Capítulo 13

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— E como você se sentiu? — Perguntou doutora Micaela quando contei que Miguel e eu havíamos tentado fazer amor.
— Eu... — era difícil falar sobre algo tão íntimo — senti muito medo... — ela continuou me olhando em silêncio — Desde o início me senti mal, mas apesar da minha intuição de que daria errado, tentei me enganar e deixei meu marido acreditar que eu queria tanto quanto ele.
— E você queria?
— Em parte, sim, mas...
— Mas...?
— Quando ele... eu entrei em pânico e comecei à gritar.
— E o que ele fez?
   Passei a hora seguinte falando sobre o que aconteceu. Depois da consulta resolvi visitar Monique. Primeiro pensei em ir ver minha mãe, mas desisti, certamente ela perceberia que eu não estava bem e eu não queria dar mais um motivo de tristeza para minha ela.

— Então você não conseguiu? — Perguntou Monique.
   Eu também não pretendia contar o que aconteceu ou melhor, não aconteceu para ela, mas quando ela me perguntou como foi a noite fui tomada por um choro que não consegui controlar.
— Não...
— Não fique assim Vanessa. — ela segurou minha mão — Você vai superar tudo isso. E eu vou ter uma conversa bem séria com o meu irmão. Onde já se viu? Ele deveria ter esperado e não te pressionar sabendo o quanto você ainda está fragilizada com tudo o que houve.
— Ele não me pressionou. — ela me olhou como se não acreditasse no que eu disse — Eu queria...
— Vanessa...?
— Eu realmente queria, mas...
— Vamos parar de falar desse assunto. — ela sorriu — Tenho uma ótima notícia... — colocou a mão na barriga — é uma menina!
— Amiga, mas ainda não é cedo para ter certeza? — Perguntei depois de abraçá-la.
— Não. Já estou com mais de quatro meses e fiz uma ultrassonografia morfológica e além de ver que meu bebê está se desenvolvendo perfeitamente deu pra ver que é uma menina!
— Como você disse! — Nos abraçamos novamente.

   À noite, após jantarmos na casa de dona Mirtes, Miguel e eu chegamos em casa depois dàs dez.
— Cansada? — Miguel perguntou quando me joguei no sofá.
— Um pouco...

   Ele sentou ao meu lado, tomando cuidado para não encostar em mim.
— Não queria te incomodar com esse assunto, mas temos que conversar sobre ontem...
— O que você quer saber? — Me endireitei no sofá.
— Você quer eu me mude para o quarto de hóspedes? — Sua expressão era um misto de tristeza e ansiedade.

   Apesar do receio, eu não queria ficar longe dele. Não sei se pela dor que senti quando pensei que ele estava morrendo ou se, simplesmente porque o amava tanto que queria estar ao seu lado.
— Não... à menos que você queira...
— Só quero ficar com você. — Garantiu.
— Então vamos dormir? Estou realmente esgotada. — A maior parte do cansaço era por ter passado o dia preocupada com o que aconteceria à noite.
— Vamos.

     Seis semanas depois...

 

   Abri os olhos devagar e olhei para o lado, Miguel dormia, levantei a mão para tocar seu rosto, mas parei antes de encostar nele.
— Bom dia! — Ele disse sorrindo.
— Bom dia! — Retribui o sorriso.
— Que bom que hoje é sábado! — Aproximando seu rosto do meu, me deu um beijo na bochecha.

   Depois do fracasso da primeira noite em nossa casa, nosso relacionamento parecia mais de irmãos do que marido e mulher.  O que estava me ajudando à me acostumar em tê-lo dormindo comigo. Às vezes, quando me abraçava, o que fazia todas as noites, eu sentia que seu corpo ficava tenso, mas ele logo dizia alguma coisa engraçada e rindo, esqueciamos o resto.
   Tínhamos uma vida feliz, claro, as lembranças ainda me deixavam mal, os pesadelos ainda me faziam acordar no meio da noite gritando, mas Miguel estava comigo e aos poucos, com todo seu carinho, ele me acalmava e voltávamos à dormir.  
    Com a fisioterapia, Miguel estava obtendo ótimos resultados, quase não mancava mais e apesar de ainda sentir dor no joelho, o que tentava  esconder, o prognóstico era que em breve, ele estaria totalmente recuperado e no banco, ele voltara à alcançar resultados excelentes.

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