primeiro. Atendi vários clientes e aos poucos fui superando o nervosismo. Bruna, Raissa e Douglas eram incríveis. Me ajudavam quando eu não sabia algo que algum cliente perguntava.
Nas primeiras horas da manhã, sempre que entrava alguém eu olhava para a porta, esperando que fosse Miguel Moura que viera trocar o vestido que comprara ou à procura de outras peças, mas, infelizmente isso não aconteceu.

   Uma semana depois, me convenci que ele não voltaria, mesmo assim, não conseguia parar de pensar nele. Eu sonhava com ele e várias vezes durante o dia, me pegava lembrando do seu sorriso, da sua voz e do seu tom carinhoso ao falar da namorada. Por mais que eu soubesse que, mesmo que ele voltasse à loja, ele era comprometido e além disso, rapazes como ele apenas se divertiam com garotas como eu, não conseguia esquecê-lo.
— Você vai ao show sertanejo depois de amanhã? — Perguntou Douglas me tirando de mais um devaneio.
— Eu acho que não. — Respondi sorrindo para ele como se ele tivesse me perguntado se eu queria ir para Marte.
— Por que não?
— Eu não sou muito de ir à festas.
— Ai deixa de ser boba! As garotas e eu vamos. Então por que você não pede ao seu namorado pra te levar?
— Eu não tenho namorado.
— O quê?! — ele tapou a boca com a mão — Menina se eu tivesse a sua beleza, com certeza já teria um bofe e mais uma fila deles correndo atrás de mim.
— Até agora o único "bofe", que correu atrás de mim era um prefeito idiota. — Respondi lembrando do único garoto com quem namorei.
— Mas quem sabe, no show, você não conhece alguém especial? — Ele perguntou me dando uma piscadela.
— Dessa vez não, quem sabe na próxima?
— Quem sabe! Agora eu vou voltar ao trabalho, tenho que arrumar algumas araras. — Ele saiu rebolando e eu fui atender uma cliente que entrava na loja.

    Miguel

   Às cinco da tarde, eu saí do banco, mas não fui direto para casa, precisava pensar e fiquei dando voltas com o carro, à procura de algum lugar para ficar um pouco sozinho. Quando passei em frente à um supermercado, algo me chamou a atenção, aproveitei que o semáforo fechou e olhando mais atentamente, reconheci a moça que me vendeu o vestido de Monique. Não pensei duas vezes, no momento em que o semáforo abriu, segui mais alguns metros até poder fazer o retorno e entrei no estacionamento do supermercado.

    Vanessa

  Às cinco da tarde, sai da loja. Antes de pegar o ônibus, fui até um supermercado que ficava à algumas quadras da loja, minha mãe me pedira para comprar alguns produtos que estavam faltando para preparar o almoço de domingo.
   Estava na fila do caixa, trazendo uma cesta cheia de itens, e torcendo para que a senhora que passava devagar seus produtos fosse um pouco mais rápida, quando olhei em volta procurando um caixa no qual demorasse menos para ser atendida, o que infelizmente não encontrei, na entrada estava alguém que reconheci no mesmo instante e senti minhas pernas tremerem ao vê-lo.
— Moça! — Chamou a atendente do caixa. Enquanto olhava para Miguel Moura, nem percebi que a senhora já terminara de passar suas compras. Coloquei rapidamente os produtos para serem passados e olhei novamente para a entrada, mas Miguel não estava mais lá.

  Estava saindo do supermercado, quando senti alguém tocar meu ombro, virei-me e era ele.

   Miguel

   Entrei no supermercado, mas não à vi, percorri alguns corredores e quando já começava a acreditar que me enganara, e ia embora, ela passou na minha frente e como não sabia seu nome, toquei-lhe o ombro e ela voltou-se para mim.
— Olá! — Falei tentando parecer surpreso.
— Olá! — Ao responder, tive a impressão de ter visto um leve rubor em sua face.
— Lembra de mim?
— Claro! Você comprou um vestido na loja onde eu trabalho.
— Isso mesmo. — estirei a mão — Meu nome é Miguel e o seu? — Precisei esperar alguns segundos, nos quais, ela pareceu indecisa, mas, segurou a minha mão.
— Vanessa. — Respondeu e dessa vez, tive certeza que ela corava envergonhada e senti vontade de acariciar o rubor de sua face.
— Eu também estou indo embora. Você aceita uma carona? — Perguntei torcendo para que ela aceitasse.
— Obrigada, mas eu vou de ônibus, — disse ela olhando para as minhas mãos vazias — além disso, você ainda não fez suas compras e não quero te atrapalhar. — Ela virou-se para sair.
— Espere! — Pedi aflito — Eu... — não sabia o que dizer para convencê-la a ficar.
— Eu preciso ir. — Ela olhou para as sacolas que carregava.

Um amor maior que o teuOnde histórias criam vida. Descubra agora