Vanessa
— Vamos mãe! — chamei da sala.
— Estou indo querida. — ela respondeu do quarto — Pronto! - disse entrando na sala — podemos ir.
Estávamos indo visitar Monique que na tarde anterior dera a luz à sua filhinha.Na maternidade, perguntamos qual era o quarto de Monique e a recepcionista nos disse qual era o andar e o número do quarto.
Monique estava amamentando a pequena Melissa e sorriu ao nos ver.
— Parabéns querida! — Falou minha mãe.
— Obrigada dona Míriam! — Respondeu Monique sorrindo. Ela estava radiante.
— E essa princesa? — perguntei olhando para a bebê — Ela é linda!
— Sim. E logo será a sua vez de estar assim... — ela beijou a cabecinha da filha — com o seu bebê nos braços.
Como se soubesse que Monique estava falando sobre ele, meu filho chutou e toquei minha barriga.
— Viu? — Ela riu.Naquela tarde, quando voltamos para casa, eu não parava de pensar na felicidade estampada no olhar de Monique e me perguntar se quando chegasse a minha vez, se quando o meu filho nascesse eu ficaria tão feliz. Olhei para o espelho, com seis meses de gravidez, minha barriga estava arredondada e enorme e ainda faltavam quase três meses para o parto, mas mesmo tendo engordado quase dez quilos, estar com problemas de circulação nas pernas que às vezes inchavam muito, das câimbras, do cansaço e sono, constantes, eu nunca me senti tão bonita. Apesar de tudo, toda vez que me olhava no espelho, enxergava beleza. Sempre achei que uma mulher ficava mais bonita durante a gravidez.
Uma semana depois...
Monique e Melissa já estavam em casa e depois de muita insistência da minha amiga, aceitei almoçar com ela. Antes de Melissa nascer, Monique e eu nos encontrávamos uma vez por semana, às vezes até mais, porém, agora que estava de resguardo e não podia sair de casa, ela passou três dias me ligando e pedindo que eu fosse à sua casa, acabei cedendo, mas no momento, enquanto o motorista, que Monique fez questão de mandar me buscar, me levava até lá, meu coração batia acelerado porque, apesar de saber que não havia o perigo de encontrar com Miguel, que há dois meses viajara para outro país, não me sentiria bem com as lembranças que certamente tomariam conta de mim estando lá.
— Finalmente! — disse Monique ao abrir a porta — Pensei que teria que passar mais alguns dias ligando. — Ela me abraçou.
— Estou aqui, — ri — Por livre e espontânea pressão, mas eu vim. — Nós duas rimos.— E onde está a princesinha? — Perguntei quando entramos na sala.
— No momento ela está dormindo, mas logo ouviremos seu choro. — ela mostrou uma babá eletrônica sobre a mesinha de centro — Durante o dia ela ainda dorme um pouco, o difícil é durante a noite. Mas o pediatra explicou que essa fase passa rápido e logo ela estará dormindo melhor, o que eu realmente espero que seja logo. — Ela esboçou um sorriso cansado.
— Se o pediatra falou... — tentei animá-la, mas ela não me pareceu muito convicta — Qual o nome do pediatra?
— Lendro, Leandro Rangel. Segundo minha mãe, que entende mais de crianças do que eu, ele é um ótimo pediatra.
— Espero que quando o meu bebê nascer também seja acompanhado por um bom pediatra. — Falei.
— Ele será amiga. E como você está?
— Bem.
— E os pesadelos?
— Ainda tenho, mas já não me assustam como antes. — lembrei das vezes que Miguel me acalmou quando acordava gritando com medo — Agora a única coisa que me interessa e na qual procuro pensar é na chegada desse mocinho. — Acariciei minha barriga.
— Isso mesmo! E quando o seu filho nascer você verá o mundo de um jeito diferente. — garantiu — Depois que a Mel nasceu tudo mudou. E não falo apenas da falta de sono, — ela riu — É como se tudo houvesse sido elevado a um grau muito maior. Estou me sentindo super poderosa. Por ela posso enfrentar qualquer coisa, mas acho que você já se sente assim.
— Um pouco.
— Quando ele nascer... — ela tocou minha barriga — será muito mais forte.
- É o que eu espero. — olhei para Monique — Tenho... — parei de falar. Não podia falar sobre meus medos, ultimamente, não falava deles nem com a psicóloga. Era como se o fato de falar sobre eles, fizesse com que se tornassem realidade.
— O que foi amiga?
— Nada. — Fitei-a por alguns segundos.
— Quer ver a Mel? — Ela perguntou levantando-se.
— Quero. — Respondi agradecida por sua compreensão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor maior que o teu
RomanceVanessa e Miguel se apaixonaram no momento em que se conheceram e apesar de terem enfrentado obstáculos por pertencerem a classes sociais diferentes, um ano depois, estavam casados e muito felizes, mas um acontecimento terrível abalou essa felicidad...