4- Sejam bem-vindos

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- Sejam bem-vindos -disse Callie dando espaço para os três entrarem.

- Ai meu deus, vocês são ricas? -Lola se virou para a gente fazendo seus cabelos castanhos escuros compridos balançarem.

- Não querida -sorri passando a mão em seus cabelos.

Lola e Gael entraram correndo deixando seus sacos pretos que tinha os seus pertences no chão. Lizzy ficou ali parada admirando tudo com brilhos nos olhos. Eu logo segui os dois menores que se sentaram no tapete felpudo da sala pegando alguns presentes embrulhados ali.

- São pra gente? -Gael pegou a caixa maior.

- Sim, são presentes de boas vindas -disse Callie sorrindo.

Lizzy se sentou ao lado de Callie no sofá, a garota estava bem acanhada. Seus olhos olhavam tudo ao seu redor.

- Olha só essa caixa Gael -Lola tirou o jogo de panelinhas de dentro, deixando o brinquedo de lado.

- Dá para fazer um chapel -os olhos do menino brilharam.

Eles pareciam estarem mais empolgados com as caixas de papelão do que com os próprios brinquedos.

Eles pegaram uma caixa um pouco maior ao lado do sofá. Lola entrou dentro fazendo de carro, e Gael logo colocou a caixa menor na cabeça da irmã... Eu olhei para Callie franzino o cenho, e a mesma não me olhava diferente, e Lizzy sorria para os irmãos brincando.

- Essa casa de boneca veio em uma caixa? -Lola perguntou para Lena que assentiu.

- Cadê a caixa? Ela deve ser gigante e pode ser a nossa nave espacial. -Gael disse empolgado.

E quando Callie apontou para a cozinha eles saíram correndo atrás da caixa.

- Eles amam caixa. Quando você não se tem dinheiro para comprar aquilo que você quer, você usa a imaginação -Lizzy explicou sobre o comportamento dos irmãos -Eles gostam de criar suas coisas.

Callie e eu dissemos mais nada, minha boca se abriu em um perfeito O.

Mostramos a casa toda para os três, apresentamos o quarto que eles ficariam, que era no térreo mesmo, a suíte nossa e o consultório eram as únicas coisas que ficavam no segundo andar da casa.

O quarto de Gael e Lola eram decorados de cores neutras, uma beliche multifuncional ocupava o canto do quarto na cor branca, uma escrivaninha e uma estante pequena com alguns livros infantil e dois baú para guardar brinquedos. Dentro do pequeno closet tinha algumas roupas na pasteleira e um puff ocupava o canto próximo a janela.

- Podemos guardar os nossos ursos? -perguntou o garotinho.

- Claro, vocês podem deixar nesse baú -Callie abriu os baús coloridos que estavam debaixo da janela.

Eles viraram o saco preto caindo mais de dez ursos no tamanho médio.

- Eles gostam de ursos -sussurrei.

- Bem, toda vez que são mandados para um lar temporário eles ganham um urso.

Então eles haviam sido mandamos para mais de dez lares diferentes. Aquilo partiu o meu coração, eles devem ter passado por um bocado.

Depois de deixar Lola e Gael ali fomos para o quarto do lado.

O quarto de Lizzy era o mais simples, havíamos deixado para a mesma decorar do seu jeito. Uma cama ocupava o canto do quarto com uma cômoda ao lado. Uma grande estante de livros ocupava a parede do canto, e uma escrivaninha ao lado com um MacBook em cima. O closet era médio, diferente do dos irmão ele estava completamente vazio, e ao canto tinha um grande espelho que ia do chão ao teto.

- Uau! Isso é lindo, claro demais, mas é lindo -ela sorriu colocando uma mecha de cabelo curto para trás da orelha.

- Podemos mudar a cor se você quiser -disse Callie olhando para a garota -Só você falar a cor e nós pintamos.

Ela olhou para a latina e sorriu... E no dia seguinte o quarto da jovem Lizzy estava todo pintado na cor preta, com vários pôsteres de Billie Eilish pendurado.

(...)

Nos três primeiros dias foram fáceis, eles eram um amor, sempre obedeciam e dormiam no horário certo. Lola só comia batata, estavamos trabalhando nisso.

Matriculados Gael e Lola em uma escola do bairro, e Lizzy em uma outra escola já que a mesma estava no ensino médio. Deixamos eles na escola e fomos para a nossa primeira reunião depois de trazermos as crianças pra casa.

Todos estávamos sentados em círculo, cada um dizia de sua experiências com as crianças. Todos tinham críticas, diziam que a criança adotada não obedecia, como os Cooper que adotaram um menino de seis anos, eles diziam que o garoto só brigava na escola, e que em casa dizia ter o direito de ter o seu próprio celular, e apenas comia besteira. Os Dicksons adoraram um menino de onze anos que se negava a fazer dever de casa, e que dormia tarde da noite e gritava na hora de acordar de manhã.

Quando contamos a nossa experiência com os irmãos Ramirez, todos explodiram em uma gargalhada.

- Qual é a graça?

Callie apertou sutilmente minha mão que estavam entrelaçadas a sua em seu colo.

- Vocês sabem que eles estão atuando, né ?-disse Leila a outra instrutora que ajudava Carmen.

- Leila?! -Carmen a repreendeu.

- Espera, porque vocês acham isso? -perguntou Callie se endireitando em sua cadeira -Eles apenas gostaram da gente, não temos culpa em sermos boas mães.

E todos riram novamente, eu não estava entendendo é nada. E dois dias depois da reunião, os nossos perfeitos filhos se rebelaram. Lizzy era uma boca suja que só sabia gritar e bater a porta do quarto. Nunca aceitava um não como resposta, e sempre chegava tarde do colégio. Quando me levantava para tomar água durante a madrugada, a mesma estava em frente a tevê assistindo filme de terror comendo bobagens.

Gael só sabia chorar quando chamávamos sua atenção, o menino sempre estava machucado por não prestar atenção por onde andava.

Lola, era fofa, quando estava com a boca fechada. A menina gritava, e só queria comer batata...era batatinha no café da manhã, batatinha no almoço, batatinha para lanchar, e batatinha para jantar e fazia perguntas o tempo todo.

Como na vez que eu estava no banho e esqueci a porta aberta, e ela entrou. Seus olhos fixaram em mim e ela me perguntou:

- Porquê, sua parte de princesa tem cabelo?

Eu apenas gritei por Calliope que veio correndo com os olhos estalados pensando ser algo grave.

Agora fazia-se sentindo o do porque das gargalhadas na reunião.

N/a

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